2021/12/30

Arquivos da Direção Geral do Património Cultural

 

A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) integra diversos arquivos, uma vez que as suas atribuições são “Conservar, tratar e atualizar os arquivos documentais, e as bibliotecas afetas, bem como o banco de dados para o inventário do património arquitetónico e arqueológico”.

No âmbito deste artigo não cabe a explicitação do que é um arquivo, mas sim dar a conhecer alguns dos que mais se destacam. Entende-se, de forma comum, que um arquivo é um conjunto ordenado de documentos que podem resultar de uma atividade de um serviço, da história de um local, instituição ou grupo de pessoas. Atualmente está em curso um intenso debate sobre as transformações tecnológicas a que a gestão arquivística está sujeita e sobre as soluções que se podem encontrar para viabilizar o acesso virtual à documentação.

Os arquivos que iremos destacar são os seguintes:

- Arquivo da Arqueologia Portuguesa – composto por documentação relativa a sítios arqueológicos e respetivos trabalhos;

- Arquivo de Conservação e Restauro – inclui os relatórios dos processos laboratoriais e de conservação do património móvel e integrado, assim como documentação fotográfica e radiográfica;

- Arquivo de Documentação Fotográfica – integrando espólios fotográficos de diversas entidades, assim com o inventário fotográfico das coleções de museus e palácios nacionais;

- Arquivo do CNANS – composto por documentação técnica, gráfica, fotográfica e audiovisual relacionada com a gestão e salvaguarda do património cultural subaquático português;

- Arquivo do Forte de Sacavém (SIPAS);

- Arquivos do Ex-IGESPAR e do ex-IMC.


 MJS

2021/12/27

As construções escolares do Plano dos Centenários e a construção do Estado Novo: dois casos das escolas primárias "28 de maio"

PT_MESG_AES_ACE_C_001_11.01.04_00047

Edifício escolar de 2 salas, piso térreo, dois sexos separados, proposto para o núcleo de Vila Verde dos Francos, concelho de Alenquer. Inclui as peças desenhadas planta geral (representação esquemática das duas salas de aula, gabinete central, cobertura de entrada com três degraus e alpendre posterior coberto), fachada principal com elemento triangular encimado por uma esfera armilar, vista lateral e corte. O desenho encontra-se na escala de 0,01 p.m. e com a indicação da assinatura de Edmundo Tavares, Arquiteto D(iplomado) E(scola) B(elas) A(rtes) Lisboa

O processo referente à construção da Escola Primária de Vila Verde dos Francos, concelho de Alenquer, distrito de Lisboa, encontra-se à guarda da Direção de Serviços de Documentação e de Arquivo da SGEC. A documentação deste processo encontra-se extremada entre agosto de 1930 e janeiro de 1937. Durante estes longos 7 anos, fácil será perceber todos os avanços e recuos, hesitações e contratempos, a que a construção das escolas primárias estavam sujeitas, malgrado a boa e generosa vontade das populações e dos seus legítimos e verdadeiros anseios, para que habilitassem as suas gentes com algum grau de literacia, talvez o elementar “saber ler, escrever e contar”, como se poderá restrospetivar para o Portugal dos inícios da década de `30, do século passado. O processo inicia-se com uma petição da Junta da Freguesia de 5 de agosto, informando que na “sessão de 3 do corrente, levar a efeito a construção dum edifício escolar misto nesta localidade, venho muito respeitosamente apresentar a Vª Exª a planta escolhida e solicitar-lhe autorização para o início das obras. Rogo mais a Vª Exª, se digne dizer-nos qual o subsídio que nos pode conceder.” A resposta não se fez esperar, e logo 10 dias depois, a Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, doravante DGEMN, declina o pedido formulado, acrescentando que “Quanto à concessão de subsídio deverá ser aguardada a devida oportunidade, visto que, neste momento urge concluir as escolas já iniciadas.” As gentes do sopé da serra de Montejunto não desistem, e logo a 14 de setembro esclarecem que “Devemos informar Vª Exª que a atual escola, vem funcionando fora de todas as condições hygiénicas e n`um estado tal de ruína que nos obriga a iniciar d`entro do mais curto praso (sic), a construção d`uma nova escola.” Tal insistência, parece ter dado algum fruto, pois a 30 de outubro, a DGEMN oficia para a Delegação Sul dos mesmos serviços, no sentido de obter um projeto de edifício escolar misto, desta feita já acompanhado do croquis onde se pretende construir a escola. Após esclarecimentos sobre as confrontações da futura escola, o presidente da Comissão Administrativa da Junta de Freguesia toma conta do projeto de edifício escolar a 17 de dezembro. Já em janeiro de 1931, o gabinete do ministro do Comércio e Comunicações, através da Comissão Administrativa da União Nacional de Lisboa, dá conta de uma súmula das necessidades escolares de vários concelhos do distrito de Lisboa, sendo que para a conclusão da escola de Vila Verde são necessários 10 contos. A apelidada conclusão institucional leva tempo e demora, conquanto já corria o mês de novembro de 1932, e nova insistência surge pelo punho do presidente da Junta, que evoca mesmo “Tendo a Comissão Administrativa da Junta de Freguesia de Vila Verde dos Francos, concelho de Alenquer, deliberado construir um edifício escolar typo XXVIII Nº 50, do qual tem já uma parte construída (…) Certos da acquisencencia a esta nossa súplica rogamos despor (…)” . Os serviços centrais parecem ter ficado sensibilizados pelas gentes serranas e logo a 14 de novembro solicitam que os serviços da Delegação do Sul elaborem um orçamento para as obras, que será apresentado a 5 de dezembro do mesmo ano, contendo uma parcela referente a materiais (42 577$02) e a mão de obra (31 342$96), totalizando o valor de 77 620$00. Como nota curiosa, refira-se que “N´estes preços está incluído o trabalho de armar e desarmar andaime.” Sobre o valor total, a DGEMN ainda questiona a Delegação Sul se o valor “corresponde ao custo real da construção”, ao que esta corrobora, deixando, contudo, em aberto que “Em todo o caso, esta Direção admite a possibilidade de na execução se poder dar uma baixa de 10% sobre a importância orçada.” A 22 de dezembro, a DGEMN indaga a Junta de Freguesia para que informe sobre “a verba reputada necessária para a conclusão da obra dessa escola.” A diligência não se fez esperar, e logo um dia depois do Natal, o solícito presidente da Junta informa que “… para o acabamento das obras no edifício escolar d`esta freguesia foi orçada a quantia de 29 000$00 escudos, vinte e nove mil escudos.”

 A passagem do ano não augura boas novas para as gentes da serra, e logo a 5 de janeiro de 1933 são informadas que por força do disposto do Decreto nº 21 697, a comparticipação estatal só pode ser de 50% das despesas apresentadas. Novo revés, novo retrocesso. Contudo, no dia 1 de maio de 1933, o Governador Civil de Lisboa envia para a DGEMN, em triplicado, o “Projecto e orçamento das obras necessárias para a conclusão da Escola Primária de Vila Verde dos Francos e construção das suas dependências, que esta Junta de Freguesia se propõe realizar com a cooperação do Estado”. O projeto, com uma caligrafia e memória descritiva absolutamente irrepreensíveis, importa no valor global de 48 000$00. Acompanhado de peças desenhadas (alçado principal na escala de 1:200; sentinas e mictórios na escala de 1:100, planta – corte horizontal - e corte vertical da fossa sética e detalhe da vedação da frente na escala de 1:50), parecem ser a pedra de toque final para os propósitos e ânsias da população. Destarte, é logo nesse mês de maio que através do Ministério das Obras Públicas e Comunicações, já com o engenheiro Duarte Pacheco na chefia do mesmo, formaliza a concessão da verba de 24 000$00, para as obras de conclusão, conquanto a outra metade será assegurada pela Comissão Administrativa. Os ventos não estavam de feição e novamente, já em novembro desse ano a Comissão Administrativa em carta dirigida ao ministro Duarte Pacheco informa que “Mas como até hoje não lhe tivesse sido notificada a concessão da comparticipação do Estado que a Vª Exª solicitou para a execução das obras constantes do citado projecto; e como a demora está prejudicando imenso esta vila, não só no referente à instrução dos muitos alunos que frequentarão a escola, como para dar trabalho aos operários que aqui estão desempregados; vem esta Junta de Freguesia muito respeitosamente solicitar de Vª Exª se digne providenciar para que lhe seja concedida a comparticipação do estado para a citada conclusão da escola desta vila.”

Corria já o dia primeiro de maio de 1934, precisamente um ano depois do envio do “ Projecto” já mencionado, e desta feita é o Diretor Geral da DGEMN que se dirige ao ministro das Obras Públicas e Comunicações, informando que dispõe da verba total para as obras de Vila Verde, propondo que seja concedida pelo Fundo do Desemprego a quantia de 24 000$00, para pagamento de mão de obra, enquanto que pela Junta de Freguesia poderá ser custeada a parte respeitante a materiais. Aparentemente, o ano de 1934 decorre “comme d` habitude” para as gentes de Vila Verde. No fim do ano, contudo um telegrama aparentemente inócuo, permite dar um novo alento. Datado de 17 de dezembro, da sede de concelho de Alenquer, a sua transcrição merece alguma atenção;

“CONCELHO ALEMQUER (sic) MAIS UMA VEZ PRIMEIRA VOTAÇÃO DISTRITO, PEDE INSTANTEMENTE CONCLUSÃO URGENTE ESCOLAS PEREIRO CORTEGANA VILA VERDE PRESIDENTE UNIÃO NACIONAL MELLO MACHADO VICE PRESUDENTE (sic) CAMARA JAYME FERREIRA” (o sublinhado encontra-se tipografado a encarnado no original)

No canto superior direito, encontra-se manuscrito o despacho: “Arquive-se, 20/12/34, assinatura ilegível.”

Decorria já o ano de 1935, e a 6 de junho, surge a cópia assinada pelo ministro das Obras Públicas Duarte Pacheco, dando nota da comparticipação pelo Estado de 12 000$00, com a condição dos trabalhos serem concluídos até dezembro e a Comissão Administrativa contribuir com valor igual à concedida pelo Estado para as “Obras de conclusão do edifício escolar de Vila Verde dos Francos, Concelho de Alemquer (sic), Distrito de Lisboa”. Esta portaria, seria publicada no Diário do Governo, nº 141, II Série de 20 de junho de 1935.

Com a disponibilização desta verba, a Delegação do Sul, solicita um orçamento para a conclusão das obras, que prontamente será apresentado a 29 de junho pelo construtor civil Joaquim Freitas Garcia, através de ajuste particular de material e mão de obra, no valor singular de 11 988$28.

Posteriormente e ainda sobre a presidência da mesma Junta de Freguesia, encontramos novos pedidos de comparticipação e novo orçamento para as eternas obras de “Conclusão do Edifício Escolar”, desta feita sendo a Junta a adjudicatária da obra, pelo valor de 24 000$00. Entre ajustes e contas, créditos e débitos, todo o processo desta escola primária só parece ter fim com a publicação da Portaria assinada a 11 de janeiro de 1937, com o engenheiro militar Joaquim Abranches a chefiar o Ministério das Obras Públicas e Comunicações.

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Outro caso singular das escolas “28 de Maio”, refere-se à intenção da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos, concelho vizinho de Alenquer, solicitar os bons ofícios para a construção de uma escola com a designação citada. Data de 30 de junho de 1930, o ofício nº 365 em que o administrador do concelho, capitão Artur Guardo Bastos dos Reis, dá conta da realidade escolar da sede de concelho. Assim, reporta à DGEMN, que a vila de Arruda dispõe de duas escolas tipo “Conde de Ferreira” e de outra que funciona numa casa arrendada. Relativamente à segunda escola “Conde de Ferreira”, o nosso oficial não poderia ser mais explícito ao relatar que “não satisfazendo ao fim a que está sendo destinada, ela se encontra no peior (sic) local desta vila, na rua de mais trânsito o que prejudica com o seu ruído o ensino, e num sítio verdadeiramente perigoso para as creanças (sic) que a frequentam, sendo forçado a dizer que o recreio é constituído pela própria rua.” Considerando que também é dada a nota que na vila existe um projeto de escola, que apenas contém os alicerces e o muro de vedação, cujo terreno foi cedido pelo benemérito local Adriano Heitor de Brito há 20 anos atrás para a construção de um edifício escolar, a exposição do administrador do concelho torna ainda mais impactante o desiderato pretendido ao solicitar “E para que essa nova escola, filha do Governo da Ditadura Militar, possa representar como que um Monumento neste concelho, que sirva para atestar a sua acrisolada dedicação pela Instrução Pública em Portugal, poderá essa mesma escola ser denominada: “ESCOLA PRIMÁRIA 28 DE MAIO.”

O despacho exarado no ofício, datado de 8 de julho, antecipa falaciosamente que os propósitos da petição foram atendidos pelos serviços centrais. Com efeito, consta do mesmo o seguinte: “Registe-se o pedido para obras na escola “Conde de Ferreira”, da freguesia de Arruda dos Vinhos e a construção de uma nova escola na mesma freguesia.” A consulta subsequente do processo nada mais refere à construção de um novo edifício, mas a atribuição de 10 000$00, por portaria de 2 de agosto, para a escola “Conde de Ferreira” na sede de concelho. Existem ainda um orçamento apresentado a 10 de outubro, pelo empreiteiro Joaquim Jorge Pimenteira, pelo valor da verba concedida; uma petição do dia 14, em que entre outras escolas do concelho, é solicitada a verba de 19 017$00 só para obras no edifício “Conde de Ferreira”, prontamente retificado a 21 de mesmo mês, com carácter de urgência – “Hoje porém e inesperadamente, sou forçado a vir chamar a esclarecida atenção e o maior interesse de Vª Exª para o que se dá com esta última escola e que me deixa em sérios embaraços, sem saber a que reparações hei-de acudir primeiro” - , em que o solícito administrador do concelho, e após delongada e demonstrativa exposição, apresenta a “Relação das obras a executar na escola “Conde Ferreira” da vila de Arruda dos Vinhos, para que fique absolutamente pronta e para cuja execução é necessária a verba de 22 500$00, conforme segue…” .

Da consulta posterior, nada mais consta – este processo, ao invés do que acontece com a escola de Vila Verde dos Francos, nem vem acompanhado com peças desenhadas do tipo de escolas “28 de Maio” -, levando-nos a concluir que a escola “28 de Maio” nunca viu a luz do dia, repetindo-se mais uma vez uma sucessão de levantamento de necessidades e a atribuição de parcas verbas para as obras de reparação e melhoria no edifício “Conde de Ferreira”.

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Brevíssimas considerações em torno dos alicerces do Estado Novo

Os estudiosos das Ciências Sociais, e em particular os historiadores, precisam de limites cronológicos para o seu objeto de estudo. O designado Estado Novo, que poderíamos latus sensu, periodizar entre a Constituição de 1933 e a golpe militar de abril de 1974, tem origens, e mais uma vez, no golpe militar de 28 de maio de 1926, quando o general Gomes da Costa, liderando uma Junta de Salvação Pública, dá início a um golpe de Estado a partir de Braga, vindo a ocupar definitivamente Lisboa a 6 de junho. No entanto, o período que medeia entre 1926 e 1933, ficou conhecido pela Ditadura Militar, em que os militares ocupam um lugar central na dinâmica político-social do país. Aceitando o convite para responsabilidades de governo na sequência do golpe militar de 1926, e sob proposta do general revoltoso Gomes da Costa, que em tom jocoso, tão do agrado da casta militar, teria dito: “Vão, vão lá a Coimbra buscar esse fradinho…”, António de Oliveira Salazar, com grande reputação de professor de Economia Política e distinto chefe político católico na cidade dos estudantes, apenas permanece em funções 5 dias na pasta das Finanças, findo os quais declina o convite e regressa a Coimbra. Ainda não era o tempo do seu mando.

Ao invés da efémera e malograda experiência da “República Nova”, corporizada na figura do major Sidónio Pais, que sucumbiria assassinado na estação ferroviária do Rossio a 14 de dezembro de 1918, precedido por um atentado a 5 de dezembro, do qual saiu ileso, o Estado Novo, construído em torno de Oliveira Salazar, em particular a partir de abril de 1928, quando assume a pasta das Finanças, e posteriormente como Presidente do Conselho de Ministros – Oliveira Salazar ocuparia ainda interinamente o cargo de Presidente da República após a morte de Óscar de Fragoso Carmona e a eleição de Francisco Craveiro Lopes, já em 1951 - , iria perdurar e determinar a vida política nacional durante 48 anos, período em que o Plano dos Centenários irá ser implementado e fazer cumprir o desiderato de “ensinar e instruir” a população portuguesa, desde as mais recônditas aldeias do país aos grandes centros urbanos, num país em que as taxas de analfabetismo apresentavam taxas absolutamente inimagináveis quando comparadas com os nossos dias. Agora (dezembro de 2021) que foram disponibilizados em formato e-book os “Diários de Salazar (1933-1968): O dia a dia, a hora a hora, da vida pública e privada de António Oliveira Salazar”, num trabalho sistemático da transcrição do diário manuscrito do estadista, fica disponibilizada para a comunidade científica, historiadores, jornalistas e público em geral, uma fonte primária essencial para um estudo renovado do Estado Novo e do homem que esteve na sua génese e que melhor encarnou o mesmo regime.


Quatro propostas de leitura:

DACOSTA, Fernando Máscaras de Salazar. Lisboa: Leya, S.A., 2012.

PAÇO, António Simões do – Os anos de Salazar. 1926-1932. Lisboa: Centro Editor PDA, 2008.

PINTO, António Costa (coord.) – Os Presidentes da República Portuguesa. Lisboa: Temas e Debates, 2001.

RICARDO, Maria do Céu – Salazar – Deus, Pátria, Maria. Peça em um acto, dividido em três cenas. Lisboa: Editorial Notícias, 1997


Três sugestões musicais:

Another brick on the Wall (part I), The Wall, Pink Floyd, 1979

Burro em Pé, Retropolitana, Grupo Novo Rock, 2010

School, Crime of the Century, Supertramp, 1974                           

  

A.M.          

2021/12/23

Biblioteca do Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo

 

O Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo ou Museu de Évora foi criado em 1914. Abriu ao público em 1921, situado no Palácio Amaral. Manuel do Cenáculo de Vilas-Boas (1724 – 1814) foi um religioso franciscano, Bispo de Beja e Arcebispo de Évora.

O Museu transitou para a localização atual em 1929 e nele foi incorporado o Museu Arqueológico. As coleções incluem núcleos de arte e arqueologia, bem como uma coleção de história natural, objetos científicos e pintura (séculos XV a XX). 

Neste âmbito destacam-se as pinturas pertencentes às Igrejas e Conventos extintos, bem como a escultura (séculos XIV a XVIII). O mobiliário, a ourivesaria, as alfaias litúrgicas e os têxteis completam este acervo.

A Biblioteca incide nas áreas da pintura, história da arte, história de Portugal, cerâmica, artes decorativas, mobiliário, escultura, desenho, gravura, aguarela, pastel, ourivesaria e numismática. O acervo tem cerca de 4.000 títulos que incluem monografias, catálogos de exposições e leilões, publicações periódicas e reservados.

 

MJS

 

2021/12/20

Biblioteca de Arquitetura, Habitação e Urbanismo do Forte de Sacavém (SIPA)

 

A Biblioteca de Arquitetura, Habitação e Urbanismo está localizada no Forte de Sacavém (SIPA) e pertence à DGPC desde 2015.

O SIPA (Sistema de Informação para o Património Arquitetónico) tem como objetivo a divulgação, salvaguarda e proteção do património edificado e natural, tendo ao seu dispor o suporte técnico-científico.

Situa-se na margem direita do Rio Trancão, no Monte Sintra, integrando-se no Campo Entrincheirado de Lisboa, numa posição estratégica. O Forte foi edificado na segunda metade do século XIX, embora o projeto date de 1833. O engenheiro Sanches de Castro foi o responsável do projeto, coordenado pelo capitão Eugénio de Azevedo. Tem uma planta pentagonal irregular, rodeado por um fosso.

Em 1935 o Regimento de Artilharia Pesada de Lisboa n.º 1 ficou alojado em Sacavém, tendo sido desocupado em 1939 mantendo-se como paiol de munições. A ponte que liga o forte à muralha foi renovada em 1949 e em 1965 foi declarado imóvel sem valia militar.

Em 1998 o imóvel foi restaurado e afeto ao Ministério do Equipamento, do Planeamento e da Administração do Território, tendo sido aqui instalado o arquivo da Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais e o Registo Multimédia do Forte de Sacavém.

A Biblioteca é especializada na área do património construído, conservação, restauro do património móvel integrado, habitação e reabilitação urbana. O fundo documental integra outros, como o da Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), o Fundo de Fomento da Habitação (FFH), o Instituto de Gestão e Alienação do Património Habitacional do Estado (IGAPHE) e o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU).

O acervo tem cerca de 20. 000 títulos que incluem monografias e publicações periódicas com destaque para a arquitetura e habitação.

 

MJS

2021/12/16

Exposição Virtual: "Espólio Etnográfico de Angola da Escola Secundária João de Deus, Faro"

 

As coleções etnográficas são, geralmente, o resultado de coleções exóticas, trazidas de países distantes e recolhidas juntamente com outro tipo de objetos. A origem destas peças é, por vezes, difusa, bem como o seu percurso, tendo passado, progressivamente, de "curiosidades" a objetos museológicos que devem ser conservados, estudados e compreendidos no contexto em que foram produzidos. São o testemunho da cultura de um povo, dos seus hábitos, tradições e modo de vida. Apesar de não serem frequentes nos museus escolares, as coleções etnográficas apresentadas são bastante ricas e representativas da cultura africana. A coleção da Escola Secundária João de Deus é originária de Angola e apresenta uma profusão de objetos que incluem desde peças utilizadas diariamente até obras de arte. Entre as tipologias presentes podemos destacar os instrumentos musicais, como é o caso dos tambores ou das kalimbas (vibrafones), testemunhos da importância das tradições musicais em África, com funções rituais e sociais. As máscaras, outra tipologia relevante, refletem a vida social e religiosa, utilizadas em diferentes tipos de cerimónias públicas. Permitem a materialização das forças da natureza constituindo, de certa forma, uma ligação entre o humano e o divino. Os objetos de uso diário estão igualmente representados: é o caso da cestaria, do mobiliário, dos utensílios de cozinha ou mesmo de instrumentos para o trabalho agrícola. A cestaria inclui vários utensílios, obtidos através de fibras de origem vegetal, para o uso doméstico, sobretudo para conservar os alimentos. Mais tarde começaram a ser produzidos móveis como bancos, cadeiras, mesas e até armários. A madeira é a matéria-prima por excelência, utilizada para o fabrico de pratos, colheres, copos, jugos para animais, arados, entre outros. No entanto também são de destacar jarras e vasos em cerâmica decorada. As esculturas, utilizando diversos materiais, como a madeira, o marfim ou elementos têxteis, são as peças mais abundantes nestas coleções. Representam figuras humanas, míticas e animais, remetendo para temáticas do quotidiano, da religião, da natureza e das tradições: mulheres com crianças, "colonizadores", aves, guerreiros, barcos, serpentes, crocodilos, numa profusão de estilos e formas.


Caixa decorativa

ME/805548/112

Escola Secundária João de Deus

Caixa pertencente ao espólio da Sala de Angola do antigo Liceu de Faro. Trata-se de uma caixa retangular com tampa, com decoração geometrizante. Na tampa encontra-se esculpido um lagarto.


Escultura

ME/805548/91

Escola Secundária João de Deus

Escultura pertencente ao espólio da Sala de Angola do antigo Liceu de Faro. Trata-se de uma estatueta que representa uma ave de pescoço comprido, sobre uma base arredondada.


Escultura/Busto

ME/805548/86

Escola Secundária João de Deus

Escultura pertencente ao espólio da Sala de Angola do antigo Liceu de Faro. Trata-se de uma representação do busto de uma figura humana, com pintura facial e um elemento decorativo na cabeça.


Máscara

ME/805548/85

Escola Secundária João de Deus

Máscara pertencente ao espólio da Sala de Angola do antigo Liceu de Faro. Trata-se de uma representação de figura humana, com pinturas faciais.



Escultura/Busto

ME/805548/56

Escola Secundária João de Deus

Escultura pertencente ao espólio da Sala de Angola do antigo Liceu de Faro. Trata-se de uma representação de um busto de um homem calvo, com um sorriso e olhos cerrados.


Jarra

ME/805548/51

Escola Secundária João de Deus

Jarra pertencente ao espólio da Sala de Angola do antigo Liceu de Faro. Trata-se de uma jarra de madeira, com formato de cabaça, apresentando uma decoração exterior geometrizante.


MJS


2021/12/13

Peça do mês de dezembro

 


Ganso-do-Egipto

Animal taxidermizado, utilizado no estudo e observação de espécimes nas aulas de Ciências Naturais. Trata-se de um ganso-do-egipto, sobre base de madeira. Esta ave caracteriza-se pelo corpo esguio, pescoço fino e uma mancha ocular castanha escura. O castanho e o amarelo predominam na sua plumagem, além do negro, verde e branco nas asas. Alimenta-se de erva, sementes, folhas e caules de plantas.

A peça está inventariada com o número ME/402321/328 e pertence ao espólio museológico da Escola Secundária Nuno Álvares.


MJS



2021/12/09

Biblioteca do Museu Nacional de Soares dos Reis

 

O Museu Nacional Soares dos Reis, antigo Museu Portuense, foi criado em 1833 por D. Pedro IV que decidiu introduzir no Porto um Museu de Pinturas e Estampas. Atualmente encontra-se instalado no Palácio dos Carrancas e é um dos mais importantes museus de belas artes, artes decorativas e arqueologia.  

O Museu Portuense ou Ateneu D. Pedro IV foi organizado em 1833, sendo o mais antigo museu público de arte em Portugal. Inicialmente instalou-se no Convento de Santo António, atual Biblioteca Pública Municipal do Porto.

Com as reformas republicanas, em 1911 passou a designar-se Museu de Soares dos Reis, em homenagem ao escultor portuense. A partir de 1940, o museu transitou para o Palácio de Carrancas, um edifício do final do século XVIII. O proprietário deste edifício foi Manuel Mendes de Morais e Castro, adquirido pela Santa Casa da Misericórdia.

Este espaço foi adaptado às novas funções através do projeto do Engenheiro Fernandes e Sá e inaugurado em 1942. O espólio do museu foi sendo constituído ao longo de todo o século XIX, com obras de pintura e escultura. Nos anos 30 do século XX recebeu o acervo do Museu Municipal do Porto, passando a incorporar várias obras de artes decorativos como a ourivesaria, mobiliário, faianças e porcelanas.

Em 1992, o Museu foi alvo de uma nova remodelação e expansão, da autoria do arquiteto Fernando Távora.

A Biblioteca integra um funco especializado em História da Arte Nacional e Estrangeira, sobretudo no âmbito da pintura, escultura, desenho, gravura, arqueologia, etnografia, artes decorativas, arquitetura, museologia, teoria e crítica da arte, conservação e restauro, educação e História da Cidade do Porto.

 

MJS

 

2021/12/06

Biblioteca do Museu Nacional Machado de Castro

 

O Museu Nacional Machado de Castro é um dos mais importantes museus de Belas Artes em Portugal, homenageando Machado de Castro, escultor régio durante os reinados de D. José, D. Maria I e D. João VI. 

Foi criado em 1911 ocupando os edifícios da residência episcopal de Coimbra construídos entre os séculos XII a XVIII. Este núcleo integra a área classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade em 2019. A partir de 2012 foi inaugurado um novo edifício, da autoria de Gonçalo Byrne.

O objetivo da criação do Museu foram a divulgação das artes bem como a evolução da história do trabalho nacional. Atualmente integra três espaços distintos: o criptopórtico romano, datado do século; o paço episcopal onde se encontra grande parte do acervo; e o edifício novo que inclui as coleções de escultura, pintura e ourivesaria.

Este acervo tem origem maioritariamente na região de Coimbra, nomeadamente nos conventos, mosteiros e igrejas extintos em 1834. Inclui peças de arqueologia, pintura, joalharia, cerâmica, escultura, desenho, têxteis, mobiliário, entre outros

No que respeita à biblioteca, esta foi fundada em 1911 e inclui monografia e publicações periódicas do Museu do Instituto de Coimbra e do Conselho de Arte e Arqueologia. Aqui se reúnem documentos, livros, teses universitárias, catálogos, revistas de arqueologia, escultura, pintura, ourivesaria, cerâmica, mobiliário, arquitetura, desenho, museologia, museografia, conservação e restauro.

 

 

MJS

 

2021/12/02

Biblioteca do Museu Nacional de Música


O Museu Nacional da Música é detentor de uma das maiores coleções instrumentais da Europa, possuindo acervos fonográfico e iconográfico, espólio documental e biblioteconómico.

Aberto ao público desde 1994, tem como missão “salvaguardar, conservar, estudar, valorizar, divulgar e desenvolver os seus bens culturais, promovendo o património musicológico, fonográfico e organológico português, tendo em vista o incentivo à qualificação e divulgação da cultura musical portuguesa. Esta missão traduz-se num conjunto de atribuições onde se inclui a salvaguarda e estudo das coleções, incorporação de novos espécimes, realização de exposições temporárias, edição de publicações, realização de visitas educativas, recitais, conferências e outros eventos.”

A origem do Museu data de 1911 com a nomeação de Michel’angelo Lambertini para a recolha de instrumentos musicais, partituras e peças de iconografia. A falta de incentivo governamental fez com que recorresse ao colecionador António Carvalho Monteiro para impedir a saída do país da coleção Keil. Ambos iniciam uma parceria e Carvalho Monteiro cede um espaço para a acomodação de parte das coleções.

Após a morte destes mecenas, o projeto fica adiado até 1931, quando Tomás Borba toma conhecimento do espólio e adquire o remanescente. O acervo é transferido para o Conservatório Nacional. Posteriormente, algumas peças do rei D. Luís provenientes do Palácio da Ajuda, vieram integrar a coleção, que foi sendo aumentada através de aquisições em leilões.


Em 1946 reabre o Conservatório e o Museu, que teve bastante reconhecimento durantes esta período. Na década de 70, a expansão do Conservatório para as áreas da Dança, Cinema e Educação pela Arte, obrigou à ocupação do espaço do museu, transferido para o Palácio Pimenta. As 658 peças permanecem aqui até à intervenção de João de Freitas Branco que as relocaliza na Biblioteca Nacional, onde Santiago Kastner inicia a sua inventariação. Em 1993 o Museu tem um espaço definitivo localizado no Alto dos Moinhos.

No que respeita ao acervo bibliográfico, existe um centro de documentação especializado em obras de referência sobre organologia, história, teoria e estudo da música.

Existe informação documental sobre instrumentos de todo o mundo, músicos e estilos musicais. São cerca de 3000 obras que incluem teses, tratados, métodos instrumentais, catálogos de museus, periódicos (Arte Musical, Early Music, Le Monde la Musique, Ritmo ou World of Music), trabalhos sobre os instrumentos das coleções do museu e sobre construtores de instrumentos de música.

No Museu também podem ser consultados vários fundos documentais de figuras como Alfredo Keil; do seu colaborador Luís Filgueiras, de Michel'angelo Lambertini, Josefina Andersen, Pedro Prado, Tomás Alcaide, Júlio Cardona e do seu pai Ferreira da Silva, Ella Eleanore Amzel, do maestro José de Sousa e do músico Virgílio Augusto Freitas. Destes fundos fazem parte vários tipos de documentos, como partituras, programas de concertos, correspondência, etc.

De acordo com a notícia avançada pelo Jornal Público, foi apresentado em abril deste ano, um projeto que tem como objetivo a transferência do Museu para o Palácio Nacional de Mafra, um espaço mais adequado à magnitude desta coleção. A abertura está prevista para 2023.

 

 

MJS

  

2021/11/29

Exposição Virtual "A máquina a vapor no Museu Virtual da Educação"


A máquina a vapor foi utilizada pela primeira vez no final do século XVII por Thomas Savery (1650 -1702), com o objetivo de retirar águas de poços de minas. Este engenheiro britânico utilizou os conhecimentos de Papin e Torricelli para transformar a energia do vapor quente em energia utilizável. Esta foi a origem da Revolução Industrial. Várias alterações foram introduzidas na máquina até que James Watt (1736-1819), tendo feito vários estudos sobre o vapor, acrescentou um cilindro que permitia que o aquecimento e arrefecimento se fizesse em zonas distintas. A máquina a vapor foi aplicada à industria e aos transportes, alterando profundamente a economia e o estilo de vida. No final do século XIX, Charles Algernon Parsons (1854-1931) introduziu a turbina a vapor com melhor rendimento. A Revolução Industrial é o termo utilizado para o conjunto de mudanças tecnológicas e industriais que ocorreram em Inglaterra entre 1730 e 1850, alastrando posteriormente ao continente europeu, americano e asiático. Simboliza a passagem de uma economia agrícola para uma economia industrializada, da manufatura para a maquinofatura e para uma nova era no campo dos transportes. Todas as áreas foram profundamente afetadas, desde a mentalidade à cultura, passando pelo quotidiano, pela forma de organizar o trabalho, pela economia e pelos padrões de vida. Embora a máquina a vapor já não seja utilizada, o Museu Virtual da Educação dispõe de vários modelos para estudo dos seus componentes e funcionamento.


Modelo de Máquina a Vapor

ME/400002/91

Escola Secundária Alves Martins

Modelo de máquina a vapor, em base de metal, constituído por uma fornalha, uma caldeira ou gerador de vapor, em metal de paredes muito resistentes, uma válvula de segurança destinada a deixar sair o vapor quando a tensão aumenta excessivamente, um manómetro, um indicador de nível, um sistema de biela-manivela e um volante.


Modelo de Máquina a Vapor

ME/400178/33

Escola Secundária Dr. Francisco Fernandes Lopes

Modelo utilizado em contexto das práticas pedagógicas nas aulas de Física. Trata-se de um modelo didático tridimensional de uma máquina a vapor, mostrando, em corte, os principais componentes internos. Dotado de partes móveis, o modelo permitia a demonstração do modo de funcionamento de máquinas a vapor, incluindo um regulador de Watt.


Modelo de Máquina a Vapor

ME/400208/23

Escola Secundária de Francisco Rodrigues Lobo

Instrumento que servia para experiências de mecânica nas aulas de Física. É constituído por uma base de ferro que suporta uma roda com manivela que, através de uma engrenagem, com cabos, transforma o movimento circular em movimento de vaivém, como o movimento de uma locomotiva.


Modelo de Máquina a Vapor

ME/ESAD/220

Escola Secundária Afonso Domingues

Instrumento utilizado em contexto das práticas pedagógicas de Física. Trata-se um modelo de aparelho gerador de vapor utilizado em certas máquinas para regular a entrada de vapor, de forma a manter constante o número de revoluções. Em 1769, Watt desenvolveu um novo tipo de máquina na qual o vapor era libertado para a atmosfera através da abertura de uma válvula, evitando as desvantagens da condensação do vapor por ação de um jato de água fria. A abertura e fecho da válvula de escape era feita através de um complexo sistema de engrenagens e veios de transmissão, comandados por um eixo que se movia solidariamente com o êmbolo. Para isso, desenvolveram-se diversos mecanismos de válvulas, instalados numa caixa de distribuição que permitia que o vapor escapasse alternadamente de cada um dos sectores definidos pelo êmbolo no interior do cilindro. (Descrição retirada de: Museu da Física da Universidade de Coimbra)


Modelo de Máquina a Vapor

ME/ESAD/132

Escola Secundária Afonso Domingues

Modelo de motor a vapor utilizado como material de apoio didático no âmbito da Física. Trata-se de um modelo tridimensional de um motor a vapor, mostrando, em corte, os principais componentes internos. O modelo era utilizado para demonstração do modo de funcionamento de máquinas a vapor.


Quadro didático de Máquina a Vapor

ME/ESAD/100

Escola Secundária Afonso Domingues

Quadro didático utilizado em contexto das práticas pedagógicas de Física. Trata-se de um quadro móvel, em cartão, representando uma máquina a vapor. No verso existe um mecanismo em forma de círculo que permite fazer a imagem movimentar-se.


MJS






2021/11/25

Biblioteca do Museu Nacional Grão Vasco

 

O Museu Nacional Grão Vasco situa-se no centro histórico de Viseu, junto à Catedral num edifício de granito cuja fundação data de 1593. Durante o século XVIII foi acrescentado um segundo piso.

Vasco Fernandes (c. 1475 – c. 1542), conhecido por Grão Vasco foi um dos principais pintores quinhentistas, tendo exercido a sua atividade na zona norte de Portugal. Não se sabe ao certo onde adquiriu os conhecimentos do seu ofício, mas pensa-se que terá sido em Lisboa. Inicia o seu percurso com uma influência marcadamente nórdica, evoluindo para as tendências italianas. Utiliza uma paleta de cores mais sombria, com uma preponderância para a gradação da luz, podendo observar-se uma caracterização marcada e pormenorizada das figuras e dos ambientes.

Durante o século XIX, esta construção passou para o domínio estatal, acolhendo o museu e as suas coleções em 1916. O objetivo era a preservação e valorização do património histórico, artístico e arqueológico de Viseu. O grande destaque vai, obviamente, para as obras de Grão Vasco. Entre 2001 e 2004 o espaço foi reabilitado através de um projeto da autoria de Souto Moura.

No que respeita às coleções, o museu dispõe de um conjunto notável de pinturas de Grão Vasco e de pintores contemporâneos, bem como esculturas, ourivesaria, faiança portuguesa, porcelana oriental, mobiliário, marfins e objetos destinados a práticas litúrgicas.

O acervo bibliográfico do Museu tem uma tipologia baseada nas coleções existentes, ou seja, Pintura, História da Arte, História de Portugal, Cerâmica, Artes Decorativas, Mobiliário, Escultura, Desenho, Gravura, Aguarela, Pastel, Ourivesaria e Numismática.

O arquivo histórico tem vários documentos avulsos, livros manuscritos, pergaminhos, fragmentos e selos, provenientes do cartório do cabido da Sé de Viseu, datados a partir do século XVIII.

 

 

MJS

2021/11/22

Biblioteca do Museu Nacional dos Coches

 

O Museu Nacional dos Coches foi criado em 1905, localizando-se no antigo Picadeiro do Palácio Real de Belém. Atualmente é constituído por dois edifícios, o Picadeiro e o novo espaço, desde 2015, na Av. da Índia. Trata-se de um museu que possui a mais importante coleção a nível mundial de coches e carruagens.

Em 1726, D, João V adquiriu este espaço que incluía várias casas nobres, entre as quais o Picadeiro. O futuro D. João VI remodelou esta área, atribuída ao arquiteto Giacomo Azzolini. Francisco de Setúbal, Francisco José de Oliveira, Joaquim Lopes e Nicolau Delerive contribuíram para esta obra com as suas pinturas e motivos ornamentais.

Em 1905 foi criado o Museu dos Coches Reais, por iniciativa de D. Amélia de Orléans, na tentativa de salvaguardar as viaturas pertencentes à Casa Real. O local escolhido foi o Picadeiro, adaptado por Rosendo Carvalheira com a colaboração de José Malhoa e Conceição Silva. A coleção foi aumentando e o espaço do museu foi-se expandindo. Em 1940 Raul Lino orientou o alargamento desta zona.

Em 1994, o Estado adquiriu as antigas Oficinas Gerais do Exército em Belém para a construção de um novo edifício em 2010, da responsabilidade de Paulo Mendes da Rocha, juntamente com o atelier Ricardo Bak Gordon e o Engenheiro Rui Furtado. Em 2015 a maior parte da coleção foi transferida para aqui, permanecendo no Picadeiro um núcleo de coches e berlindas, acessórios de cavalaria, bem como a galeria de pintura da família real.

Quanto à coleção, o museu reúne cerca de 9 000 objetos dos séculos XVI a XIX. Na altura da sua criação, em 1905, o acervo era constituído sobretudo por peças da Coroa, recolhidas em depósitos e cavalariças. Vários membros da família real fizeram doações de objetos pessoais.

Em 1911, com a separação do Estado e da Igreja, entram muitas peças de conventos e casas religiosas. Em 1912, os retratos da família real e várias viaturas, provenientes do Paço Patriarcal de S. Vicente de Fora, foram igualmente incorporados. Ao longo do tempo a coleção foi crescendo e inclui coches, berlindas, carruagens, seges, carrinhos de passeio, carrinhos de criança, liteiras, cadeirinhas, arreios e peças de cavalaria, fardamentos, instrumentos musicais, armaria e os retratos a óleo dos monarcas.

Existe no Museu um espólio documental relevante, com desenhos de arquitetura, projetos de decoração para coches, gravuras, estampas e postais. A Biblioteca tem um acervo especializado em meios de transporte, equitação, arte equestre, História, História da Arte, conservação e restauro e museologia. Reúne cerca de 6000 títulos, entre os quais monografias, catálogos de exposições e leilões, publicações periódicas e reservados.

 

MJS

2021/11/18

Peça do mês de novembro



Estetoscópio de Chauveau

O instrumento era utilizado para estudo e observação nas aulas de Ciências Naturais, tendo como objetivo o estudo do cateterismo. Encontra-se colocado num interior de um estojo. A abordagem direta do coração e dos vasos sanguíneos para diagnóstico e tratamento por via percutânea através do cateterismo evoluiu ao longo do tempo. Em 1861 o veterinário Jean-Baptiste Auguste Chauveau (1827-1917) e o médico Etiene-Jules Marey (1830-1904), partindo das teorias de William Harvey, inseriram dois longos tubos no coração de um cavalo acordado e descreveram as curvas de pressão obtidas. Publicaram assim o trabalho inaugural que relata medidas simultâneas de pressão arterial e ventricular direitas e de aorta e ventrículo esquerdo por meio do uso de cateteres. Foram os primeiros a referirem-se à fase isométrica da contração cardíaca.

A peça está inventariada com o número ME/402436/1486 e pertence ao espólio museológico da Escola Secundária de Passos Manuel.


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2021/11/15

Biblioteca do Museu Nacional do Traje


O Museu Nacional do Traje foi inaugurado em 1977, como resultado de um projeto apresentado em 1973: a exposição “O traje Civil em Portugal” da responsabilidade de Natália Correia Guedes, futura diretora do Museu.  é uma das mais belas obras arquitetónicas portuguesa e mundial classificado Património Mundial pela UNESCO desde 1983.

O museu encontra-se instalado no Palácio Angeja-Palmela. Desde1973 que se trabalhava no sentido de encontrar um local adequado para estabelecer a instituição. Em 1975, o Estado adquiriu a Quinta do Monteiro-Mor, finalizando o processo de instalação.

O Palácio tem esta denominação devido ao facto de ter sido propriedade das duas famílias. O traçado deve-se ao 3.º Marquês de Angeja que aqui pretendia instalar as suas coleções de história natural e um jardim botânico. Adquirido pela família Palmela no século XIX foi alvo de várias remodelações com a intervenção de Pereira Cão, Rambois e Cinatti, ao nível da decoração parietal. Entre 1952 e 1955 foi residência do Coronel Lawrence Vincent More Cosgrove, um diplomata canadiano. Em 1975, o Estado comprou a propriedade.

Há que destacar o parque adjacente ao Palácio, atualmente com cerca de 11 hectares, atravessado por um ribeiro. O jardim, segundo a tradição, terá sido iniciado por Domingos Vandelli, na segunda metade do século XVIII, com a construção de socalcos que sustentam a plataforma onde se encontra o palácio. Após 1975 recuperou-se a propriedade, mantendo-se as características do espaço: jardim, roseiral, prados, pomares, pinhal e horta, aumentando-se a sua diversidade botânica.

O Museu constituiu a sua coleção através da doação de particulares e da incorporação de peças existentes noutros museus. Inclui trajes civis e outros, acessórios, tecidos, materiais e equipamentos para a produção têxtil. A primeira oferta veio do Museu Nacional dos Coches que possuía uma importante coleção de trajes da Casa Real.

Assim sendo, a coleção integra várias épocas: traje do século XVIII (Barroco e Rocaille); Traje Império (1769 – 1820); Traje Romântico (1825-1865); Traje Belle Époque (1870-1914); e Traje do século XX.

A Biblioteca do Museu é especializada em História do Traje e dos Acessórios. Possui vários catálogos de exposições do Museu e algumas secções de Museologia e História da Arte.

 

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2021/11/11

Biblioteca do Museu Nacional do Teatro e da Dança

O Museu Nacional do Teatro e da Dança, designado por Museu Nacional do Teatro até 2015 foi criado em 1982. A sua missão é recolher, preservar, registar, estudar e difundir a sua coleção de memórias e da história das artes do espetáculo em Portugal. Inicialmente dedicado apenas a exposições temporárias, só em 2003 inaugurou a sua exposição permanente.

Já desde o início do século XX houve tentativas para a criação de um Museu do Teatro que se concretizaram em 1979 com a exposição dedicada à “Companhia Rosas &Brasão (1880-1898)”. A partir daqui começaram a ser reunidas várias coleções, provenientes de doações. Atualmente integra cerca de 300.000 peças que englobam trajes e adereços de cena, maquetes de cenários, figurinos, desenhos, caricaturas, pinturas, esculturas, programas, cartazes, recortes de jornal, manuscritos, discos, partituras e fotografias.

Em 1985, o museu foi instalado no Palácio do Monteiro-Mor, local onde habitaram os Monteiros-Mores, D. Henrique de Noronha e D. Fernão Teles da Silva. O Palácio e o seu famoso jardim foram transmitidos na Casa Angeja até à descendente D. Mariana de Castelo Branco e vendido em 1840 ao Duque de Palmela, D. Domingos de Sousa Holstein Beck. O Palácio transformou-se encheu-se de obras de arte e o jardim foi enriquecido com espécies exóticas, pequenos recantos, cascatas, lagos, fontes e tanques.

Em 1970 o edifício ficou praticamente destruído devido a um incêndio e foi adquirido pelo Estado. A recuperação esteve a cargo do arquiteto Joaquim Cabeça Padrão.

A Biblioteca deste espaço, criada em 1982, foi constituída pelos fundos de Amélia Rey-Colaço, Francisco Ribeiro (Ribeirinho), António Magalhães e pelo fundo documental do Grémio dos Artistas Teatrais. Posteriormente incorporou outras coleções de diversos atores, encenadores, dramaturgos, cenógrafos, figurinistas, entre outros.

Tem cerca de 35.000 monografias e 300 títulos de publicações periódicas. Incide maioritariamente sobre o teatro, a dança e a ópera, mas também sobre outras artes como o circo e a performance.

 

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