Alzira
Augusta de Lourdes Pinto Vieira nasceu a 8 de junho de 1879 em Tondela, filha
de Tiago Pinto Vieira, professor primário e de Maria Augusta da Encarnação
Vieira. A sua família era financeiramente estável e culturalmente ativa.
Exerceu
a carreira docente, tendo lecionado em várias escolas localizadas no distrito
de Viseu. Aderiu aos primeiros movimentos feministas, nomeadamente à Cruzada das Mulheres Portuguesas (1916-1938)
em Tondela. Este movimento foi criado por Elzira Dantas Machado, esposa de
Bernardino Machado, com o objetivo de auxiliar todos os indivíduos necessitados
em consequência da participação portuguesa da Primeira Guerra Mundial. Colaborou
com a Liga Republicana das Mulheres
Portuguesas e com a Associação de
Propaganda Feminista, bem como com o Congresso
Nacional das Mulheres Portuguesas.
Frequentou
os meios literários de então, como a Casa
de Reguengos, publicando livros e crónicas. Escreveu vários artigos de
opinião no jornal A Semeadora, bem
como algumas biografias de figuras femininas de relevo.
A sua
atividade letiva foi sempre acompanhada de uma participação ativa na vida
pública, na intervenção social e na divulgação científica. Sendo uma mulher de
causas dedicou-se à campanha contra as touradas, que classificou como
impróprias de países civilizados e degradante para os povos.
Em
1923 publicou a obra Rosas e Espinhos do
Professor Primário, relatando a situação precária desta profissão e
pugnando pela dignificação do papel do professor primário. O seu pensamento
como educadora baseou-se na crença de que educar é mais do que simplesmente
instruir: era formar e desenvolver o indivíduo em todas as vertentes, tanto
físicas, como intelectuais ou sociais.
Em
1925 secretariou a 3.ª Sessão do Congresso Pedagógico de Braga, organizada pela
União do Professorado Primário Oficial de Ensino Geral e Infantil. Durante a
década de 30 foi delegada da revista Portugal
Feminino em Tondela, tendo publicado alguns dos seus escritos.
Tal
como outros educadores, Alzira Vieira viu na escola e na educação a “luz” do
progresso humano e da civilização. O seu pensamento pode resumir-se na frase da
sua autoria: “A escola primária é um jardim, onde se cultivam as mais preciosas
flores: muitos, porém, são os espinhos que o jardineiro tem a despontar”.
Fonte
principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto :
ASA, 2003.