Encontra-se em fase de tratamento o
fundo documental doado à Secretaria-Geral pela Dr.ª Helena Seabra. A
singularidade deste acervo que, doravante, complementará a área de literatura
do fundo geral da referida Secretaria, inclui documentos que denotam uma
preocupação intercultural – a língua portuguesa como mediação entre realidades
culturais e vivencias. Partido deste suposto exegético, supostamente, foram
incluídos no referido acervo várias tipologias documentais, a saber:
a.
Relatórios curriculares;
b.
Documentos de ensino especial (gitanos);
c.
Documentação impressa (planificação de estudos portugueses sobre crianças
e adolescentes);
d.
Material de apoio programático:
i. Comunicação oral;
ii. Comunicação escrita
iii. Comunicação lúdica;
iv. Linguística.
e.
Animação pedagógica;
f.
Textos de formação de professores.
Como verificamos, toda a seleção documental,
brevemente disponível aos nossos clientes, assenta na língua portuguesa como
veículo educacional vs reintegração intersocial. A documentação, ainda que
abrangente, tem uma preocupação comum: o
ensino da língua portuguesa na esteira intercultural.
Assim, destacam-se manuais escolares
e guias tanto para o educando como para o educador. Para além desta
polarização, numa aceção intercultural, os documentos vão ao encontro das
necessidades de grupos de ensino especial, tais como, gitanos, crianças, adolescentes,
etc. Além de mais, são atendidas as várias formas de manusear a linguística –
quer ao nível oral e escrito, quer lúdico e científico – a pedagogia é, por
assim dizer, o elo de ligação entre as distintas dimensões semânticas.
“A educação intercultural, na escola,
começa quando o professor ajuda o educando a descobrir-se a si mesmo. Só então
este poderá pôr-se no lugar do outro e compreender as suas reacções,
desenvolvendo empatias. A educação intercultural consolida-se, quando o professor
propicia a igualdade de oportunidades de todos os grupos presentes na escola e o
respeito pela pluralidade, num plano democrático de tomada de decisões e de
gestão de espaços de diálogo e de comunicação entre todos.” (Bizarro, et al. 2002:58)
Bizarro (2002:58) revê a educação
intercultural como uma dialética entre o professor/aluno que, a seu modo,
consolida igualdade de oportunidades e, acima de tudo, respeita a pluralidade
de oportunidades.
Segundo entendemos, a língua como
veículo intercultural é um corpo em movimento e esta mobilidade caracteriza-se pela
assimilação de novos elementos, sejam eles da área da fonologia, da sintaxe, da
semântica, do léxico e também da pragmática. Este contacto com outras línguas
levar-nos-á a considerar que é a metacognição que temos da nossa própria língua
que nos permitirá desenvolver-nos e promover o próprio conhecimento linguístico
e o do outro com quem nos deparamos.
P. M.
Bibliografia:
AZEVEDO,
Joaquim, et al. (1999). Valores e cidadania: a coesão, a construção identitária e o diálogo
intercultural: versão resumida [on-line].
<http://www.acime.gov.pt/docs/Publicacoes/Entreculturas/guia_diversidade.pdf >
[Consulta: 17 Agosto 2011].
BARTOLOMÉ PINA, M. (1997). Diagnóstico a la escuela
multicultural Barcelona: Cedecs Edit.
BIZARRO, Rosa, et al. (2002). Educação
intercultural, competência plurilingue e competência pluricultural: novos
desafios para a formação de professores de Línguas Estrangeiras [on-line].
<http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/4373.pdf [Consulta: 17
Agosto 2011]
MONTEIRO,
Ana Sofia, et al. /(2207). “Diferenças culturais: respeitar,
acolher e integrar”. Cidade solidária;
Ano 10, n.º 18 (Jul. 2007).