O Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça faz parte do património mundial classificado pela UNESCO desde 1989.
Situado na cidade de Alcobaça, este mosteiro é considerado a primeira obra totalmente em estilo gótico em Portugal.
Em finais do século X, foi
fundado em Cluny um mosteiro beneditino que seguia a Regra de S. Bento. No
entanto, o abandono das regras rígidas da Ordem, levou alguns monges a fundar
um novo mosteiro em Cister. Estes monges chegaram a Portugal em plena
reconquista cristã levada a cabo por D. Afonso Henriques. Este monarca doou
várias terras a S. Bernardo, na região de Alcobaça e em 1153 foi concedida uma
Carta de Couto tendo-se iniciado a construção do Mosteiro em 1178.
Á medida que que conquista
avançava para sul, estes monges tiveram um papel fundamental no povoamento e
defesa do território. O auxílio à população e as ações de beneficência
tornaram-se fundamentais.
O mosteiro é constituído por várias zonas que podemos destacar. Em primeiro lugar, a Igreja, que é a primeira construção totalmente gótica em Portugal. A sua planta de cruz latina tem uma nave central, duas naves laterais e um transepto. A capela-mor é limitada por um deambulatório com nove capelas. A sua arquitetura reflete a regra beneditina de humildade, isolamento e serviço a Deus, através da estrutura simples. Ao longo do tempo a igreja foi sofrendo alterações, nomeadamente entre 1702 e 1725, com a inclusão de elementos barrocos e campanários.
No interior da igreja
encontram-se os túmulos de alguns monarcas portugueses, como é o caso de D.
Afonso II (185-1223) e de D. Afonso III (1210 – 1279). Numa sala lateral estão
mais oito túmulos, entre os quais o de D. Beatriz, mulher de D. Afonso III e
três dos seus filhos e também D. Urraca, mulher de D. Afonso II.
Destacam-se igualmente os
túmulos de D. Pedro I e de D. Inês de Castro, profundamente danificados aquando
das invasões francesas
O primeiro Claustro foi
provavelmente edificado em 1240. Foi substituído pelo Claustro de D. Dinis,
edificado no século XIV, o centro da vida do mosteiro, à volta do qual se
situam a Sala do Capítulo, o Refeitório, a Sala dos Monges, o Dormitório, o
Parlatório e a Cozinha. D. Manuel I adicionou um segundo andar a esta
construção.
A sala do Capítulo, incluída
na zona do Claustro do Capítulo, tem uma fachada vistosa e servia às
assembleias dos monges. Aqui se procedia à leitura dos capítulos da Regra
Beneditina.
O Parlatório encontrava-se ao
lado da Sala do Capítulo e era apenas aqui que os monges estavam autorizados a
falar.
O Dormitório localiza-se no
primeiro andar e conserva ainda a sua forma medieval. Atualmente possui três
naves de grandes dimensões.
A Sala dos monges situava-se
por baixo da zona norte do dormitório e servia, nos primeiros tempos, para o
alojamento dos noviços. No início do século XVI esta zona foi transformada em
área de trabalho e sala de estar para os monges.
A cozinha inicial tinha em
consideração os hábitos alimentares dos monges que não consumiam carnes nem
matérias gordas. A alteração destes costumes, com a autorização do consumo de
carne tornou necessária a construção de uma nova cozinha, provavelmente em
1712. Incluía uma lareira central e duas laterais que permitam alimentar mais
de 500 pessoas. Ao lado da nova cozinha encontrava-se o refeitório.
No que respeita às novas alas,
podem destacar-se o Claustro do Cardeal, edificado no século XVI em homenagem
ao Cardeal D. Henrique; o Claustro da Portaria e a Sala das Conclusões. Na zona
Sul, funcionou o Colégio da Nossa Senhora da Conceição e o Claustro da Leitura.
O Núcleo Barroco inclui a
Sacristia Nova, a Capela Relicário. e a Capela do Desterro.
A Capela-Relicário foi erigida
entre 1669 e 1672, um exemplar único em Portugal em trabalho de talha dourada.
A Capela do Desterro data do
século XVIII e o seu interior é totalmente revestido a azulejos onde se narram
episódios da vida de Jesus.
A Sacristia, de origem
medieval, foi substituída na época de D. Manuel I, mas desapareceu durante o
terramoto de 1755. Foi reconstruída em 1770 em estilo Barroco, tendo-se
conservado os portais manuelinos.
O Mosteiro de Alcobaça estava
murado, mas foi-se desmoronando ao longo do tempo. Entre o muro e o mosteiro
existiam jardins e ainda um lago e um obelisco, provavelmente datados do século
XVIII. As áreas reservadas à agricultura situavam-se na zona norte. O cemitério
dos monges localizava-se no lado sul do transepto da igreja.
Deve-se ainda referir o
sistema hidráulico utilizado pelo mosteiro. O rio Alcoa foi desviado em algumas
zonas para criar um sistema de abastecimento de água.
MJS