2022/05/26

Mulheres na ciência: Chien-Shiung Wu (1912 - 1997)

 

(Imagem de Chien-Shiung Wu retirada da internet)

Chien-Shiung Wu, nasceu na China em 1912, a segunda de três filhos de Wu Zhong-Yi e Fan Fu-Hua. Foi uma importante física, tendo trabalhado no Projeto Manhattan ajudando a criar o processo de separação do urânio por difusão gasosa. Ficou conhecida como a “Marie Curie da China”.

Wu era bastante próxima do pai que sempre a encorajou na leitura de livros, revistas e jornais, incentivando-a nos seus estudos. Frequentou uma escola de raparigas fundada pelo seu pai e em 1923 deixou a sua cidade para ingressar numa escola interna bastante competitiva. Em 1929 foi admitida na Universidade Central Nacional e lecionava, ao mesmo tempo, numa escola pública em Xangai.

Entre 1930 e 1934 prosseguiu os estudos universitários na área da física, embora a sua formação de base fosse matemática. Durante este período foi líder de alguns movimentos estudantis.

Depois da licenciatura, especializou-se na área da física e trabalhou como assistente na Universidade Zhejiang. Posteriormente tornou-se investigadora do Instituto de Física da Academia Sinica. O seu supervisor incentivou-a a fazer um doutoramento na Universidade de Michigan nos Estados Unidos da América, o que sucedeu em 1936.

Chegando aos Estados Unidos, os seus planos alteraram-se e Wu preferiu a Universidade de Berkeley na Califórnia. Progrediu rapidamente nos estudos e na pesquisa académica. A sua tese versava sobre a radiação eletromagnética, área em que se tornou especialista e sobre a produção de isótopos radioativos de xenônio, produzido pela fissão nuclear do urânio. Wu defendeu o seu doutoramento em 1940, mas não conseguiu ser colocada numa universidade, pelo que permaneceu como estagiária no laboratório de radiação.

Wu casou-se com um colega de profissão em 1942, sem a presença da família devido ao eclodir da guerra no Pacífico. Mudaram-se para Massachusetts, onde Wu começou a lecionar numa escola privada em Northampton. Foi um período frustrante pois a investigação era uma das áreas que mais prezava. Acabou por conseguir o cargo de instrutora naval na Universidade de Princeton em New Jersey.

Em 1944 entrou no Projeto Manhattan da Universidade de Columbia. Trabalhava com James Rainwater e William W. Havens Jr., auxiliando nas difusões gasosas no programa de enriquecimento de urânio.

Após o final da guerra, Wu conseguiu restabelecer o contato com a família, mas os planos de os visitar foram interrompidos pela Guerra Civil Chinesa e pelo nascimento do seu filho em 1947, Vincent Yuan. O pai de Wu pediu-lhe que não regressasse à China devido à conjuntura política, pelo que esta acabou por adotar a cidadania americana em 1954.

Em 1952 tornou-se professora associada na Universidade de Columbia, onde permaneceu até ao final da sua carreira. Um dos grandes marcos das suas investigações foi o Modelo Padrão, uma forma universal para o modelo de desintegração beta de Fermi. Wu desenvolveu trabalhos sobre a polarização de fotões, as mudanças moleculares na deformação da hemoglobina, o magnetismo, entre outros. A par do seu trabalho como cientista, Wu defendeu causas humanitárias e de igualdade de género.

Wu só conseguiu regressar à China em 1973, após a morte dos seus pais, irmãos e tios. Aposentou-se em 1981 e veio a falecer Nova Iorque a 16 de fevereiro de 1997.

Ao longo da sua vida recebeu vários prémios e distinções, entre outros: Research Corporation Award (1959); Mulher do ano pela American Association of University Women (1962); Cientista do Ano pela Industrial Research Magazine (1974); Primeira Mulher Presidente da American Physycal Society (1975); etc.

 

Imagem parietal de fissão nuclear

ME/ESDJC/1501

Escola Secundária D. João de Castro

Quadro, de grandes dimensões, apresenta a fissão nuclear em quatro conjuntos de imagens coloridas, com fundo negro. Servia para exemplificação nas aulas de Física. Na parte superior do quadro, ao centro, encontra-se o título – La fission nucléaire - e uma introdução científica. Graficamente, as ilustrações encontram-se dispostas em três tiras, com fundo negro e desenhos a cores. Estão separadas por tiras brancas, sobre as quais estão impressas as legendas explicativas. Estão representadas, em cima, «Fissão de U235 por bombardeamento com neutrões lentos. Hahn 1939»; ao centro, à esquerda: «Reação em cadeia do urânio 235 ou do plutónio 239»; à direita: «Reação em cadeia controlada do urânio natural»; ao fundo, «Formação do plutónio a partir de U238». À esquerda, ao fundo, encontra-se impressa a seguinte inscrição: «Tableaux pour l'enseignement sur les atomes nº4».

 

MJS

2022/05/23

Mulheres na ciência: Rachel Carson (1907 - 1964)

 

(Imagem de Rachel Carson retirada da internet)

Rachel Louise Carson, nasceu em Springdale nos Estados Unidos em 1907, filha de Robert Warden Carson, vendedor de seguros e de Maria Frazier McLean. Foi bióloga marinha, escritora, cientista e ecologista.

Desde criança mostrou grande interesse pela leitura e pela produção literária, tendo a sua primeira história sido publicada quando tinha apenas 10 anos. Frequentou a Faculdade da Pensilvânia para Mulheres, atualmente Faculdade Chatham, ingressando no curso de língua inglesa. Em 1928 mudou para biologia que concluiu em 1929.

Trabalhou como assistente no Laboratório de Raymond Pearl e terminou a sua dissertação sobre o desenvolvimento embrionário do prónefro (rim primitivo existente em embriões de vertebrados) em peixes.

Depois de terminar o mestrado em zoologia em 1932, prosseguiu com o doutoramento que foi forçada a abandonar por razões financeiras, com a morte do seu pai em 1935. Aceitou um trabalho temporário como escritora de um programa educativo no Departamento de Pesca. Ao mesmo tempo foi publicando artigos sobre a vida marinha da região.

Em 1936, Rachel tornou-se bióloga marinha assistente, um trabalho a tempo inteiro. Em 1937, com a morte da sua irmã, ficou responsável financeiramente pela sua mãe e pelas duas sobrinhas.

Com a publicação de um ensaio, Undersea, a investigadora iniciou uma carreira como escritora. Em 1941 surge a obra Under the Sea Wind. Rachel tornou-se editora-chefe em 1949 e dedicou mais tempo às pesquisas necessárias para um novo livro. O The Sea Around Us (1952) foi um enorme sucesso e ganhou o National Book Award na categoria de não ficção.

Carson tinha finalmente a estabilidade financeira para se lançar numa carreira de escritora a tempo inteiro. Em 1955 concluiu o terceiro volume da sua trilogia do mar, The Edge of the Sea.

Nos anos seguintes, Rachel começou a interessar-se pelo tema da conservação ambiental, mas os projetos foram interrompidos pela morte das suas sobrinhas, que deixaram um filho órfão de 5 anos de idade. A investigadora adotou a criança e continuou a assumir a responsabilidade de cuidar da sua mãe. Como tal, em 1957 mudou-se para Silver Spring, em Maryland.

Carson acompanhava de perto as novas propostas do governo para aumentar o uso de pesticidas, bastante nocivos para o homem e para o equilíbrio ecológico. Em 1962 publicou Silent Spring que descreve os efeitos nocivos destes pesticidas que incluíam o cancro e outros tipos de doenças. Este livro marca o início da consciência do movimento ambientalista.

(Imagem do livro da Rachel Carson, Silent Spring, publicado em 1962. Imagem retirada da internet)

Foi uma obra bastante polémica, à qual se opuseram várias fações da sociedade, sobretudo as indústrias químicas. Rachel queria apenas alertar para o uso responsável destas substâncias e não a sua proibição. A opinião pública e muitos cientistas apoiaram a sua posição.

A saúde de Rachel começou a deteriorar-se quando descobriu que tinha cancro em 1960. Após os tratamentos, contraiu um vírus respiratório e acabou por falecer a 14 de abril de 1964.

 

MJS