2024/08/08

Instalações para o ensino (1968 a 1972) - Ministério das Obras Públicas - Escolas do Ciclo Primário: Escola Preparatória de Eugénio de Castro, Coimbra

 

- Escola Preparatória de Eugénio de Castro -

 

O Ministério das Obras Públicas concluiu 42 edifícios, no período decorrente de 1968 a 1972, destinados a estabelecimentos dos cursos preparatório, secundário e médio. A título de divulgação, neste post, daremos a conhecer - a Escola Preparatória de Eugénio de Castro, Coimbra.


(Pode observar-se uma imagem de uma zona de acesso aos pavilhões, com áreas cobertas e descobertas)

(No topo, pode ver-se um pátio interior com um pequeno tanque. Em baixo, à esquerda, uma sala de convívio. À direita, a ficha técnica com a identificação da escola, a dimensão da área coberta, a dimensão da superfície de pavimentos, o custo total das instalações, a data de conclusão da obra, a população escolar e a discriminação das dependências)


Ministério das Obras Públicas (1973). Novas Instalações para o ensino construídas entre

 1968 e 1972. Lisboa: Direcção-Geral das Construções Escolares.



P. M. 

2024/08/05

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: Ana de Castro Osório (1872 – 1935)

 

(Imagem da autora retirada da internet)


Ana de Castro Osório nasceu a 18 de junho de 1872, em Mangualde, filha de João Baptista de Castro, juiz e de Mariana Osório de Castro Cabral de Albuquerque. Viveu num meio socioeconómico abastado e culturalmente dinâmico.

Passou a infância e adolescência na terra natal, tendo-se mudado para Setúbal em 1895. Aqui iniciou a sua carreira literária com a publicação de artigos e crónicas no periódico Mala da Europa.

Em 1897 começou a escrever várias obras didáticas, nomeadamente a coleção Para as Crianças (1897 – 1935) que lhe granjearam o título da criadora da literatura infantil em Portugal. A educadora criou um tipo de literatura para a infância de inspiração portuguesa, com um conteúdo didático e moralizante.

Em 1898 casou com Francisco Paulino Gomes de Oliveira, escritor, jornalista e ativista republicano do qual teve dois filhos: João de Castro Osório e José de Castro Osório.

Em 1901 editou vários folhetos com o título A Bem da Pátria, com o objetivo de educar as portuguesas. A emancipação feminina e a igualdade dos sexos foram as suas linhas orientadoras. Para que tal acontecesse era necessário modificar o método de ensino, permitindo à mulher tornar-se economicamente independente.

Em 1902 colaborou com a revista Sociedade Futura, juntamente com o seu marido, divulgando o movimento feminista. Em 1907 tornou-se membro da loja maçónica feminina, o Grande Oriente Lusitano, adotando o nome de Leonor Fonseca Pimentel.

Entre 1907 e 1915 criou e participou em organizações pela defesa da mulher e da criança: o Grupo Português de Estudos Feministas (1907) e a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas (1908). Entre 1907 e 1908 fundou O Jornal dos Pequeninos; entre 1909 e 1910, A Mulher e a Criança; entre 1910 e 1911 participou no jornal O Radical; entre 1912 e 1913, A Mulher Portuguesa; e entre 1915 e 1918, A Semeadora.

Apoiou a Leis do Divórcio e as leis da Família de Afonso Costa, fundamentando-se no problema da educação como forma de resolver os problemas sociais da mulher e da criança.

Partiu para o Brasil em 1911, acompanhando o seu marido, onde permaneceu até 1914. Antes da sua partida, em 1911 fundou com Carolina Beatriz Ângelo a Associação de Propaganda Feminista, de orientação sufragista. Para Ana de Castro Osório, as raparigas deviam ter as mesmas oportunidades de instrução que os rapazes, preparando-as para o futuro numa ocupação profissional ou familiar. Defendeu a criação de escolas profissionais para formação de jovens em profissões em falta no mercado e de escolas agrícolas femininas.

Em 1915, após a participação portuguesa na Primeira Guerra Mundial, fundou a organização Pela Pátria, a favor dos soldados mobilizados e das respetivas famílias. A guerra marcou uma alteração no posicionamento da educadora que passou a focar a sua atenção na defesa dos valores da pátria.

Em 1916 foi nomeada subinspetora do trabalho da 1.ª Circunscrição Industrial do Ministério do Trabalho.

Ana de Castro Osório recolheu contos tradicionais portugueses, recriou outro tipo de contos e introduziu alguns da sua autoria. Fez igualmente um trabalho intenso de tradução de obras dos irmãos Grimm, C. Perrault, C. Andersen, entre outros, em colaboração com Afonso Hincher e Louise Ey. O aspeto gráfico destes pequenos livros foi outra das preocupações, contando com ilustrações de Leal da Câmara, Raquel Roque Gameiro, Hebe Gonçalves, Laura de Almeida Nogueira, Alfredo Morais, etc.

O grande objetivo da educadora foi criação de um património literário infantil de qualidade, uma vez que este era um dos mais importantes instrumentos de educação das crianças e mesmo do povo. O gosto pela leitura, a sensibilidade, a fantasia e a ligação às memórias do país passavam por estas obras.

A sua influência também se fez sentir no ensino pois foi autora de vários livros de leitura para a 2.ª, 3.ª, 4.ª e 5.ª classes. O mais importante para Ana de Castro Osório, que se reflete nestas obras, foi o fato de:

- contribuir para a educação patriótica das crianças;

- contribuir para a educação cívica;

- incutir valores laicos;

- enaltecer a razão e a ciência em detrimento da superstição;

- valorizar o amor à natureza e aos animais.

Em 1920 candidatou-se com vários livros destinados às escolas do ensino primário. Muitas dos seus livros foram adotados no Brasil, sendo necessária a respetiva adaptação à realidade brasileira de então. Para a autora, não se podia reformar um país sem uma missão educativa. A monarquia tinha falhado no âmbito da educação, mas a República não estava a conseguir dar a devida importância à reforma do ensino, utilizando manuais escolares desadequados que vinculavam ideias do anterior regime.

A criação de escolas, permitindo a todos o livre acesso à educação, foi um dos seus objetivos. A escola devia ser o local de formação do povo para que se pudesse construir uma sociedade melhor, mais humana e com menos preconceitos.

Também durante o ano de 1920 fundou a Livraria Editora para as Crianças e as Edições Lusitânia, onde publicou Clepsidra de Camilo Pessanha.

Em 1922 realizou várias conferências no Brasil que compilou na obra A Grande Aliança.

Desiludida com o caminho da república, Ana de Castro Osório foi-se afastando da vida pública e da escrita até ao seu falecimento em 1935.

 


Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.


MJS