2021/05/27

Costa Sudoeste: Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina


A Costa Sudoeste, da qual fazem parte o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e a Costa Vicentina são candidatos a Património Natural da Humanidade. Trata-se de uma faixa com cerca de 110 km, situada entre S. Torpes e Burgau. Têm uma enorme diversidade paisagística e elevada biodiversidade.

No aspeto geológico destacam-se o arenito e os calcários. O relevo tem áreas planas, cuja altitude aumenta para sul, onde o encaixe dos rios é mais profundo.

A bacia hidrográfica do reio Mira e do Barlavento Algarvio constituem a rede hidrográfica desta zona, sustentando a riqueza da biodiversidade. O clima é mediterrânico, de feição litoral, tornando-se bastante ameno, mas com nevoeiros. A precipitação é irregular, embora menos abundante no verão.

Quanto aos habitats, existem cerca de 35, a saber: habitats de água doce, que incluem águas paradas e charcos; charnecas e matos; e ainda florestas. Destaca-se a zona marinha com arribas litorais, praias, dunas, charnecas, estuários, cursos de água, etc.

A flora terrestre engloba três tipos de ambientes: vegetação de solos calcários, no planalto vicentino a sul; vegetação mais diversificada, no planalto litoral; e vegetação arbórea densa nas serras. Existe uma mistura de vegetação mediterrânica, atlântica e do norte de África. Estão identificadas cerca de 750 espécies, sendo que 12 são únicas.

A flora marinha abunda devido à natureza diversificada dos fundos rochosos de na água, existindo uma profusão de algas.


Quanto à fauna, abundam as aves na zona de arribas, destacando-se o guincho o guincho ou àguia-pesqueira, que aqui nidifica; a água-de-bonelli; o falcão peregrino; o peneireiro-comum, o peneireiro-das-torres; a gralha-de-bico-vermelho; a gralha-de-nuca-cinzenta; e o corvo-marinho-de-crista. A cegonha branca é uma das espécies mais comuns nesta zona, nidificando em árvores, prédios velhos ou postes de eletricidades.

As aves migratórias também por aqui passam, sendo o caso do pisco-de-peito-azul; o papa-moscas-preto; o papa-amoras comum; o alcatraz; a andorinha-do-mar; a águia-calçada; ou esporadicamente o falcão-da-rainha ou o búteo-mourisco.

No que respeita à fauna terrestre deve referir-se a lontra, o texugo, o sacarrabo e a fuinha. A presença de várias massas de água contribui para a existência de inúmeras espécies marinhas, atualmente bastante ameaçadas: o mero; os cavalos-marinhos; a enguia; o sável ou o caboz.

Para além de riquíssimo património natural, esta zona tem um património cultural bastante vasto. Povoada desde o mesolítico, a pesca foi sempre uma das atividades predominantes, tendo sido criadas inúmeras estruturas portuárias. Podem referir-se a Ilha do Pessegueiro, um rochedo arenítico com um fortim, e o respetivo forte da costa, edificados em finais do século XVI. O Forte de Belixe e a fortaleza de Sagres, bem como o farol do Cabo Sardão são locais a visitar.


MJS

2021/05/24

Complexo Industrial Romano de Salga e Conserva de Peixe em Troia

O Complexo Industrial Romano de Salga e Conserva de Peixe em Troia constituem um sítio arqueológico que se localiza na zona noroeste da península de Troia em Setúbal. Inclui várias construções do século I ao século VI e são considerados monumento nacional desde 1910.

Aqui se situava um agregado populacional cuja principal atividade era a pesca e o fabrico e exportação de garum, ou seja, conservas de peixe. Já desde o século XVI que aparecem referencias a este local e no século XVIII iniciaram-se as primeiras escavações arqueológicas.

O apogeu desta indústria ocorreu entre os séculos I e II, quando se produziram grandes quantidades de peixe salgado e molhos de peixe, embalados em ânforas e expedidos para Roma. Houve uma interrupção na segunda metade do século II e as fábricas foram divididas em unidades mais pequenas. A partir do século III surgem vários tipos de ânforas, o que sugere uma diversificação maior dos produtos. A sardinha era o principal peixe utilizado. A partir do século V, com a decadência do Império Romano, a atividade foi sendo progressivamente abandonada.

De acordo com os dados obtidos, conclui-se que Troia foi o maior centro de produção de salgas de peixe do Império.

As oficinas da salga de peixe constituem o núcleo principal deste complexo, se bem que também se encontrem no local um núcleo habitacional, necrópoles, temas, uma roda de água e ruínas de uma basílica paleocristã.


A localização de Troia, a pesca abundante e a existência de salinas determinaram o sucesso comercial destas oficinas. Identificaram-se cerca de 25 salgas com diferentes dimensões, ente os 1000 m2 e os 135 m2. Eram constituídas por vários tanques, designados cetárias, que se posicionavam em redor de um pátio central. Calcula-se que a capacidade de produção fosse cerca de 1 429 000 litros.

As termas ocupam uma área de 450 m2 e incluíam um vestíbulo (apoditério), um tanque de água fria (frigidário), outro de água morna (tepidário) e um de água quente (caldário), para além de piscinas e salas de ginástica.

 

MJS