2024/05/23

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: Alfredo Betâmio de Almeida (1920 – 1985)

 

(Imagem do autor retirada de Dicionário de educadores portugueses)


Alfredo Betâmio de Almeida concluiu o curso de Desenho na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa em 1944. Iniciou de imediato a carreira docente no Liceu Pedro Nunes, fazendo o exame de estágio com o ensaio Desenho à Vista. A partir de então tornou-se lente efetivo de Desenho nesta instituição.

Em 1947/48 participou na Reforma do Ensino Liceal de Pires de Lima, elaborando o programa de Desenho Livre (1.º e 2.º anos) e o manual escolar Compêndio de Desenho para o 1.º Ciclo dos Liceus, livro único atualizado em 1948 e 1967.

Entre 1957 e 1958, Almeida afirmou-se como pedagogo, tornando-se “professor metodólogo” do grupo de Desenho e Trabalhos Manuais. Iniciou nestes anos uma reflexão sobre a didática do desenho e tornou-se cofundador da Palestra – Revista de Pedagogia e Cultura (1958- 1973).

Em 1968 participou na reforma de Veiga Simão como autor dos novos programas de Desenho para o 2.º ciclo dos Liceus. Em 1970, como membro da Junta Nacional de Educação, preparou o novo programa de Desenho.

Após o 25 de Abril de 1974 foi nomeado Diretor-Geral do Ensino Liceal. Em 1975 lançou o Ensino Secundário Unificado, mas acabou por pedir a exoneração do cargo. Em 1977, e até ao final da sua vida, foi presidente do Instituto de Tecnologia Educativa – ITE.

A sua atividade como educador focou-se sobretudo no reconhecimento da sua área de ensino. Para Almeida, a educação estética deveria processar-se em todas as disciplinas.

Uma das suas reflexões sobre a Didática do Desenho teve como base a variável das competências de aprendizagem relacionada com as idades mentais dos alunos. Isto permitiu-lhe isolar as características e expressões gráficas do desenho infantil e do desenho de transição para uma visão adulta.

Para Almeida, o “desenho livre”, deveria valorizar a atmosfera criativa e ser uma projeção verdadeira dos alunos. O professor seria responsável por estimular as necessidades expressivas da criança ou do adolescente e posteriormente introduzir as melhores técnicas para essa criatividade.

A par da educação, Betâmio de Almeida foi também artista plástico e historiador local em Benavente. Teve uma intensa atividade de pintura em tinta pastel, aguarela e guache, com temáticas relacionadas com naturezas mortas e pintura abstrata.

 

 

Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.


MJS


 

2024/05/20

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: Agostinho de Campos (1870 – 1944)

 

(Imagem do autor retirada da internet)


Agostinho Celso de Azevedo Campos nasceu no Porto a 14 de fevereiro de 1870, numa família da pequena burguesia comercial. Teve um percurso escolar comum e ingressou no curso de Direito da Universidade de Coimbra que concluiu em 1892.

Não foi um curso que o estimulasse e Campos optou pelo ensino da língua e cultura portuguesas em Hamburgo, na Alemanha, entre 1893 e 1894. Durante este período colaborou com o jornal O Comércio do Porto na área de política externa. Em 1895 regressou a Portugal.

A par da docência, o jornalismo permaneceu sempre um dos pontos fulcrais da sua vida, quer n’ O Comércio do Porto quer no Diário de Notícias. Entre 1901 e 1906 tornou-se redator principal n’ O Diário Ilustrado.

Exerceu funções de professor no Liceu Central de Lisboa (Pedro Nunes), entre 1896- 1905 e 1910- 1932. Desempenhou atividades letivas na Casa Pia de Lisboa e no Instituto Superior do Comércio e foi igualmente professor na Faculdade de Letras das Universidades de Coimbra e de Lisboa entre 1932 e 1940.

No que respeita às questões educativas, Agostinho de Campos defendeu o conceito de “educar de cima para baixo”. Os problemas da nação podiam resolver-se através de um modelo de funcionamento social e de um sistema de ensino que deveria partir das classes superiores. As elites dirigentes encontravam-se mal preparadas devido à ausência de produção pedagógica adequada à realidade e à falta de valorização dos docentes. Neste âmbito, Campos foi responsável por um Decreto de 1906 que concedia bolsas de estudo a professores que quisessem estudar fora de Portugal.

Em 1929 foi nomeado para vogal da Junta de Educação Nacional, ocupando a presidência da seção de Letras até 1931.

Outra das questões frequentemente debatidas por Campos diz respeito à educação que não se faz apenas na escola, mas também na vida. Para este educador era inconcebível que houvesse investimento nas instituições escolares se existia um desprezo pelo trabalho e pelo mérito.

Agostinho Campos acabou por se retirar da política dedicando-se à carreira docente e ao jornalismo. Para o autor houve uma descrença no poder político como reformador educativo: as reformas deveriam ser feitas por professores/educadores/pedagogos e não pela classe política.

 

 

Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.


MJS