Bernardino
Luís Machado Guimarães nasceu a 28 de março de 1851 no Rio de Janeiro, filho de
António Luís Machado Guimarães, português e de Praxedes de Sousa Ribeiro
Guimarães, de nacionalidade brasileira.
Passou
os primeiros anos da sua vida no Brasil e estudou no Liceu de Laranjeiras até
1860, altura em que a família se mudou para Portugal, inicialmente para Joane e
depois para Vila Nova de Famalicão. Completou a instrução primária no Liceu
Nacional do Porto em 1862. Em 1866 ingressou na Universidade de Coimbra concluindo
Matemática e Filosofia em 1875.
Em
1877 foi nomeado lente substituto da cadeira de Agricultura na Faculdade de
Filosofia da Universidade de Coimbra. Em 1880 tornou-se professor catedrático e
passou a lecionar Geologia e a partir de 1883 regeu as cadeiras de Física. Em
1886 ficou responsável pela cadeira de Antropologia, criada pela sua
iniciativa.
Em
1882 casou-se com Elzira Dantas Gonçalves Pereira. Esta data marcou igualmente
o inicio da sua carreira política, eleito deputado pelo Partido Regenerador em
Lamego. Voltou a ser eleito em 1884-1887 pelo círculo de Coimbra.
A sua
atividade foi intensa no final do século: em 1890 presidiu à Academia de
Estudos Livres; em 1891-92 tornou-se diretor do Instituto Industrial e
Comercial de Lisboa; em 1892 foi nomeado vogal do Conselho de Instrução
Pública; presidiu os congressos do Magistério Primário em 1892 e 1897, entre
outros.
Durante
este período publicou várias obras no âmbito da pedagogia: A Introdução à Pedagogia (1892), O Ensino (1898), O Ensino
Primário e Secundário (1899), O
Ensino Profissional (1899).
O seu
pensamento como educador baseou-se na instrução como forma de garantir a
evolução do país. O défice intelectual era a causa dos “males” da nação. O
autor criticou duramente o estado do ensino secundário com as disciplinas
incapazes de promover a especialização profissional e os métodos dogmáticos.
Para o
autor, a distribuição do trabalho dos alunos deveria ser feita de acordo com a
idade. O professor deveria ter em conta a vocação de cada aluno, dirigindo o
seu trabalho pessoal de desenvolvimento. A autonomia pessoal deveria ser o
propósito da escola secundária.
No que
respeita à Universidade, Bernardino Machado afirmou que “uma Universidade deve
ser escola de tudo, mas sobretudo de liberdade”. O professor deveria disciplinar,
mas não escravizar os alunos. O tema liberdade e disciplina marcou o seu
pensamento pedagógico: era importante dar às crianças a liberdade de uma
atividade física para depois as motivar para o estudo. Para além disso, o
professor deveria estar preparado pedagogicamente para lecionar, não bastando
apenas o domínio das matérias em questão.
A par
desta atividade, integrou o governo entre fevereiro e dezembro de 1893 como
Ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria. Bernardino Ribeiro teve
igualmente um importante percurso na Maçonaria na Ordem do Grande Oriente
Lusitano.
Aderiu
ao Partido Republicano Português em 1903, contribuindo para a sua organização
enquanto força política e intervindo em várias comunicações públicas. Entre
1906 e 1909 foi eleito membro do Diretório do Partido e Presidente do mesmo. Em
1907, aquando da greve académica, Bernardino Machado esteve ao lado dos
estudantes, pedindo a exoneração do seu cargo na universidade.
Após a
implantação da república foi escolhido para os Negócios Estrangeiros no Governo
Provisório, cargo que desempenhou até 1911. Nesta data foi eleito para a
Assembleia Nacional Constituinte e candidato à Presidência da República, tendo
perdido para Manuel de Arriaga.
Em
1913 tornou-se o primeiro embaixador português no Brasil. No regresso a
Portugal em 1914 foi chamado a resolver a situação de crise política provocada
pela demissão de Afonso Costa de Chefe de Governo. Quando se iniciou a Primeira
Guerra Mundial, Bernardino Machado encontrava-se a chefiar o governo e teve de
decidir o papel de Portugal neste conflito: Portugal só iria intervir quando
Inglaterra necessitasse. Esta posição não foi consensual e obteve críticas de
vários quadrantes políticos.
O
governo acabou por cair em 1915 com a implantação do governo ditatorial do
General Pimenta Machado. No entanto, a vitória do Partido Democrático nas
eleições legislativas terminou com a ditadura e permitiu a Bernardino Machado
vencer as eleições presidenciais.
Em
1916 Portugal foi chamado a intervir no contexto da guerra, aprisionando os
navios alemães em águas territoriais, a pedido de Inglaterra. Foi oficialmente
declarada guerra e constituiu-se um novo governo que organizou a força
expedicionária portuguesa. A forte contestação de todos os setores conduziu ao
golpe de Sidónio Pais em 1917. Bernardino Machado exilou-se em Paris.
Após o
assassinato de Sidónio Pais em 1918 e tendo declarado abdicar do cargo de Presidente,
Bernardino Marchado foi autorizado a regressar ao país em 1919. Seguiram-se
anos de enorme instabilidade política e em 1925 venceu as eleições
presidenciais, iniciando o seu segundo mandato.
Em
1926 o golpe militar de Manuel da Costa Gomes e Mendes Cabeçadas provocou a
queda do governo e do Presidente. Bernardino Machado tornou a ser exilado
devido às suas relações com opositores do regime, passando por Espanha e
França, onde publicou vários manifestos contra o regime. Só regressou a
Portugal em 1940, com residência fixada pelo governo. Faleceu em 1944.
Fonte
principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto :
ASA, 2003.
MJS