D. João
IV (1604 – 1656), “o Restaurador”, era o filho de D. Teodósio II de Bragança e
de D. Ana de Velasco e Girón. D. João pertencia à Casa Real de Bragança que
tinha grande prestígio em Portugal e que beneficiou da degradação do governo de
Filipe III e do aumento de impostos. Casou com D. Luísa de Gusmão em 1633. Foi
ele o rei escolhido para terminar com o domínio filipino em Portugal.
O monarca conseguiu o apoio da maior parte da
população, o que lhe permitiu fazer face aos confrontos militares com Espanha na
Guerra da Restauração. No entanto, houve uma enorme divisão no que respeita à
nobreza, que chegou a intentar contra a vida do próprio rei. Houve assim a
necessidade de um processo diplomático nas cortes europeias para obter o
reconhecimento da independência e justificar que D. João era, na verdade, o
legítimo herdeiro da coroa.
Em 1641 iniciaram-se os confrontos. A primeira
grande vitória portuguesa deu-se na Batalha do Montijo em 1644, seguida de um
fracasso espanhol no cerco de Elvas. Espanha encontrava-se envolvida na Guerra
dos Trinta Anos, pelo que só a partir de 1659 se pode dedicar à anulação da
independência portuguesa. Isto permitiu à coroa portuguesa fortalecer e
consolidar a sua posição militar e financeira. Durante o período que se seguiu
houve diversos conflitos nas colónias portuguesas, nomeadamente com os Países
Baixos que pretendiam manter os territórios conquistados no Brasil.
A principal preocupação deste monarca foi,
obviamente a guerra com Espanha e a afirmação do país nas cortes europeias.
Apesar disso, ao nível interno foram tomadas medidas importantes: a criação de
um Conselho de Guerra (1640); a reforma do Conselho da Fazenda (1642); a
criação da Junta dos Três Estados (1643); do Conselho Ultramarino (1643); e da
Companhia da Junta de Comércio (1649).
Em 1653 foram convocadas Cortes em Lisboa, onde
se aclamou D. Afonso VI como futuro rei de Portugal e onde foi pedido apoio
militar e financeiro. O monarca veio a falecer em 1656, tendo confiado a
regência à rainha.
Ao nível cultural, poder-se-á afirmar que D.
João IV recebeu uma educação cuidada com boa preparação ao nível das Letras
Clássicas e da Teologia. A música fazia parte dos seus gostos pessoais, tendo
lições com o mestre inglês, Robert Tornar. Foi um compositor de destaque
(atribui-se-lhe a autoria da peça Adeste
Fidelis) e possuía a maior biblioteca musical da Europa, destruída pelo
terramoto.
No que respeita à educação, enfatizou-se a democratização do acesso ao ensino. De acordo com João Amós Coménio, todas as crianças, independentemente do nível social ou género, deviam ser enviadas para as escolas.
Ao nível do ensino das artes foi criada a Aula de Fortificações e Arquitetura Militar
na Ribeira das Naus, em 1647. O mestre que incentivou a sua criação foi Luís
Serrão Pimentel (1613 – 1678), engenheiro militar. No que respeita à escultura,
esta restringiu-se sobretudo ao trabalho em madeira, em relevo, para a
elaboração de retábulos. O prestígio das oficinas de pintura de Espanha fez com
que muitos artistas aperfeiçoassem a sua arte neste país.