2025/01/13

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: Carolina Michäelis de Vasconcelos (1851 – 1925)


(Imagem da autora retirada da internet)


Carolina Wilhelm Michäelis de Vasconcelos nasceu a 15 de março de 1851 em Berlim, filha de Gustav Michäelis, professor de matemática e de Henriette Louise Lobeck.

Interessou-se desde sempre por línguas e literatura e frequentou a Escola Superior Municipal Feminina de Berlim entre os 7 e os 16 anos. Tendo perdido a mãe aos 12 anos, foi orientada pelo seu pai e pelo filólogo Eduard Maetzner. Os seus estudos de filologia clássica e românica, bem como das línguas francesa, espanhola e italiana, entre outras, prosseguiram em casa sob a orientação de Carl Goldbeck.

Em 1871 especializou-se em assuntos peninsulares e trabalhou como intérprete no Ministério do Interior na Alemanha. Os contatos com vários intelectuais portugueses da Geração de 70 conduziram ao casamento de Carolina Michäelis com Joaquim António da Fonseca e Vasconcelos em 1876.

O casal passou a residir em Portugal, dividindo o seu tempo entre Braga, Lisboa e Porto. O seu interesse pela cultura portuguesa era notório, tendo publicado alguns estudos na área da linguística. Em 1901 foi-lhe atribuída a insígnia da Real Ordem Militar de Santiago da Espada.

As suas preocupações com o estado do ensino em Portugal levaram-na a publicar alguns artigos em que nota a ausência de uma literatura dirigida para a infância. Defendeu o alargamento do ensino primário a todas as crianças, motivando-as para a leitura através da utilização de textos tradicionais portugueses. A aprendizagem deveria ser lúdica, sendo fundamental para o este processo a existência de jardins de infância e de um ambiente familiar motivador. O desconhecimento da pedagogia e psicologia infantil no nosso país eram uma das causas do insucesso escolar.

No início do século XX, Carolina Michaëlis tentou fundar um conselho nacional feminino. Em 1914 a ideia concretizou-se com a fundação do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, em conjunto com Ana de Castro Osório.

A instrução feminina foi igualmente um dos seus objetivos: as mulheres deveriam tomar consciência dos seus direitos não sendo pressionadas por uma sociedade tradicional nem limitadas ao nível da instrução.

Em 1911 foi nomeada para docente de Filologia Germânica na Universidade de Lisboa e em 1912 foi transferida para a Universidade de Coimbra. Neste ano, juntamente com Maria Amália Vaz de Carvalho tornou-se membro da Academia das Ciências de Lisboa.

A partir de 1924 dirigiu a revista Lusitânia que procurava valorizar a nação portuguesa e a sua tradição. Em 1926 tornou-se presidente honorária do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas.

 

 

Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.


MJS