Carolina
Wilhelm Michäelis de Vasconcelos nasceu a 15 de março de 1851 em Berlim, filha
de Gustav Michäelis, professor de matemática e de Henriette Louise Lobeck.
Interessou-se
desde sempre por línguas e literatura e frequentou a Escola Superior Municipal
Feminina de Berlim entre os 7 e os 16 anos. Tendo perdido a mãe aos 12 anos,
foi orientada pelo seu pai e pelo filólogo Eduard Maetzner. Os seus estudos de
filologia clássica e românica, bem como das línguas francesa, espanhola e
italiana, entre outras, prosseguiram em casa sob a orientação de Carl Goldbeck.
Em
1871 especializou-se em assuntos peninsulares e trabalhou como intérprete no
Ministério do Interior na Alemanha. Os contatos com vários intelectuais
portugueses da Geração de 70 conduziram ao casamento de Carolina Michäelis com
Joaquim António da Fonseca e Vasconcelos em 1876.
O
casal passou a residir em Portugal, dividindo o seu tempo entre Braga, Lisboa e
Porto. O seu interesse pela cultura portuguesa era notório, tendo publicado
alguns estudos na área da linguística. Em 1901 foi-lhe atribuída a insígnia da
Real Ordem Militar de Santiago da Espada.
As
suas preocupações com o estado do ensino em Portugal levaram-na a publicar
alguns artigos em que nota a ausência de uma literatura dirigida para a
infância. Defendeu o alargamento do ensino primário a todas as crianças,
motivando-as para a leitura através da utilização de textos tradicionais
portugueses. A aprendizagem deveria ser lúdica, sendo fundamental para o este
processo a existência de jardins de infância e de um ambiente familiar
motivador. O desconhecimento da pedagogia e psicologia infantil no nosso país
eram uma das causas do insucesso escolar.
No início do século XX, Carolina Michaëlis tentou fundar um
conselho nacional feminino. Em 1914 a ideia concretizou-se com a fundação do
Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, em conjunto com Ana de Castro
Osório.
A instrução feminina foi igualmente um dos seus objetivos:
as mulheres deveriam tomar consciência dos seus direitos não sendo pressionadas
por uma sociedade tradicional nem limitadas ao nível da instrução.
Em
1911 foi nomeada para docente de Filologia Germânica na Universidade de Lisboa
e em 1912 foi transferida para a Universidade de Coimbra. Neste ano, juntamente
com Maria Amália Vaz de Carvalho tornou-se membro da Academia das Ciências de
Lisboa.
A partir de 1924 dirigiu a revista Lusitânia que procurava valorizar a nação portuguesa e a sua tradição. Em 1926 tornou-se presidente honorária do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas.
Fonte
principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto :
ASA, 2003.
MJS