Wolsey Washburne, com base nos ideais de Escola Nova de Faria de Vasconcelos, do pragmatismo social de John Dewey e do Plano Dalton de Helen Parkhurst,
entre outros, fundamenta a psicologia
motivacional dos alunos através de atividades coletivas/individuais, com o propósito de dinamizar o aluno com atitudes, atividades e sentimentos.
No Plano Winnetka as atividades em grupos são escolhidas, simultaneamente,
por alunos e educadores. Os alunos
aprendem ao seu próprio ritmo, sem que sejam submetidos a pressões coletivas, ainda assim, são responsabilizados pelas suas próprias atividades letivas.
Esse sistema educacional
não estava totalmente sistematizado, tratava-se de um “laboratório” de
pesquisas científicas e de experimentação prática que se modificava
continuamente consoante as observações efetuadas. Primeiramente, ensinam-se técnicas
de leitura, escrita e cálculo, seguidamente, sedimentavam-se noções de geografia,
história, civismo e higiene. Os conhecimentos essenciais preconizados pelo
referido Plano Winnetka, seriam, pois, os utilizados pela
maioria dos adultos na sua vida civil, social e privada. Estes ideais difundiram-se
por toda a América Latina e Itália (Cf. Pinheiro e Valente, 2016:91):
“Em 1919, [Washburne] assume o posto de
superintendente das escolas de Winnetka, onde desenvolveu experiências que
resultaram na criação do sistema pedagógico de Winnetka. Em 1943, deixou seu
cargo como superintendente para auxiliar o exército americano a reabrir as
escolas ocupadas na Itália durante a Segunda Guerra Mundial. Durante o tempo
que permaneceu na Itália (1943-1949) Washburne teve um importante papel na
reorganização do sistema público italiano. Ao retornar aos Estados Unidos foi
diretor na formação de professores do Brooklyn College. Em 1961, passou a
lecionar na Michigan State University até seu falecimento em 19686.” (Pinheiro
e Valente, 2016:91)
Segundo Rebelo (2019), Carleton
Washburne em 1942 realizou uma série de viagem de estudos pela América do Sul
durante as quais percorreu Colômbia, Equador, Chile, Paraguai e Brasil. Por
ocasião destas viagens, Washburne ocupava a presidência da Progressive
Education Association. Durante a missão, intermediou a criação de seções da
New Education Fellowship nos países que visitou na qualidade de membro
correspondente daquela associação, cuja sede internacional ficava em Londres.
(Imagem de uma sala de aula ministrando o método de ensino Winnetka. Retirado da internet)
O método de ensino Winnetka, como verificamos anteriormente, inclui um
programa mínimo, formado por matérias instrumentais e sociais, adaptado ao
amadurecimento e capacidade dos alunos − não há atividades diárias, nem
recitações de lições.
“Washburne and the Winnetka staff believed that spelling was
perhaps the easiest subject in the curriculum to individualize because they
knew specifically what words they wanted to teach the children and because the
means of testing was so simple, direct and diagnostic. Advocating
scientifically selected and graded spelling lists, Washburne outlined eight
‘essential elements' of the technique.” (Meuer, 1988:137)
Como verificamos, a equipa Winnetka acreditava que a ortografia
fosse a matéria mais fácil de assimilar pelos alunos, devido ao fato de haver
uma lista de vocabulário selecionada e classificada (Cf. Meuer, 1988:137).
O educador, por um lado, era considerado guia
em sala de aula e, por outro, o método utilizado permitia que os alunos estudem
sozinhos e controlem o seu próprio desenvolvimento intelectual. Como se procedia?
Simples: utilizavam-se fichas e materiais didáticos autocorretivos para que os
alunos, sem necessidade de ajuda, pudessem corrigir o seus trabalhos e testes
práticos. Segundo Beck (2016), os cinco princípios básicos deste método de
ensino são os seguintes:
1. Fornecer conhecimentos e
habilidades ao aluno;
2. Dar o direito ao aluno de
viver sua vida plena e felizmente;
3. Desenvolver imaginação e
expressar originalidade;
4. Desenvolver hábitos e atividades em colaboração com a vida social;
5. Incentivar no aluno o espírito
de solidariedade e o interesse pelo bem-estar comum.
As
investigações científicas do pedagogo Washburne tinham por objetivo uma
individualização do ensino. Um dos primeiros programas a ser reelaborado foi o
de aritmética, por considerar esta disciplina como uma habilidade completamente
individual, nas quais uns apresentavam maiores facilidades e outros não.
(Imagem de uma escola com método de ensino Winnetka. Retirado da internet)
“Les principales critiques pédagogiques faites à la méthode
Winnetka, mais aussi aux fichiers autocorrectifs de la pédagogie Freinet se
situent au niveau du modèle d'appren-tissage soupçonné sous-jacent à ces
techniques pédagogiques. C'est le béhaviorisme et son conditionnement
répondant-opérant, c'est à dire l'impré-gnation par des procédés d'imitation et
d'automatisation, qui est visé. Ce compor-tementalisme (c'est la critique la
plus fréquente) fait de l'élève un apprenant passif: ses acquis antérieurs ne
sont pas mis à profit pour l'acquisition des faits nouveaux présentés; l'élève
subit les empreintes qui lui viennent de l'extérieur. Il n'y aurait donc pas de
‘construction des connaissances’”. (Schlemminger, 1994)
Segundo Schlemminger (1994) , na Revue Trace, as principais
críticas pedagógicas feitas ao método Winnetka
residem na aprendizagem baseava no Modelo Behaviorista, e,
consecutivamente, no condicionamento estímulo-resposta. Como sabemos, o processo
de imitação e automação é a apenas uma meta. Esta interatividade ou falta dela,
torna o aluno um aprendiz passivo: o aluno sofre impressões exteriores,
portanto, não haveria construção de conhecimento novos e estruturais.
As instituições que usaram o Método Winnetka não o consideraram um
produto acabado, antes, um laboratório
de experiências educacionais, onde se testam novos métodos e mensuram
resultados.
P.M.
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O Plano Dalton é um conceito educacional criado por Helen Parkhurst, inspirado
pelos movimentos sociais do Século XX. Alguns intelectuais, tais como Maria
Montessori e John Dewey influenciaram Parkhurst. A essência do referido Plano
reside no equilíbrio entre o talento de uma criança e as necessidades da
comunidade de modo a adaptar o programa de cada aluno às suas necessidades,
interesses e habilidades; para promover independência e confiabilidade e para
aprimorar as habilidades sociais do aluno e o senso de responsabilidade para
com os outros.