O Fado foi a primeira
expressão artística a ser declarada pela UNESCO como património cultural
imaterial da humanidade em Portugal, em 2011.
A origem deste característico
estilo musical perde-se no tempo: alguns estudiosos apontam para os Cânticos
Mouros dos bairros de Lisboa, outros para uma fusão entre a música africana e
as canções em voga nos séculos XVIII e XIX, mas nada é certo.
Fado é uma palavra de origem
latina e significa “destino, o que lhe moldou o carácter mais denso e grave, a
referência à saudade e às emoções fortes.
O que é consensual é que o
Fado nasceu na Lisboa oitocentista, em contexto popular ou até marginal de
convívio e lazer. Na Lisboa boémia cantavam-se os temas do quotidiano que se
inspiravam em ambientes frequentados por prostitutas, marinheiros ou marialvas.
Apesar desta inspiração
marcadamente popular, aristocracia também se rendeu aos encantos do Fado. O
mito do envolvimento amoroso do Conde de Vimioso com Maria Severa Onofriana (1820
– 1846), ficará para sempre um referencial da comunidade.
O Fado esteve igualmente
ligado a eventos festivos populares em Lisboa, em representações teatrais ou
até ao carnaval. A rádio teve uma importância fundamental na divulgação deste
estilo, apesar da censura, em 1927, ter travado a sua evolução. Entre os fados
mais antigos que conhecemos encontra-se o Fado
do Marinheiro, modelo para as composições futuras. Daqui nasceram vários
estilos como o fado castiço, boémio, aristocrata, corrido, entre outros.
A partir da década de 30 do
século XX, o fado tem uma ampla divulgação, com novos espaços e interpretes e
com o aparecimento das Casas de Fado na zona do Bairro Alto bem como as companhias
de fadistas profissionais. A censura deixou algumas marcas na sua evolução,
tendo-se perdido um pouco o caráter de improviso para dar espaço à
profissionalização.
Os primeiros registos
discográficos datam do início do século XX, mas com um mercado nacional
incipiente.
O início do cinema sonoro em
Portugal vem dar um novo fôlego ao Fado, integrando fadistas nos seus elencos: Amália
Rodrigues, Fernando farinha, Hermínia Silva, Berta Cardoso, Deolinda Rodrigues,
Raul Nery ou Jaime Santos.
Os anos de ouro do Fado
incluem as décadas de 1940 a 1960, quando surgem os grandes nomes e os grandes
interpretes. Se anteriormente as letras eram anónimas, agora o fado mistura-se
com a poesia e com alguns dos maiores poetas portugueses, a par do enorme
contributo do compositor Alain Oulman. Amália Rodrigues torna-se um ícone do
Fado.
Para mais informações, visita virtual e visita ao Roteiro do fado em Lisboa, aceda ao Museu do Fado.
MJS
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