(Imagem do autor retirada da internet)
João
de Barros nasceu a 4 de fevereiro de 1881 na Figueira da Foz, filho de Afonso
Ernesto de Barros e de D. Mariana da Costa Guia de Barros, uma família burguesa
que recebeu um título nobiliárquico.
Concluiu
os seus estudos na cidade natal e em 1896 ingressou na Escola Politécnica de
Lisboa. Em 1898 inscreveu-se na Faculdade de Direito de Coimbra e em 1904
recebeu a Carta de Bacharel.
Em
1905 foi colocado como professor de Inglês e Francês no Liceu Central de
Coimbra. Em 1906 foi transferido para o Liceu do Carmo em Lisboa e no mesmo
ano, para o Liceu Alexandre Herculano no Porto.
Em
1907 obteve uma bolsa de estudos e deslocou-se a vários países da Europa com o
objetivo de estudar novos métodos de pedagogia e de tomar contato com a
Educação Nova. Como resultado desta viagem, publicou em 1908 a obra A Escola e o Futuro.
Em
1909 participou no 2.º Congresso Pedagógico com a tese “João de Deus, o único
educador nacional”, em que defendeu a vantagem da Cartilha Maternal na renovação do ensino. Neste ano proferiu várias
conferências em Bruxelas sobre literatura portuguesa.
Em
1910, com a implantação da República, foi nomeado para Diretor-Geral da
Instrução Pública do Ministério do Interior. Demitiu-se em 1911 devido a um
desentendimento com o Ministro do Interior, tendo por base as alterações feitas
à sua proposta de reforma do ensino, embora continuasse a desempenhar funções
na Direção-Geral da Instrução Primária. Neste ano publicou a obra A Nacionalização do Ensino.
Em
1912 fez a primeira viagem ao Brasil, iniciando uma aproximação a este país. Em
1913 iniciou-se o movimento “Renascença Portuguesa”, que contou com a sua
participação nos periódicos Vida
Portuguesa e A Águia. Ainda
durante este ano foi eleito sócio correspondente da Academia das Ciências de
Lisboa e deputado pelo Círculo de Lamego, bem como Diretor-Geral da Instrução.
Em
1914 tornou-se secretário-geral interino do Ministério de Instrução Pública e
publicou A República e a Escola e A Educação Moral na Escola Primária. Em
1915 ascendeu a Diretor-Geral do Ensino Primário. Em 1916 publicou Educação Republicana e Educação e Democracia.
Em
1919 passou a Diretor-Geral do Ensino Primário e Normal e Secretário-Geral do
Ministério de Instrução Pública. Em 1920 e 1922 realizou a segunda viagem ao
Brasil, onde proferiu várias conferências. Em 1924 fez uma viagem de estudo à
Grécia e foi convidado para Ministro dos Negócios Estrangeiros. Abandonou o
cargo em 1925 e passou a ser Diretor-Geral do Ensino Secundário.
Entre
1928 e 1942 retomou o lugar de professor no Liceu Passos Manuel em Lisboa. Em
1945 aderiu ao Movimento da Unidade Democrática, apoiando a candidatura de
Norton de Matos (1949), de Quintão Meireles (1951) e de Humberto Delgado
(1958).
Durante
os seus últimos anos de vida dedicou-se à adaptação de clássicos da literatura
para os mais jovens, entre os quais se destacam Os Lusíadas em prosa de Luís de Camões (1930), Viriato Trágico de Brás Garcia de Mascarenhas (1940), a Odisseia e a Ilídia de Homero, bem como a Eneida
de Virgílio (1947) e ainda as Viagens de
Gulliver de Jonathan Swift (1957).
O seu
pensamento pedagógico orientou-se para uma educação global, ou seja, a mente sã
em corpo são. A leitura e a escrita, ministradas através das escolas móveis ou
fixas, eram responsáveis por promover a dignidade ao cidadão. As sociedades
modernas só poderiam evoluir mediante a instrução de todos.
Esta
ideia foi por ele associada ao ideal republicano, que seria responsável por
formar um homem-novo, orientado por uma instrução que defendia os valores da
República. Assim se compreende a introdução de uma moral laica, acima da
religião, que veicula a tolerância, a liberdade e a crença no poder do homem.
João
de Barros também apelou a uma “cultura de sensibilidade” que se apoiava na
educação artística, permitindo ao aluno desenvolver-se harmoniosamente.
Fonte
principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto :
ASA, 2003.
MJS