2024/07/11

Nos 500 anos do nascimento de Camões - D. Manuel II e Camões - “O rei que amava os livros” (Parte II)

 

 

D. Manuel, trabalhando à sua secretária, em Fulwell Park.
(Fonte: plataformacidadaniamonarquica)

 

3. A vida no exílio

D. Manuel deixará Portugal embarcando na praia da Ericeira, primeiro em direção a Gibraltar e, depois, para Inglaterra, acolhido pela família real desse país, passando o resto da sua vida em Fulwell Park (Twickenham), não muito longe de Londres, a partir de 1913, após o seu casamento. Para grande agrado do rei exilado, a mansão do século XVII que vem a habitar possuía espaço suficiente para acolher a sua já vasta biblioteca.

Ávido leitor e bibliófilo, começou a adquirir raras e belas edições de livros antigos portugueses, estabelecendo laços importantes e cruciais com casas editoriais e livreiros especializados (ex.: Maggs Bros. e o Dr. Maurice L. Ettinghausen), do Reino Unido e do restante continente europeu. Conseguiu, assim, reunir vasta e diversa bibliografia – numerosos códices importantes, forais manuelinos, autógrafos régios e cópias manuscritas de crónicas e documentos com grande relevância para a História de Portugal. Não obstante, a parte mais rica é a que reúne livros impressos de iminente valor e raridade.

 

“O Rei revela um minucioso cuidado na procura de espécies para a constituição da sua biblioteca portuguesa, não só através da reunião das mais belas e completas obras, como da promoção ativa da sua conservação.”


 (Maria de Jesus Monge in D. Manuel II e os Livros de Camões, p. 21)

 

 

D. Manuel lia muito e estudava aturadamente cada um dos volumes que possuía e adquiria. O seu tempo era escrupulosamente aproveitado. Levantava-se cedo, almoçava com a mulher, a rainha Augusta Vitória, tendo, por vezes, a companhia de alguém próximo da comunidade portuguesa que o acompanhou em Inglaterra. Por vezes, acontecia receber a visita dos monarcas ingleses, Jorge V e a rainha Mary, o qual se espantava com a capacidade e rapidez com que a secretária e ajudante de D. Manuel (Miss Margery Withers), aprendia a falar e a escrever o português. Miss Withers, bibliotecária e colaboradora próxima do rei, foi uma ajuda imprescindível na tarefa de classificação e organização da coleção de livros antigos e na conclusão da magna obra do rei “Livros Antigos Portugueses”, em três grandes volumes, o último dos quais ela concluiu após a morte prematura e inesperada daquele.

4. Bibliófilo e bibliógrafo

“Quizemos mostrar, ou antes, tornar conhecidos, os nossos livros.”

                                                                            (Palavras iniciais da Introdução do Catálogo 

                                                                             «Livros Antigos Portugueses […]. Descritos

                                                                             por S.M. El-Rei D. Manuel II)

 

 

D. Manuel II, na sua biblioteca, em Fulwell Park.
(Fonte: monarquiaportuguesa.blogs.sapo.pt)

 

Foi o propósito de escrever uma biografia documentada sobre o seu antepassado, o rei D. Manuel I, procurando lançar nova luz sobre a figura e o papel deste rei na expulsão dos judeus de Portugal, que levou a que D. Manuel II reunisse um vasto conjunto de obras sobre temas ligados à época de ouro que conduziu Portugal à Índia e a futuras e novas descobertas. Porém, desistiu de levar por diante este projeto e optou pelo tema dos Descobrimentos. Com o crescimento da sua biblioteca pessoal, o rei acaba por dedicar-se à descrição dos livros antigos da sua biblioteca.

 

“A qualidade e a erudição do trabalho de D. Manuel II coloca-o nos primeiros lugares da nossa história do livro, só comparável a Barbosa Machado ou a António Joaquim Anselmo.” 

(www.fcbraganca.pt)

                                                                                                                               

Não se limitando a ser um bibliófilo (“aquele que ama os livros”), D. Manuel iniciou, por volta de 1926/27, um estudo bibliográfico pormenorizado com a descrição completa de cada um dos seus livros, reunindo considerações históricas, literárias, bibliográficas e biográficas sobre cada exemplar. Desta entrega, resultou a publicação do valioso trabalho: «Livros antigos portugueses 1498-1600 da Biblioteca de Sua Majestade Fidelíssima descritos por S.M. El-Rei D. Manuel em três volumes: I 1489-1539; II 1540-1569; III 1570-1600 e Suplemento 1500-1597. Impresso na Imprensa da Universidade de Cambridge e publicados por Maggs Bros. Londres. 1929 - 1932 - 1935, respetivamente, em edição bilingue português e inglês (a obra encontra-se, hoje, digitalizada e passível de consulta no sítio da Fundação da Casa de Bragança).

 

“Em 1926, já o real objetivo havia sido redirecionado. O real pesquisador tornou-se um investigador, renunciando à ideia da biografia para se concentrar na enumeração, definição e explicação dos clássicos e livros raros e antigos da sua biblioteca. Não era já um rol elementar dos livros de um colecionador, mas uma obra erudita, pois o autor tratou de escrever e descrever as pretéritas glórias de Portugal dos antigos reis, narrando cada volume não só bibliograficamente, mas documentando-o com um ensaio sobre cada autor e sobre cada tema do livro, inscrevendo-o no seu âmbito histórico. A explicação e interpretação de cada obra pelo Rei era estribada com fontes, provas e documentos conferindo-lhe rigor e carácter científico.”

 

 (Miguel Villas-Boas in D. Manuel II, O Bibliógrafo)

 

(continua)

 

JMG

 

2024/07/08

Instalações para o ensino (1968 a 1972) - Ministério das Obras Públicas - Escolas do Ciclo Primário: Escola Preparatória de Afonso de Aveiro, Aveiro

 

- Escola Preparatória de Afonso de Aveiro -

O Ministério das Obras Públicas concluiu 42 edifícios, no período decorrente de 1968 a 1972, destinados a estabelecimentos dos cursos preparatório, secundário e médio. A título de divulgação, neste post, daremos a conhecer - a Escola Preparatória de Afonso de Aveiro, Aveiro.


(No topo à direita, pode ver-se uma zona de acesso aos pavilhões. Em baixo, um pátio interior descoberto e os pavilhões)

(No topo, pode observar-se um pátio interior descoberto e alguns pavilhões. Em baixo, à esquerda, a ficha técnica com a identificação da escola, a dimensão da área coberta, a dimensão da superfície de pavimentos, o custo total das instalações, a data de conclusão da obra, a população escolar e a discriminação das dependências)


Ministério das Obras Públicas (1973). Novas Instalações para o ensino construídas entre

 1968 e 1972. Lisboa: Direcção-Geral das Construções Escolares.



P. M.