2023/03/02

Educação e Monarquia: D. Afonso IV (1291 - 1357)


D. Afonso IV (1291 - 1357), "o Bravo", era filho de D. Dinis e de D. Isabel de Aragão. A sua relação com o pai foi sempre bastante conflituosa, tendo incitado à guerra civil diversas vezes. A causa deve-se à preferência de D. Dinis pelo filho ilegítimo, D, Afonso Sanches, e pelo receio de perder o trono.

Em 1309 casou com D. Beatriz, filha de Sancho IV de Castela. Subiu ao trono em 1325 e convocou Cortes em Évora, onde foi tomada a decisão de desterrar Afonso Sanches e de lhe retirar todos os bens. Durante o seu reinado houve alguns conflitos com o seu meio-irmão e com D. Afonso XI de Castela.

A ameaça muçulmana sanou estes conflitos e D. Afonso obteve uma enorme vitória na Batalha do Salado em 1340.

As viagens marítimas também foram uma prioridade do seu governo, realizando-se as primeiras viagens às Canárias em 1336. O monarca desenvolveu a marinha portuguesa, subsidiando a construção de uma frota mercante e financiando viagens de exploração.


(Imagem retirada da Internet)

Ao nível interno reforçou a administração pública e a centralização do poder real com a criação dos juízes de fora: os magistrados passaram a ser eram nomeados pelo rei e não pelos membros dos concelhos. A nobreza foi proibida de exercer justiça e vinganças privadas, numa tentativa de reprimir os abusos senhoriais.

No que respeita ao ensino, reorganizou a universidade que foi transferida para Lisboa.

O final do reinado foi marcado por diversos problemas: maus anos agrícolas que causaram falta de cereais, um sismo em Coimbra em 1347 que causou enormes danos materiais e em 1348, a chegada da peste negra que dizimou grande parte da população.

Não se pode deixar de referir um dos factos que mais marcou este governo: o assassinato de Inês de Castro que provocou a rebelião do príncipe D. Pedro. Esta situação deveu-se à presença de grande número de nobres castelhanos em Portugal. Ao assumir o seu relacionamento com Inês de Castro, de origem castelhana, D. Pedro abriu espaço para o aumento de privilégios da nobreza espanhola. Preocupado com a ascensão ao trono de um dos filhos ilegítimos de D. Pedro em vez do seu filho legítimo D. Fernando, o rei D. Afonso tentou por todos os meios terminar o relacionamento do filho. A situação culminou com o assassinato de Inês de Castro.


MJS

2023/02/27

Educação e Monarquia: D. Dinis (1261 - 1325)

 

D. Dinis (1261 - 1325), “o Lavrador”, era filho de D. Afonso III e de D. Beatriz. Em 1282 casou com D. Isabel de Aragão, uma figura incontornável da história nacional pelas suas ações de caridade e pela sua atuação na política interna e externa.

D. Dinis não teve preocupações com a expansão territorial e dedicou-se à administração do reino e à centralização do poder real. Iniciou o processo de Inquirições em 1284 e manteve-as ao longo do seu reinado.

Em relação à Igreja, proibiu que as ordens e os clérigos adquirissem bens de raiz, mas defendeu os seus direitos devido aos problemas criados pelo sistema do padroado. Apoiou a Ordem de Santiago e transformou a Ordem dos Templários na Ordem de Cristo.

Em 1295 iniciou uma guerra com Castela que terminou com a assinatura do Tratado de Alcanises em 1297 e com a estabilização de fronteiras na Beira e no Alentejo.

Incrementou as feiras francas através da concessão de privilégios a diversas povoações. As exportações para a Flandres, Inglaterra e França foram apoiadas.

A agricultura foi outra das suas preocupações, procurando que a população explorasse as terras e facilitando a distribuição das mesmas.


(Imagem retirada da Internet)

Ao nível da cultura, D. Dinis deu um enorme impulso a esta área, sendo ele próprio autor de vários poemas. Ordenou o uso da língua portuguesa nos documentos oficiais e a sua corte tornou-se um dos maiores centros culturais da Europa.

Logo após a fundação da escola de Alcobaça, foi criada a primeira universidade em Portugal com a participação de representantes do mosteiro de Alcobaça, do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e do mosteiro de São Vicente Fora em Lisboa. D. Dinis apoiou o projeto e em 1290 fundou-se o Estudo Geral Português, a primeira Universidade da nação. O Papa Nicolau IV aprovou esta fundação.

D. Dinis concedeu inúmeros privilégios e apoio financeiro aos estudantes e à universidade. A Igreja também contribuiu financeiramente para o sucesso deste projeto de forma a pagar aos professores e a garantir menos custos para os alunos.

O modelo para a organização do estudo foi a Universidade de Bolonha e de Salamanca. Em Portugal eram ministrados cursos de Arte, Direito Canónico, Direito Civil e Medicina. O ensino da Teologia estava reservado aos franciscanos e dominicanos.

Os graus atingidos pelos estudantes dependiam do número de anos que estudavam: 3 anos – bacharel; 4 anos – licenciado; 5 anos – mestre.

A universidade ficou em Lisboa até ao ano de 1309 quando transitou para Coimbra. Ao longo do século XIV alternou a sua sede entre Lisboa e Coimbra.

No que respeita à produção artística, entre os finais do século XIII e inícios do século XIV, os documentos mostram que se identificam individualmente os nomes dos arquitetos envolvidos nas obras. Individualiza-se o artista e a aprendizagem torna-se cada vez mais laica.

O ensino das artes ao nível conventual, em que os monges aprendiam as artes nos conventos e depois transmitiam esses conhecimentos, começou um declínio a favor do ensino oficial. Este ensino baseava-se no sigilo, para salvaguardar os interesses materiais.

O ensino oficinal também vai ganhando importância, desenvolvendo-se paralelamente com a afirmação da burguesia. A vinda de artistas estrangeiros para Portugal contribuiu igualmente para a atualização dos artistas e do ensino das artes.


MJS