D. Dinis
(1261 - 1325), “o Lavrador”, era filho de D. Afonso III e de D. Beatriz. Em
1282 casou com D. Isabel de Aragão, uma figura incontornável da história
nacional pelas suas ações de caridade e pela sua atuação na política interna e
externa.
D.
Dinis não teve preocupações com a expansão territorial e dedicou-se à
administração do reino e à centralização do poder real. Iniciou o processo de Inquirições em 1284 e manteve-as ao
longo do seu reinado.
Em
relação à Igreja, proibiu que as ordens e os clérigos adquirissem bens de raiz,
mas defendeu os seus direitos devido aos problemas criados pelo sistema do
padroado. Apoiou a Ordem de Santiago e transformou a Ordem dos Templários na
Ordem de Cristo.
Em
1295 iniciou uma guerra com Castela que terminou com a assinatura do Tratado de
Alcanises em 1297 e com a estabilização de fronteiras na Beira e no Alentejo.
Incrementou
as feiras francas através da concessão de privilégios a diversas povoações. As
exportações para a Flandres, Inglaterra e França foram apoiadas.
A
agricultura foi outra das suas preocupações, procurando que a população
explorasse as terras e facilitando a distribuição das mesmas.
Ao
nível da cultura, D. Dinis deu um enorme impulso a esta área, sendo ele próprio
autor de vários poemas. Ordenou o uso da língua portuguesa nos documentos
oficiais e a sua corte tornou-se um dos maiores centros culturais da Europa.
Logo após a fundação da escola de Alcobaça, foi
criada a primeira universidade em Portugal com a participação de representantes
do mosteiro de Alcobaça, do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e do mosteiro de
São Vicente Fora em Lisboa. D. Dinis apoiou o projeto e em 1290 fundou-se o
Estudo Geral Português, a primeira Universidade da nação. O Papa Nicolau IV
aprovou esta fundação.
D. Dinis concedeu inúmeros privilégios e apoio
financeiro aos estudantes e à universidade. A Igreja também contribuiu
financeiramente para o sucesso deste projeto de forma a pagar aos professores e
a garantir menos custos para os alunos.
O modelo para a organização do estudo foi a Universidade
de Bolonha e de Salamanca. Em Portugal eram ministrados cursos de Arte, Direito
Canónico, Direito Civil e Medicina. O ensino da Teologia estava reservado aos
franciscanos e dominicanos.
Os graus atingidos pelos estudantes dependiam
do número de anos que estudavam: 3 anos – bacharel; 4 anos – licenciado; 5 anos
– mestre.
A universidade ficou em Lisboa até ao ano de
1309 quando transitou para Coimbra. Ao longo do século XIV alternou a sua sede
entre Lisboa e Coimbra.
No que respeita à produção artística, entre os
finais do século XIII e inícios do século XIV, os documentos mostram que se
identificam individualmente os nomes dos arquitetos envolvidos nas obras.
Individualiza-se o artista e a aprendizagem torna-se cada vez mais laica.
O ensino das artes ao nível conventual, em que
os monges aprendiam as artes nos conventos e depois transmitiam esses
conhecimentos, começou um declínio a favor do ensino oficial. Este ensino
baseava-se no sigilo, para salvaguardar os interesses materiais.
O ensino oficinal também vai ganhando
importância, desenvolvendo-se paralelamente com a afirmação da burguesia. A
vinda de artistas estrangeiros para Portugal contribuiu igualmente para a
atualização dos artistas e do ensino das artes.
MJS
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