Karen
Danielsen, posteriormente Karen Horney, nasceu na Alemanha em 1885, filha de Berndt
Wackels Danielsen, capitão de um barco e extremamente religioso e de Clotilde
van Ronzelen. Foi uma importante psicanalista que questionou a visão
tradicional freudiana e fundou a psicanálise feminista.
A sua
mãe, Clotilde, tinha um espírito bastante mais aberto do que o seu pai. Karen
encarava-o como uma figura disciplinadora, sem afeto e com uma clara
preferência pelo seu irmão. Desta forma, ficou sempre muito ligada à mãe, que
acabou por deixar o pai, levando consigo os filhos. Ainda bastante jovem, Karen
teve os primeiros episódios depressivos que a iriam acompanha toda a vida.
Em
1906 entrou no curso de medicina contra a vontade dos seus pais na Universidade
de Freiburg. Em 1908 foi transferida para a Universidade de Göttingen e
posteriormente para Berlim. Concluiu a licenciatura em 1913. Foi durante a
época de estudante que conheceu o seu futuro marido, Oskar Horney, com quem
casou em 1909. Em 1920, Karen começou a lecionar no Instituto de Psicanálise de
Berlim.
Em
1923, a empresa do seu marido entrou em insolvência. Oskar contraiu meningite,
o que lhe alterou profundamente o temperamento. Para além disso, neste ano
morreu o irmão de Karen. Tudo isto contribuiu para um agravamento do seu estado
mental.
Em
1926, saiu de casa com as suas três filhas e quatro anos mais tarde mudou-se
para Brooklyn nos Estados Unidos. Aqui existia uma forte comunidade intelectual
judaica, onde Karen conheceu vários académicos de renome.
O
primeiro cargo que assumiu foi como Diretora do Instituto de Psicanálise de
Chicago. Durante esta época desenvolveu as suas teorias acerca da neurose e da
personalidade, publicadas em 1937 na obra The
Neurotic Personality of Our Time.
Em 1941 passou a trabalhar no American Institute of Psychoanalysis. No entanto, o seu desvio da psicologia Freudiana fez com que abandonasse o cargo, começando a lecionar na Universidade de Nova Iorque, onde ficaria até à sua morte.
Horney
decidiu fundar a sua própria organização, uma vez que considerava a comunidade
de psicanálise bastante austera e conservadora: The Association for the Advancement of Psychoanalysis. Foi
igualmente responsável pela publicação do The
American Journal of Psychoanalysis.
A perspetiva
de Horney sobre a neurose era diferente da de outros psicanalistas da época que
acreditavam que a neurose era uma disfunção mental em resposta a estímulos
externos ou experiências negativas durante a infância e adolescência.
Para
ela, a neurose era um processo continuo que ocorria ao longo de vida de um
indivíduo. Acreditava que a ênfase devia ser colocada na relação parental e na
perspetiva infantil dos eventos. Horney estabeleceu as dez necessidades
neuróticas: 1. A necessidade de afeto e aprovação; 2. A necessidade de um
parceiro; 3. A necessidade de poder; 4. A necessidade de manipulação; 5. A
necessidade de reconhecimento social; 6. A necessidade de valorização; 7. A
necessidade de realizações pessoais; 8. A necessidade de autossuficiência e independência;
9. A necessidade de perfeição; 10. A necessidade de ter uma vida discreta.
A
teoria do narcisismo também foi objeto de reflexão por parte de Horney. Para
ela é um tipo de autoestima que não se baseia em realizações genuínas.
Em
conjunto com Alfred Adler, Karen fundou a escola Neo-Freudiana. Apesar de
reconhecerem o trabalho de Freud, defendiam que as maiores influências na
personalidade do indivíduo são as ocorrências sociais na infância e não os
desejos sexuais reprimidos. Ao contrário de Freud, Horney pensava que as
mulheres tinham apenas “inveja” do poder masculino no mundo. Os homens, por sua
vez, “invejavam” a maternidade, o poder de gerar um ser vivo. O complexo de
Édipo também foi reformulado por ele. No final da sua vida, Horney sintetizou
as suas ideias na obra Neurosis and the
Human Growth. The Struggle Toward Self-Realization (1950).
Horney
foi igualmente pioneira na área da psiquiatria feminista, uma vez que o
comportamento feminino tinha sido negligenciado ao longo do tempo. Na obra The Problem of Feminine Masochism,
afirma que a mulher era socialmente incentivada a depender do homem para obter
amor, prestígio, riqueza ou proteção. A mulher não buscava a sua autorrealização,
mas sim o desejo de agradar, sendo valorizada pelo seu papel na família.
Karen
Horney faleceu a 4 de dezembro de 1952 em nova Iorque.
MJS