Continuamos, neste espaço a prestar
homenagem a arquitetos que, ao longo dos anos, foram enriquecendo o património
escolar português.
Jorge Segurado (1898-1990) foi um dos arquitetos
emblemáticos da Arquitetura Moderna em Portugal.
Licenciado pela Escola de Belas Artes de Lisboa, foi desde os anos 30 arquiteto
da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Nesse período, realiza
duas viagens que serão fundamentais para a introdução de novas linguagens
estéticas em Portugal: em 1931, à Alemanha, com o seu amigo, o artista Mário
Eloy, para visitar a Bauhaus; e no final da década, com António Ferro, aos
Estados Unidos, onde projeta os pavilhões de Portugal em S. Francisco e Nova Iorque.
Pouco depois, em 1940, colabora na exposição do Mundo Português, tendo sido o arquiteto
responsável pelas 'Aldeias Portuguesas'; e dirige, a partir de 1944, a
instalação do Museu de Arte Popular, resultante da adaptação de pavilhões da
Exposição dos Centenários.
Entre outras obras, foi o autor da Casa da
Moeda, um dos exemplos maiores do modernismo arquitetónico português, e dos
Estúdios da Tóbis Portuguesa, também em Lisboa.
Na segunda metade dos anos 50, projeta dois importantes conjuntos de arquitetura
habitacional em Lisboa: na Av. do Brasil, os chamados 'blocos amarelos' do
Montepio Geral, que ganharam essa designação informal devido ao seu
revestimento azulejar amarelo vivo; e no cruzamento da Avenida dos Estados
Unidos da América com a Avenida de Roma, os quatro blocos, semelhantes dois a
dois, que definem a praça.
Jorge Segurado dedicou-se também à escrita, de que ficou testemunho em obra
publicada, bem como à pintura e ao desenho, tendo realizado uma última
exposição em 1983, na Galeria Diário de Notícias, em Lisboa.
No domínio da arquitetura escolar, projetou o edifício do Liceu D. Filipa de
Lencastre, no Bairro do Arco do Cego, em Lisboa, inaugurado em 1938.
Este Liceu, que havia sido criado em 1928, funcionara em instalações
provisórias no Palácio Corte Real, na Rua do Quelhas e, mais tarde, num
edifício de habitação, à Estrela, onde se mantém até 1938.
Entretanto, tinha sido encomendado, a Jorge Segurado, o projeto de um edifício
para Escola Primária, no bairro do Arco de Cego, com um programa de tal modo
amplo que teria feito desta a maior escola primária do país. Este programa,
porém, é considerado demasiado ambicioso. É então pedido ao arquiteto a
reformulação do projeto, de modo a instalar o liceu D. Filipa de Lencastre,
vindo este a tornar-se um dos edifícios liceais emblemáticos da capital.