2023/01/05

Invenções que mudaram o mundo: o vidro

(Imagem retirada da Internet)

O vidro é um material sólido e amorfo, geralmente transparente e quebradiço. A produção do vidro resulta da junção das seguintes matérias primas: sílica, óxido de cálcio e óxido de sódio. Esta mistura é levada ao forno e cozida a 1200 ou 1400º C. Após perder a água, juntam-se aditivos e corantes. A partir daqui a temperatura baixa para 800 ou 400ºC e o vidro fica pastoso e pronto a ser moldado.

Consoante o processo de fabrico e a utilização os vidros podem ser classificados em: vidro laminado, vidro prensado, vidro oco soprado, vidro para ótica, vidro orgânico ou vidro solúvel.

O fabrico do vidro é conhecido desde 5000 a. C. Era utilizado para impermeabilizar o interior de alguns objetos e obtido a partir de uma mistura de soda natural ou das cinzas de algumas plantas ricas em alcalis, juntando-se calcário e areia de quartzo. Formava-se assim uma espécie de verniz que, depois de arrefecer se tornava sólido.

Progressivamente foram-se conhecendo as propriedades deste material, nomeadamente a maleabilidade, o ponto de fusão e as técnicas de moldagem. Na síria e Mesopotâmia encontravam-se os maiores centros de produção de objetos em vidro. A técnica foi difundida pelo mediterrâneo através de comerciantes, nomeadamente os Fenícios que inventaram a técnica do sopro no século I a. C.


(Imagem retirada da Internet)


O Império romano permitiu a expansão desta técnica por toda a Europa, criando objetos em vidro transparente ou colorido, decorados com figuras mitológicas, históricas ou figuras naturalistas. O mosaico colorido teve o seu apogeu nesta época.

Após a queda do Império Romano houve um declínio no fabrico do vidro, embora as técnicas mão se tenham perdido. A aplicação de vidro em janelas, sobretudo em igrejas góticas, tornou-se uma prática frequente nos séculos XII e XIV. A este tipo de vidros chama-se vitral, constituídos por membranas translúcidas e coloridas.

O Renascimento colocou a cidade de Veneza no centro da produção artística até ao século XVII. A indústria concentrava-se na ilha de Murano, onde se produzia um vidro que permitia elaborar formas escultóricas requintadas. Murano foi o local escolhido para evitar o perigo de fogo e para preservar o segredo das técnicas utilizadas. A cidade de Nevers, em França também adquiriu grande prestígio.

Na época barroca, Praga, Nuremberga e Potsdam destacaram-se no fabrico deste material. Já no século XVIII, Inglaterra recuperou algumas das tradições romanas, surgindo as primeiras experiências de produção em série.

Durante o período da Arte Nova, o vidro tem um desenvolvimento exponencial, elevado a um nível artístico e criativo com Louis Tiffany, Émille Gallé ou René Lalique.

Em Portugal, a indústria vidraceira foi impulsionada por D. João V com a criação da Real Fábrica de Coina, posteriormente deslocada para a Marinha Grande. Com a nomeação de Guilherme Stephens para diretor em 1769, a Real Fábrica de Vidros da Marinha Grande tornou-se uma das maiores e mais qualificadas da Europa, sendo uma das primeiras a produzir objetos em cristal.


MJS

2023/01/02

Invenções que mudaram o mundo: a vacina

 

(Imagem retirada da internet)

A vacina é uma preparação biológica utilizada como terapêutica preventiva para uma determinada doença. Uma vacina contém um agente patogénico semelhante à doença e ao ser introduzida no organismo estimula a resposta imunitária contra esse agente. O corpo humano retém uma memória imunológica para que possa reconhecer e destruir os microrganismos que provocam a doença. A vacinação é o método mais eficaz para prevenir a disseminação infeciosas e produzir imunidade generalizada.

Pensa-se que terá sido na China e na Índia que se fizeram as primeiras tentativas de imunização contra a varíola. Esta doença proliferou na Europa matando cerca de 30% dos infetados. Manifestava-se através de febre e vómitos, seguido de pústulas que se estendiam a todo o corpo. Os doentes que sobreviviam ficavam desfigurados e muitos cegavam.

O método utilizado para prevenir esta doença era a variolação: obtinha-se uma amostra de varíola que era injetada no indivíduo através de uma agulha ou apenas esfregada na pele. Não se sabia porque é que isto sucedia, mas era notório o resultado.

Durante o século XVIII, o médico Thomas Dimsdale dedicou-se ao estudo desta doença e ao método de variolação. Verificou que as pessoas inoculadas se tornavam, na sua maior parte, imunes à doença. Este médico foi chamado pela Imperatriz Catarina da Rússia para proceder à sua inoculação e do príncipe herdeiro, que foi um sucesso.

Edward Jenner, médico inglês, após anos de estudo e observação chegou à seguinte conclusão: quando ocorriam surtos de varíola, os indivíduos que ordenhavam as vacas não contraiam a doença. No entanto, eram portadores da doença chamada cowpox, ou varíola das vacas. Para testar a sua teoria, realizou uma experiência em 1769, inoculando o filho do seu jardineiro com o vírus da varíola das vacas, tendo tido sucesso. Apesar de não ter conhecimentos de imunologia, o médico propôs a disseminação da vacina.

Em 1799 foi criado um instituto de vacinação em Londres e em 1800, a Marinha Britânica adotou a vacinação. A partir do século XIX foram enormes os esforços para levar a vacina a toda a população. Em 1959, a Organização Mundial de saúde levou a cabo uma campanha de erradicação da doença que terminou em 1980.

A outra vacina que também merece destaque é a vacina da raiva, criada por Louis Pasteur através de um método científico. Pasteur conseguiu descrever o papel dos micro-organismos na transmissão de infeções. A raiva era causada pelo Lyssavirus, instalando-se no sistema nervoso e nas glândulas salivares, de forma que os humanos que fossem mordidos por cães com a doença acabavam por a contrair.


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Em 1885, o investigador conseguiu isolar extratos da medula de um animal infetado que inoculou numa criança de oito anos mordida por um cão, Joseph Meister, que se tornou o primeiro sobrevivente da doença.

Em 1879, descobriu o Bacillusanthracis e em 1881, juntamente com Charles Chamberland, criaram uma vacina contra o carbúnculo.

Em 1887, Pasteur fundou o seu próprio Instituto, com o objetivo de proceder à investigação científica da patologia e transmissão de doenças e produção de vacinas. O trabalho aqui desenvolvido permitiu controlar doenças como a difteria, o tétano, a tuberculose, a poliomielite, a gripe ou a febre amarela. Em 1983 foi aqui isolado pela primeira vez o vírus do HIV.

Ao longo de todo o século XIX e XX foram feitos enormes progressos na área da vacinação, bem como na identificação de bacilos que mudaram a saúde da população mundial para sempre.

Em Portugal, Manuel Joaquim Henriques de Paiva publicou em 1801 uma obra sobre a vacina da varíola. Só em 1880 obra de Edward Jenner seria traduzida para português.

Em 1812 foi criada a Instituição vacínica na Academia Real das Ciências de Lisboa, com o incentivo de Bernardino António Gomes. A vacinação foi amplamente divulgada e a população estava consciente das suas vantagens. A esperança média de vida aumenta e a mortalidade diminui. 

As descobertas de Pasteur tiveram eco em Portugal levando à criação de um gabinete de Microbiologia na Faculdade de Medicina de Coimbra em 1882. Em 1899 com instalações próprias, desenvolveu-se o Real Instituto Bacteriológico de Câmara Pestana. A sua função era a preparação de soros para tratamento de doenças e de vacinas.

Em 1965 Portugal iniciou um Programa Nacional de Vacinação, apesar de algumas vacinas já serem obrigatórias. Também neste ano surgiu o Boletim Individual de saúde, onde se registavam as vacinas e as datas.


MJS