2022/08/04

Francisco de Almeida Grandella: de marçano da Calçada da Pampulha ao fundador do império comercial dos Grandes Armazéns Grandella ou o percurso singular de um self made man português


  Francisco de Almeida Grandella (Aveiras de Cima, 23 de junho de 1853 – Foz do Arelho, 20 de setembro de 1934),é uma figura incontornável do empreendedorismo e espírito irrequieto de um homem de negócios que via claramente para além do seu tempo. A sua vida passou por momentos marcantes da história nacional da segunda metade do século XIX e prolongar-se-ia pelos períodos ainda mais conturbados que caracterizariam os antecedentes e a instauração da República e posteriormente a criação do Estado Novo. Com efeito, com a Regeneração, o Fontismo, o Ultimato inglês, a revolta republicana do Porto em 1891, o regicídio de 1908, a instauração da República, a participação portuguesa na I Grande Guerra, o golpe militar de 28 de maio de 1926, a instauração da Ditadura Militar, a chegada de Oliveira Salazar ao governo em 1928 e a posterior publicação da Constituição de 1933, chegariam só por si para enquadrar a figura de Grandella num ambiente político-social assaz particular.

 

Aspeto dos Grandes Armazéns Grandella, entrada pela Rua do Carmo, 1931
[imagem retirada da internet (1)]

Com apenas 12 anos, e a pedido do pai, vai para Lisboa, trabalhar no número 253 da rua dos Fanqueiros, afim de substituir o seu irmão Eduardo, que se encontrava gravemente doente. Por lá se manteve cerca de 3 anos, após os quais, e na sequência do trespasse da loja pelo patrão a um caixeiro, sem que o promovesse, que Francisco Grandella relata na primeira pessoa: “ Foi até quando o Ferreira Martins (patrão) trespassou a loja a um seu caixeiro, o Manuel Luís de Macedo e eu fomos também no negócio como se fizéssemos parte dos trastes da casa. Ao meu pai não lhe agradou que fosse vendido como um escravo, chamou-me para casa.”, prosseguindo “(…) por isso mandava-lhe pedir para no domingo de manhã mandar uma cavalgadura à Azambuja, porque eu parto daqui às quatro horas da manhã (no comboio), o mais eu à vista lhe contarei.” (2)

De regresso a Aveiras de Cima, aproveitou para estudar e aprofundar a língua francesa com o eminente professor Teodoro José da Silva, fato que mais tarde muito contribuiria para o sucesso comercial dos Armazéns Grandella e Cª, após uma visita a Paris. Por volta de 1870, regressa de novo a Lisboa e à rua dos Fanqueiros nº 173 e 175, onde se emprega no balcão. Permanece nessa casa 4 anos, após os quais muda para a loja de fancaria de António Marques da Silva, na rua da Prata, nº 111 e 113, assumindo aqui a direção da loja e onde permaneceu cerca de 8 ou 9 anos. Durante este período, e tomando conhecimento que o Banco Hipotecário estava a vender umas propriedades na sua terra natal, Francisco Grandella adquiriu-as e passou a administra-las. Homem trabalhador, mas resoluto, um dia aziago leva-o a “pespegar dois bofetões num marçano” (3), advindo daqui o seu pedido de demissão do emprego, na exata medida que o ofendido era familiar do patrão. Conquanto tudo parecia perdido no mundo do comércio de fazendas, Grandella encontra-se com Francisco da Conceição Silva, caixeiro e sócio do seu irmão Luís, com armazéns de farinha e fábrica de bolachas em Santo Amaro, que lhe propõe um empréstimo para que se estabeleça por conta própria. Após hesitação inicial, aceita as condições do empréstimo e em poucos dias encontra-se a fazer cartões com o nome “Grandella & Cia”, estabelecendo-se na rua da Prata, nº 112 e 114, sob o nome apelativo de firma “Fazendas Baratas”. Nascia o nome e o mito Grandella. Com uma publicidade aguerrida e direcionada para o grande público, em breve adquire nome e projeção na capital, na província, nas ilhas e até nas colónias. Revoluciona o mercado com a venda por correspondência, com direito a envio por correio e devolução, no caso de não aceitação por parte do cliente. Publica e distribui catálogos dos produtos que comercializa, operacionalizando uma verdadeira inovação/ revolução na relação com o cliente final. Com o negócio a prosperar, em breve adquire por trespasse uma loja a um judeu estabelecido no Rossio, a que apropriadamente chama de “Loja do Povo”. Com o negócio sempre em crescendo, adquirindo novas técnicas do que hoje apelidamos de marketing agressivo, contrata um “criado-reclamo”, vestindo-o de soldado inglês e trajando de vermelho. Malgrado a troça da petizada, o sucesso comercial foi estrondoso, contribuindo para a abertura de outra loja de fazendas em 1890, desta feita estabelecida na rua do Ouro, com o apelativo nome de “O Novo Mundo”. Lisboa grandellizava-se, colocando fim ao pequeno mercador e criando o comerciante empreendedor, ousado e com espírito de risco comercial. Estava encontrada a forma para o sucesso retumbante nesta área de negócio. Nesta altura, Grandella já era o proprietário do Teatro Novo da Rua dos Condes (onde atualmente está o Hard Rock Café de Lisboa), que mandara reconstruir e onde funcionava uma “das mais elegantes e confortáveis salas de espetáculos da cidade”, conforme noticiava o Diário de Notícias no dia de consoada de 1888. Nos subterrâneos do Teatro Novo, funcionava o Clube dos Makavenkos, um grupo de boémios, que se apresentava como sociedade gastronómica. Deste período datam também a criação de fábricas de malhas, tecidos, fiação e móveis de ferro em Benfica, onde mais tarde iria criar o bairro Grandella, em São Domingos de Benfica, composto por habitações sociais com rendas vantajosas para as centenas de operários, uma escola primária e uma creche para os filhos dos trabalhadores.

Em finais de Oitocentos, Grandella desloca-se a grandes centros industriais ingleses de manufatura de tecidos e fiação (Manchester, Birmingham e Londres), regressando por Paris, onde se fascinou pelos Armazéns Printemps da cidade-luz. Inebriado pela visita parisiense, adquire em 1903 um grande prédio na rua Nova do Carmo, cujas traseiras ligavam com a loja “O Novo Mundo”, na rua do Ouro. Contratou o arquiteto francês Georges Demay, o mesmo  que projetara os Armazéns Printemps parisienses e em 7 de abril de 1907 inaugurou os sumptuosos e luxuosos Grandes Armazéns Grandella. Composto de 10 pisos, e com uma área comercial jamais vista em Portugal, os Armazéns Grandella foram um marco indissociável da cidade e da vida comercial do país durante 8 décadas, até ao incêndio que destruiu todo o interior a 25 de agosto de 1988. (4)  

 

As escolas primárias “à margem do Plano dos Centenários” do benemérito Francisco Grandella e o ideal republicano da democratização da instrução das populações

 


Aspetos da degradação do edifício escolar “tipo Grandella”, Aveiras de Cima, 1968 (I)  


Aspetos da degradação do edifício escolar “tipo Grandella”, Aveiras de Cima, 1968 (II)


Embora tenhamos destacado o espírito empreendedor e comercial do senhor Grandella, existem ainda outras facetas que importará seguramente aludir. Além de republicano – o Partido Republicano Português elegeu-o vereador municipal na Câmara Municipal nas eleições de 1908, não tanto pelos dotes políticos, mas antes pela figura e estatuto que detinha na cidade de Lisboa -, maçon filiado na Loja José Estêvão, sob o nome de “Pilatos” -, foi também um benemérito com um contributo incontornável para a erradicação da iliteracia e a alfabetização num país profundamente atrasado. Com a construção das escolas Francisco Grandella, o país teve seguramente uma mais valia para a instrução da população em geral. Apaixonado pela questão da educação em Portugal, pelo modelo educativo alemão e pelas escolas móveis, foi na Foz do Arelho, onde tinha uma casa de veraneio, que Grandella, com o apoio de Miss Stella Stuart – uma inglesa que teria conhecido em 1904 num dos jantares do já citado “O Clube dos Makavenkos” – e do professor Casimiro Freire, que dinamizaram entre 1904 e 1906 várias missões educativas. Cada missão, com a duração de 4 meses, compunha-se de 90 lições, baseadas no método do pedagogo João de Deus. Com efeito há notícias, que em fevereiro de 1905 tivera lugar a 127ª aula na Foz do Arelho, sendo que em julho desse ano o filho do poeta, João de Deus Ramos, assistira às provas finais de exame. Era convicção do professor Casimiro Freire, e de toda a equipa que liderava, que replicando o modelo das escolas móveis e adotando concelho a concelho de todo o país este modelo pedagógico, todos os indivíduos dos 6 aos 60 anos saberiam ler, por alturas do centenário do nascimento do pedagogo, que ocorreria em 1936. Embora fosse uma iniciativa de louvar, cremos que na prática não teve reais resultados.

No recenseamento que conseguimos identificar, apenas localizamos 6 escolas mandadas construir por iniciativa de Francisco Grandella. Obedecendo a um modelo arquitetónico regular, são construções térreas, encimadas por um frontão triangular, estilo neoclássico, com 4 ou 6 colunas de traça clássica (6 colunas no caso do bairro Grandella, em Lisboa ou na terra natal), os elementos base, fruste e capitel sem motivos decorativos, e quase sempre com ligações a figuras republicanas. A primeira escola, construída em Aveiras de Cima, foi inaugurada em 1906 e tem no frontão triangular a inscrição “Escola Primária Francisco Maria de Almeida Grandella”. Do mesmo ano, construi-se também a Escola Afonso Costa, no bairro de São Domingos de Benfica, agregada a uma creche e um bairro residencial para os operários do Grandella.

 


Planta do edifício escolar de 4 salas, 2 sexos, “tipo Grandella” e logradouro, na escala de 1:100


Estimativa para as obras de conservação do edifício “tipo Grandella”, Santarém, 29 de outubro de 1968

 

Em Tagarro, no concelho de Alcoentre, é também inaugurada a respetiva Escola Primária em 21 de agosto de 1910, sendo-lhe atribuído o nome de Augusto José da Cunha, professor e Par do Reino, que aderiu ao Partido Republicano Português em 1907. Esta escola contou com a presença de Afonso Costa, figura incontornável dos primeiros anos da República e a quem Grandella envia a 1 de agosto de 1910 uma carta com informação bem impressiva, que valerá a pena transcrever: “Parecia-me político inaugurar a escola de Tagarro imediatamente, embora abra só para o começo do ano letivo.” Ainda em 1910, e já proclamada a República nos Paços do Concelho de Lisboa e transmitida para todo o país via telégrafo, é inaugurada a 20 de outubro a Escola Bernardino Machado na Foz do Arelho, precedida a 13 do mesmo mês pela Escola França Borges, em Nadadouro, localidade perto da Foz do Arelho. Como momento político de exceção, tinham apenas passado 8 dias desde a proclamação da República, nesta inauguração o jornal O Círculo das Caldas, dá notícia da presença de grandes nomes da recém instaurada República.  Por fim, no ano de 1918, há notícia de mais uma escola primária, desta vez a Escola de Lameira de São Pedro, freguesia do Luso, onde Grandella possuía um chalé.

 


Aspetos do edifício escolar de Tagarro, 1 sala, 1 sexo, alçados principal e lateral esquerdo


Planta do edifício escolar de Tagarro de 1 sala, masculino com residência e logradouro, na escala de 1:100



Memória descritiva e orçamento das obras que necessita o edifício escolar de Tagarro, no valor de 107.000$00, Santarém, 17 de julho de 1962 (I)



Memória descritiva e orçamento das obras que necessita o edifício escolar de Tagarro, no valor de 107.000$00, Santarém, 17 de julho de 1962 (II)


Com pequenas nuances na decoração exterior, as escolas obedeciam a um padrão arquitetónico relativamente regular. No caso da escola e creche de Benfica (na antiga escola primária, atualmente funciona uma secção do Museu República e Resistência), os elementos arquitetónicos são de inspiração maçónica, com um frontão triangular contendo a estrela vermelha de 5 pontas. Em baixo da estrela, constam os selos do Conselho da Ordem do Grande Oriente Lusitano e que Francisco Grandella mandava replicar na fina louça da Vista Alegre. Na Escola de Benfica, consta em listel, o lema “Sempre por bom caminho e Segue” – tal como podemos constatar na fachada principal dos Grandes Armazéns Grandella, após o incêndio de agosto de 1988 -, envolvido numa coroa de louros. (5). Nas escolas do Nadadouro, Foz do Arelho e Luso, constam o nome do fundador. (6)

 

  Proposta de (re) visionamento:

    DVD “A Canção de Lisboa” da coleção “Os Anos de Ouro Cinema Português” (03), de Cottinelli Telmo, Tobis Portuguesa, estreado no Teatro de São Luís a 7 de novembro de 1933.


A.M. 


(1)  Oliveira, Maria José (2018). “A história de Francisco Grandella: maçon, boémio e visionário” [em linha]. In: Diário de Noticias (26 de agosto de 2018). [Consut. 4 de agosto de 2022]. Disponível: <https://www.dn.pt/1864/grandella-macon-boemio-e-visionario-9764484.html>. 

(2) Citado em MASCARENHAS, João Mário (org.) – Grandella, o grande homem. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, 2001, pp. 284 e 285. A estação ferroviária da Azambuja faz parte do lanço da linha do Norte – inaugurada no ano de 1856, com a ligação Lisboa – Carregado -, entre Carregado e Virtudes, que foi aberto à exploração a 31 de julho de 1857 pelo Estado Português e que posteriormente passou para a Companhia Real dos Caminhos de Ferro. Em 1857, a estação da Azambuja contava com o serviço regular de bagagens e passageiros, nas 3 classes.

(3) MASCARENHAS, João Mário (org), Op. Cit., 287.

(4) Elementos coligidos a partir do artigo de opinião “A história de Francisco Grandella: maçon, boémio e visionário”, de Maria José Oliveira, publicado no Diário de Notícias de 26 de agosto de 2018 e do artigo “Grandella – um Homem, uma Época”, de Joffre Justino, publicado no site ESTRATEGIZANDO – Notícias, reflexão e Ação, de 29 de agosto de 2018. Ambos os artigos encontram-se disponíveis on line.

(5) O bairro Grandella está classificado como Imóvel de Interesse Público, através do Decreto 29/84, publicada no Diário da República 145 de 25 de junho de 1984, (I Série), p. 1926.

(6) Elementos coligidos a partir de ELEUTÉRIO, Victor Luís – Aveiras de Cima e os Grandella. Aveiras de Cima: Junta de Freguesia de Aveiras de Cima, 2001, pp. 65 a 69.

  

2022/08/01

Invenções que mudaram o mundo: o computador

 

Computador

ME/401869/24

Escola Secundária de Gondomar

Computador marca Zenith Data Systems, do modelo Z-89 com teclado e ecrã incorporado. Originalmente vinha com 16 KB de memória nas versões mais recentes, e podia chegar até aos 48 KB na placa principal CPU (em grupos de chips de 1 KB). O computador Zenith usou discos rígidos sectorizados com um controlador interno da placa.


Um computador é um dispositivo eletrónico que tem a capacidade de receber, armazenar e processar dados, em função das instruções de programação. É constituído pela parte física – hardware - e pelos programas que contém – software. Os seus elementos principais são a Unidade Central de Processamento (CPU – Central Processing Unit), a placa-mãe (mother board), e a memória (RAM – Random Acess Memory).

A origem do computador remonta ao século XVI, com a invenção dos logaritmos por John Napier (1150 – 1617). Mas tarde, Pascal (1623 – 1662) inventou uma máquina calculadora que fazia operações de soma e subtração, melhorada por Leibniz (1646 – 1726). Apesar dos avanços, estas máquinas não eram programáveis, ou seja, não dispunham de instruções sobre o trabalho que deveriam fazer com os números.

Deve-se a Joseph-Marie Jacquard (1752 – 1834) a ideia de programar uma máquina de tecer devido à necessidade de produzir padrões diferentes. Criaram-se cartões perfurados que representavam padrões, lidos pelo tear mecânico com um leitor de cartões.

Esta ideia foi desenvolvida por Charles Babbage (1792 – 1871) que pensou pela primeira vez na hipótese de inventar uma máquina de calcular, onde a forma de efetuar os cálculos pudesse ser controlada por cartões. Surgiu, assim, o calculador analítico, uma máquina que tinha um dispositivo de entrada para cartões. Ada Lovelace foi a responsável pela primeira programação, criando os cartões para esta máquina. No entanto, a falta de apoio financeiro fez com que Babbage não conseguisse completar a sua invenção.

Herman Hollerith (1860 – 1929) inventou uma máquina que processava dados baseada na perfuração dos cartões, utilizando a eletricidade como fonte de alimentação. A sua empresa viria a ser conhecida anos mais tarde por IBM – International Business Machines.

Em 1945, Von Neumann sugeriu que o sistema binário fosse adotado em todos os computadores, permitindo que através de instruções os dados fossem compilados e armazenados internamente. Partindo deste pressuposto, a primeira geração de computadores deve-se a J. P. Eckert e John Mauchly que criaram em 1946 o ENIAC – Eletronic Numerical Integrator and Computer. Era mais rápido do que qualquer outra máquina permitindo efetuar 5 mil adições e subtrações por segundo. Pesava 27 toneladas, ocupando o espaço de quarenta gabinetes e utilizando 17 mil válvulas eletrónicas.

Em 1949 houve mais avanços e Eckert e Mauchly inventam o EDVAC – Eletronic Discrete Variable Automatic Computer.

Em 1951, surgiu o primeiro computador comercial, o UNIVAC – Universal Automatic Computer e em 1952 o IBM 701, mais rápido do que o Univac.


Computador

ME/402874/103

Escola Secundária com 3.º Ciclo São Pedro

Computador Radio Sheek, modelo PC TRS - 80, utilizado pelo secretariado da escola. Trata-se de um computador pessoal ou PC de pequeno porte e baixo custo, que se destina ao uso de um pequeno grupo de indivíduos.


As inovações não pararam desde então. No final dos anos 50 surgiu o chamado circuito integrado que permitiu embutir vários transístores numa placa, o que tornou os computadores mais pequenos, mais baratos e mais potentes. Nos anos 70 apareceu o microprocessador e durante os anos 80, o sistema operativo CP/M (Control Program for Microprocessors) foi inventado.

Em 1981 apareceu o primeiro computador pessoal da IBM, com uma unidade para disquetes de 160 kb. Criou-se igualmente um novo sistema operativo, o MS-DOS (Microsoft Disk Operating System). A capacidade dos processadores não parou de aumentar até aos dias de hoje, havendo versões anuais lançadas com regularidade por várias marcas.


MJS