2025/02/27

Muitos Anos de Escolas – Volume I – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário até 1941 – Capítulo I - As Primeiras Escolas

 

(Imagem retirada da obra Muitos anos de Escolas, representando uma aula num convento, em que um monge lê um livro)


I – As Primeiras Escolas

       1. Os Mosteiros

       2. A Universidade

       3. As Artes e Ofícios

 

No primeiro capítulo, as autoras fazem uma abordagem acerca das primeiras escolas que funcionaram nos mosteiros. Não eram, na sua génese, um local de ensino, mas sim uma comunidade ao serviço da fé cuja função era a formação de novos clérigos. A sua ação educativa foi-se estendendo aos nobres e ao povo. Uma das mais conceituadas escolas era a do Mosteiro de Alcobaça.

A primeira Universidade, o “Estudo-Geral”, foi regulamentada pela bula Stato Regnio Portugaliae em 1290, sob a égide de D. Dinis em Lisboa. Mantida pelo clero, lecionava Teologia e Direito Canónico e, só mais tarde, foram introduzidos Medicina e Direito Romano. Transitando sucessivamente entre Lisboa (1338 e 1377) e Coimbra (1308 e 1354), a Universidade não conseguiu alcançar o prestígio que se pretendia, encontrando-se submetida à vontade régia e ao suporte económico e pedagógico do clero.

Durante o século XV, a Universidade começou a ser alvo de críticas devido à sua estrutura de corporação medieval. Com D. João III extinguiu-se a Universidade de Lisboa e só voltou a ser restabelecida como instituição académica em 1911.

As artes e ofícios eram a “forma” de aprendizagem do povo, sobretudo nos meios urbanos. Existiam corporações de mesteirais, devidamente regulamentadas, onde as crianças eram admitidas como aprendizes e tinham de pagar pelo seu sustento na oficina do mestre.


 

Fonte: BEJA, Filomena, et al. Muitos Anos de Escolas – Volume I – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário até 1941. Lisboa, Ministério da Educação – Direção-Geral da Administração Escolar, 1990.


MJS



2025/02/24

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: Cruz Malpique (1902 – 1992)

 

(Imagem de Cruz Malpique retirada da internet)

 

Manuel da Cruz Malpique nasceu a 28 de setembro de 1902 em Nisa. Em 1918 começou a frequentar o Liceu de Portalegre, tendo perdido a mãe alguns meses antes. Em 1923 matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e em 1924, em Filosofia na Faculdade de Letras. Concluiu os dois cursos em 1928 e, após a frequência da Escola Normal Superior em 1935, tornou-se professor do ensino secundário nos Liceus de Gil Vicente e Pedro Nunes em Lisboa, Faro, Angra do Heroísmo e Luanda.

Publicou os seus primeiros livros em 1934: Crianças: Diário de um pai e Introdução à vida intelectual. O seu pensamento foi orientado pela Educação Nova e pelas vantagens da psicologia experimental como forma de melhorar o ensino.

Permaneceu em Angola até 1947, no Liceu Salvador Correia, de que foi reitor. Nesta localidade colaborou em diversos jornais e revistas, tendo sido Chefe dos Serviços de Instrução e Presidente da Sociedade Cultural de Angola.

Em 1948 regressou ao continente e passou a lecionar no Liceu Alexandre Herculano, no Porto, até 1984. Aqui, dinamizou a vida cultural colaborando na Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto e em várias publicações periódicas.

As suas obras denotam a preocupação em estabelecer uma matriz comportamental do adolescente para melhorar o seu rendimento na escola e para o preparar na sua futura vida profissional.

Fez críticas à pedagogia tradicional que tendia a uniformizar os alunos, bem como ao conceito de autoridade, associado ao medo, à força e ao castigo que anulavam a espontaneidade e a liberdade interior. Rejeitou o ensino livresco e o recurso quase exclusivo à memorização, tendo em vista a obtenção de uma nota quantitativa.

Abraçou os conceitos da Escola Nova como a liberdade e a autonomia dos alunos em todos os domínios da vida escolar. O ensino devia ser individualizado, tendo em conta as aptidões específicas e capacidade mental de cada aluno, cultivando a diferença.

Alertou para a necessidade da preparação dos professores para a rebeldia adolescente que considerava a escola como um conjunto de normas impositivas. Deveria ser criado um ambiente de tranquilidade e amor para que o ensino pudesse ser eficaz. Cruz Malpique chamou a atenção para a adolescência como um período de enormes mudanças físicas e hormonais, sendo necessária a prática de exercício físico e de atividades manuais para a criação de um adulto confiante, autónomo e responsável.

 

 

Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.


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