Manuel
da Cruz Malpique nasceu a 28 de setembro de 1902 em Nisa. Em 1918 começou a
frequentar o Liceu de Portalegre, tendo perdido a mãe alguns meses antes. Em
1923 matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e em 1924,
em Filosofia na Faculdade de Letras. Concluiu os dois cursos em 1928 e, após a
frequência da Escola Normal Superior em 1935, tornou-se professor do ensino
secundário nos Liceus de Gil Vicente e Pedro Nunes em Lisboa, Faro, Angra do
Heroísmo e Luanda.
Publicou
os seus primeiros livros em 1934: Crianças:
Diário de um pai e Introdução à vida
intelectual. O seu pensamento foi orientado pela Educação Nova e pelas
vantagens da psicologia experimental como forma de melhorar o ensino.
Permaneceu
em Angola até 1947, no Liceu Salvador Correia, de que foi reitor. Nesta
localidade colaborou em diversos jornais e revistas, tendo sido Chefe dos
Serviços de Instrução e Presidente da Sociedade Cultural de Angola.
Em
1948 regressou ao continente e passou a lecionar no Liceu Alexandre Herculano,
no Porto, até 1984. Aqui, dinamizou a vida cultural colaborando na Associação
dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto e em várias publicações periódicas.
As
suas obras denotam a preocupação em estabelecer uma matriz comportamental do
adolescente para melhorar o seu rendimento na escola e para o preparar na sua
futura vida profissional.
Fez
críticas à pedagogia tradicional que tendia a uniformizar os alunos, bem como
ao conceito de autoridade, associado ao medo, à força e ao castigo que anulavam
a espontaneidade e a liberdade interior. Rejeitou o ensino livresco e o recurso
quase exclusivo à memorização, tendo em vista a obtenção de uma nota
quantitativa.
Abraçou
os conceitos da Escola Nova como a liberdade e a autonomia dos alunos em todos
os domínios da vida escolar. O ensino devia ser individualizado, tendo em conta
as aptidões específicas e capacidade mental de cada aluno, cultivando a
diferença.
Alertou
para a necessidade da preparação dos professores para a rebeldia adolescente
que considerava a escola como um conjunto de normas impositivas. Deveria ser
criado um ambiente de tranquilidade e amor para que o ensino pudesse ser
eficaz. Cruz Malpique chamou a atenção para a adolescência como um período de
enormes mudanças físicas e hormonais, sendo necessária a prática de exercício
físico e de atividades manuais para a criação de um adulto confiante, autónomo
e responsável.
Fonte
principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto :
ASA, 2003.
MJS
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