2025/02/24

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: Cruz Malpique (1902 – 1992)

 

(Imagem de Cruz Malpique retirada da internet)

 

Manuel da Cruz Malpique nasceu a 28 de setembro de 1902 em Nisa. Em 1918 começou a frequentar o Liceu de Portalegre, tendo perdido a mãe alguns meses antes. Em 1923 matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e em 1924, em Filosofia na Faculdade de Letras. Concluiu os dois cursos em 1928 e, após a frequência da Escola Normal Superior em 1935, tornou-se professor do ensino secundário nos Liceus de Gil Vicente e Pedro Nunes em Lisboa, Faro, Angra do Heroísmo e Luanda.

Publicou os seus primeiros livros em 1934: Crianças: Diário de um pai e Introdução à vida intelectual. O seu pensamento foi orientado pela Educação Nova e pelas vantagens da psicologia experimental como forma de melhorar o ensino.

Permaneceu em Angola até 1947, no Liceu Salvador Correia, de que foi reitor. Nesta localidade colaborou em diversos jornais e revistas, tendo sido Chefe dos Serviços de Instrução e Presidente da Sociedade Cultural de Angola.

Em 1948 regressou ao continente e passou a lecionar no Liceu Alexandre Herculano, no Porto, até 1984. Aqui, dinamizou a vida cultural colaborando na Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto e em várias publicações periódicas.

As suas obras denotam a preocupação em estabelecer uma matriz comportamental do adolescente para melhorar o seu rendimento na escola e para o preparar na sua futura vida profissional.

Fez críticas à pedagogia tradicional que tendia a uniformizar os alunos, bem como ao conceito de autoridade, associado ao medo, à força e ao castigo que anulavam a espontaneidade e a liberdade interior. Rejeitou o ensino livresco e o recurso quase exclusivo à memorização, tendo em vista a obtenção de uma nota quantitativa.

Abraçou os conceitos da Escola Nova como a liberdade e a autonomia dos alunos em todos os domínios da vida escolar. O ensino devia ser individualizado, tendo em conta as aptidões específicas e capacidade mental de cada aluno, cultivando a diferença.

Alertou para a necessidade da preparação dos professores para a rebeldia adolescente que considerava a escola como um conjunto de normas impositivas. Deveria ser criado um ambiente de tranquilidade e amor para que o ensino pudesse ser eficaz. Cruz Malpique chamou a atenção para a adolescência como um período de enormes mudanças físicas e hormonais, sendo necessária a prática de exercício físico e de atividades manuais para a criação de um adulto confiante, autónomo e responsável.

 

 

Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.


MJS


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