2025/11/24

Muitos Anos de Escolas – Volume III – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário da Escola Piloto à Área Aberta. Casos Especiais – Capítulo I – Portugal e as Organizações Internacionais – 1. A União Internacional dos Arquitetos


(Imagens de escolas modelo)

 

I – Portugal e as Organizações Internacionais

1. A União Internacional dos Arquitetos

 

No primeiro capítulo, as autoras referem a situação de Portugal após o final da Segunda Guerra Mundial: persistia a mesma organização do espaço escolar e ministrava-se o mínimo de conhecimentos.

Em 1948 fundava-se a União Internacional dos Arquitetos (UIA), resultado da fusão entre a Reunião Internacional dos Arquitetos (RIA) e o Comité Permanente Internacional de Arquitetura (CPIA), com o objetivo de promover o contato entre arquitetos de todo o mundo. Portugal teve uma Secção Portuguesa (SPUIA) da União Internacional de Arquitetos.

Em 1952 a UIA apresentou à UNESCO um relatório preliminar da futura Carta das Construções Escolares, um documento que iria definir os requisitos mínimos para a conceção e execução das escolas. Neste documento são abordados vários temas sobre a falta de escolas, a saber:

- a escassez de escolas devia-se ao alargamento do ensino obrigatório, ao aumento populacional, às deslocações da população, à degradação dos edifícios escolares existentes e à guerra;

- para fazer face à escassez de escolas seria necessário ter em consideração a disponibilidade financeira do país, os materiais e a mão de obra disponíveis, a capacidade industrial, os métodos de construção e produção, bem como as condições climáticas e topográficas;

- apesar de não existirem soluções universais seria importante analisar a política educativa do país, realizar um estudo sobre as necessidades de escolas e preparar um plano de ação tendo em conta estes dois itens;

- era recomendada uma colaboração nacional e internacional entre arquitetos, pedagogos e outros especialistas que poderiam recomendar as áreas mínimas de construção.


(Imagens e plantas dos tipos de escolas propostas pelo Ministério de Instrução Pública)


Em 1959 foi ratificada a Carta das Construções Escolares que só foi divulgada em Portugal em 1965, traduzida pelo Engenheiro Macêdo Gonçalves. Foram aqui enunciados os quatro princípios fundamentais para a edificação das escolas:

1 - Avaliação das necessidades:

As escolas deveriam ser construídas tendo em conta os estudos demográficos e a distribuição populacional. As escolas deveriam estar integradas em planos de urbanização e a aquisição dos terrenos seria feita de raiz;

2 - Distribuição das escolas:

Deve ter-se em conta o número de alunos e a concentração por grupos escolares. Nos meios rurais, a distância que os alunos têm de percorrer é um dos fatores a ter em consideração, bem como a tranquilidade e a salubridade do terreno, ou seja, a orientação em relação aos elementos da natureza e proteção contra elementos nocivos como poluição, por exemplo. Os acessos aos edifícios escolares devem reduzir os perigos do tráfego. A área base de uma escola seria de 20 m2 por aluno, sem contar com as instalações desportivas.

3 - A escola:

As escolas devem ser construídas à escala dos alunos, funcionando como uma extensão das suas habitações. Os três elementos fundamentais da construção de um edifício são: a “unidade pedagógica” (pequena comunidade de crianças com o seu espaço para jogos e serviços anexos), os “espaços comuns” (áreas para diferentes atividades e jogos) e os serviços administrativos.

4 - Realização das construções

Um plano de construções escolares deve ser bem definido e regulamentado, tendo em conta os recursos locais e a mão de obra, os meios de comunicação e o grau de desenvolvimento industrial. 

 

MJS

 

Fonte: BEJA, Filomena, et al. Muitos Anos de Escolas – Volume III – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário da Escola Piloto à Área Aberta. Casos Especiais. Lisboa, Secretaria Geral do Ministério da Educação, 1997.