2019/05/22

Peça do mês de maio - 2019


Cadeia de Agrimensor
Dispositivo largamente utilizado para medição de grandes áreas irregulares de terreno no Século XIX. Trata-se de uma cadeia metálica constituída por uma série de 95 elos de ferro, de 20 cm de comprimento cada, unidos entre si por argolas também de ferro. Tem 19 metros de comprimento.
Está inventariado com o número ME/401018/3594 e pertence ao espólio museológico da Escola Secundária de Bocage.
A agrimensura é uma ciência que permite adquirir e gerir dados espaciais relacionados com a medição de propriedades. A cadeia de agrimensor, ou instrumentos semelhantes, foram utilizados desde cedo para medir terras. No Antigo Egipto utilizava-se uma corda para restabelecer fronteiras após as cheias do Nilo. Também em Roma se utilizaram técnicas e equipamento topográfico inovadores para a medição e elaboração de um cadastro oficial de terras.


MJS

2019/05/20

Frei Heitor Pinto


O Liceu da Covilhã, criado pelo Decreto-Lei n.º 23 685, de 21 de março de 1934, atual Escola sede de agrupamento, tem como patrono Frei Heitor Pinto - quem foi o frade covilhanense, patrono desta escola?

O Agrupamento de Escolas Frei Heitor Pinto (A.E.F.H.P.) é sedeado na cidade da Covilhã e cobre todo o território a sul do Concelho da Covilhã, inserido em meio urbano, semiurbano e rural, com difíceis acessibilidades principalmente no meio rural montanhoso, num espaço com modesto valor patrimonial, dotado de grande beleza paisagística e com perspetiva de desenvolvimento.

O Agrupamento A.E.F.H.P. enquadra-se geograficamente na Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela. A comunidade envolvente reside um pouco por todo o Concelho, com incidência significativa ao longo da designada “Corda do Rio” (Rio Zêzere), na encosta da Serra da Estrela e no designado Couto Mineiro, desenvolvendo a sua atividade principalmente no Couto Mineiro, na Região da Cova da Beira e, também, em toda a Beira Interior e ao nível nacional e internacional.


Frei Heitor Pinto terá nascido na Covilhã, em 1528, e falecido em 1584. Fez os seus estudos eclesiásticos no Convento da Costa em Coimbra, onde foi colega de D. António Prior do Crato, filho do Infante D. Luís, que teve o senhorio da Covilhã. Por carta de El-Rei, foi-lhe dado o grau de Mestre em 1554, tendo depois passado à Universidade de Siguença, onde tomou a borla doutoral em teologia. Em 1559, assistiu à coroação do Papa Pio IV, em Roma, onde se encontrava em negócios da sua Ordem. Foi Reitor do Colégio da Ordem em 1565, e mais tarde, em 1571, seria eleito Providencial em Portugal.

Jovem ainda, inclinou-se para as ciências filosóficas. A Imagem da Vida Cristã é um famoso livro, merecedor do grande êxito que o acolheu. Tem horror à observação sensorial e crê na grandeza de Deus, nas palavras dele. "Ninguém é bom senão Deus. Assim como o centro é um indivisível, e está no meio e dele saem as linhas para a circunferência, assim Deus é uma unidade simplicíssima, um ato puríssimo, que está em todas as coisas, do qual procedem os raios de formosura das criaturas. Ele está dentro em nós, e é fonte de todo o ser sendo mesmo nosso ser.” Desde cedo revelou extraordinários dotes intelectuais, pelo que os frades da sua congregação o enviaram para Coimbra, onde estudou Grego, Hebraico, Filosofia e Teologia. Foi, depois, encarregado de elaborar comentários às profecias de Isaías, obra que foi aprovada com louvor pelos Jesuítas e pelo procurador-geral dos Dominicanos.

Quanto à sua obra literária, importa considerar que, para além da Imagem da Vida Cristã, o autor publicou também uma série de comentários sobre o texto bíblico, editados em diversas cidades da Europa. Contudo, a Imagem da Vida Cristã Ordenada por Diálogos é, sem dúvida, a sua obra fundamental, tendo sido editada mais de 20 vezes durante o século XVI.

Obra cheia de espontaneidade é caracterizada simultaneamente por uma grande suavidade e vigor e, pese embora o seu estilo erudito e a profusão de imagens, apresenta-se leve e atrativa. O prolongado contacto com a cultura espanhola, as repetidas viagens a França e a Itália e o permanente amor pelos livros vão permitir-lhe uma abertura de horizontes e uma parceria ideológica com as correntes escolásticas esclarecidas.

Formalmente, a obra não recorre a argumentos por silogismos nem por acumulações de razões ou raciocínios e a sua postura literária era corrente no Renascimento, tal como o provam Os Colóquios, de Erasmo, Os Contos, de Bocaccio, Os Diálogos, de Francisco Holanda e alguma obra de João de Barros, entre outras.

Foi exilado por ordem de D. Filipe I de Portugal (II de Espanha) num mosteiro da sua Ordem, em Toledo, por defender as pretensões de D. António, Prior do Crato, à Coroa Portuguesa. Consta-se que terá dito ”Pode El-Rei Filipe meter-me em Castela, mas meter Castela em mim é impossível”.


P.M. 




BIBLIOGRAFIA:



AGRUPAMENTO DE ESCOLAS FREI HEITOR PINTO (2019). História da escola sede [em linha]. Covilhã: A.E.F.H.P. [Consult. 12 de abr. 2019]. Disponível:  http://www.aefhp.pt/

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS FREI HEITOR PINTO (2015). Projeto Educativo 2015/2018 [em linha]. Covilhã: A.E.F.H.P. [Consult. 13 de maio de 2019]. Disponível: http://www.aefhp.pt/files/documentos-orientadores/15-16/PEA15-18-APROVADOem04-02-16.pdf

BORGES, António Garcia (2009). História da Freguesia de São Pedro da Covilhã. Covilhã: Edição da Junta de Freguesia de São Pedro.

GOULÃO, Francisco (2003). Liceu Heitor Pinto, Covilhã. in: Liceus de Portugal. Lisboa: Asa.

INFOPÉDIA (2019). Frei Heitor Pinto [em linha]. Porto: Porto Editora. [Consult. 29 de abr. 2019]. Disponível: https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$frei-heitor-pinto

INSPECÇÃO-GERAL DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIA (2016). Avaliação externa das escolas: relatório, Agrupamento de Escolas Frei Heitor Pinto, Covilhã [em linha]. Covilhã: IGEC. [Consult. 12 de abr. 2019]. Disponível: http://www.ige.min-edu.pt/upload/AEE_2016_Centro/AEE_2016_AE_Frei_Heitor_Pinto_Covilha_R.pdf

SILVA, José Aires da (1970). História da Covilhã: 1870-1970, centenário da cidade. Lisboa: [s.n.].