D. Luís
I (1838 – 1889), “o Popular”, era o filho segundo de D. Maria II e de D.
Fernando. Subiu ao trono em 1861 após a morte do seu irmão, D. Pedro V.
Em
1862 casou com D. Maria Pia de Saboia. O seu reinado foi marcado pela
tolerância e pela acalmia política, apesar de alguns momentos perturbadores
como o levantamento militar em Braga, em 1862, contra o aumento de impostos.
Igualmente em 1867 e 1868 houve movimentos reivindicativos, conhecidos como a
Janeirinha do Norte.
Em
1870 houve um incidente com maior gravidade, em que o Marechal Duque de
Saldanha se revoltou, impondo a demissão do governo junto do rei e presidindo a
um novo ministério. D. Luís manteve uma posição moderadora nesta situação.
Houve
ainda perturbações de índole cultural, com a famosa Questão Coimbrã (1865-66) e com a suspensão das Conferências Democráticas do Casino
(1871).
Em 1876 fundou-se um novo partido, o Partido
Progressista que resultou da fusão do partido Histórico e Reformista. Nesta
fase entrou-se no modelo de rotativismo entre o Partido Progressista e o
Regenerador.
O reinado de D. Luís foi o período áureo das
obras públicas lideradas por Fontes Pereira de Melo. Podem destacar-se as obras
nos portos de Lisboa e Leixões, o alargamento da rede viária ou a construções
de edifícios emblemáticos como o Palácio de Cristal no Porto.
Ao nível administrativo, terminou a pena de
morte para crimes civis e a escravatura foi definitivamente abolida.
Publicou-se o primeiro Código Civil em 1868.
Retomaram-se as expedições africanas com Serpa
Pinto (1877-78) que explorou o território de Benguela até à colónia de Natal ou
com Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens que em 1884 atravessaram África de
Luanda e Tete. Neste ano realizou-se a Conferência de Berlim, que definiu a
partilha de África pelas potências europeias. Portugal apresentou o Mapa
Cor-de-Rosa, em que reclamava a soberania dos territórios entre Angola e
Moçambique. Inglaterra opôs-se e este episódio culminou no Ultimato Inglês em
1890.
O Republicanismo começa a ter uma forte
implementação no país e em 1878 foi eleito no Porto o primeiro deputado do
partido Republicano.
D. Luís I era um homem profundamente instruído
e culto, tendo traduzido várias obras de Shakespeare. O seu interesse pelas
ciências, nomeadamente pela oceanografia, levou ao financiamento de vários
projetos científicos, incluindo barcos de pesquisa oceanográfica. Um dos seus
hobbies era a fotografia. O monarca fundou ainda várias associações culturais.
No que
respeita às políticas educativas, sabe-se que em 1860 as escolas oficiais eram
cerca de 2000 e chegarão aos 4.5 milhares em 1910. Entre 1860 e 1863 a História
Natural, a Física e a Química voltaram a fazer parte do currículo. No entanto,
o ensino básico continuava a ter o problema de sempre: as crianças não
frequentavam a escola por falta de empenho dos pais, pela miséria em que viviam
e pelo trabalho infantil. O analfabetismo em Portugal era elevadíssimo. Assim,
em 1876, a Carta de Lei de Rodrigues
Sampaio voltou a reafirmar a obrigatoriedade de frequência da instrução
primária para as crianças entre os seis e os doze anos, de ambos os sexos.
Em 1861 foi criada em Lisboa a Sociedade Promotora das Belas Artes.
Em 1864 com a proposta de João Crisóstomo, o
ensino industrial dividiu-se em ensino geral e ensino especial com uma parte
teórica e uma parte de ensino prático, ministrado em oficinas. Foram estabelecidas
escolas industriais em Guimarães, Covilhã e Portalegre. No entanto, poucas
medidas saíram do papel.
Em
1875 foi proposta uma reforma do ensino das Belas-Artes. Em 1881, a Academia
dividiu-se em Academia propriamente dita e em Escola. Os movimentos artísticos
renovaram-se inspirados nas correntes estrangeiras. Os artistas agruparam-se em
grémios, defendendo os seus interesses e novos métodos de ensino.
Em
1878, António Augusto Gonçalves fundou a Escola
Livre de Artes do Desenho em Coimbra. Em 1881 surgiu o Grupo do Leão.
Em
1884 Costa Cabral reorganizou o Ensino Secundário e os estudos liceais passaram
a ter 6 cadeiras retirando-se as línguas e as disciplinas científicas, ficando
apenas a matemática. Neste ano, António Augusto de Aguiar criou escolas de Desenho Industrial em Lisboa, Porto,
Coimbra e Caldas da Rainha.
Em 1886,
Emílio Júlio Navarro dividiu o Ensino Industrial em ensino elementar, ensino
preparatório (para cursos especiais) e ensino especial (especialidades técnicas
industriais). O Ensino Comercial foi dividido em elementar, preparatório e
superior. Estas medidas não conseguiram implementação devido aos problemas
económicos da nação.
MJS