2020/11/05

Revista "A Águia" e a Renascença Portuguesa

A revista A Águia foi uma revista de âmbito literário, artístico, científico, filosófico e de crítica social publicada na cidade do porto entre 1910 e 1932. A revista começou por ser bimensal e depois mensal, o órgão por excelência do movimento da Renascença Portuguesa. Teve 250 edições repartidas por 5 séries.

   

A publicação foi iniciada em dezembro de 1910, com a designação de quinzenal ilustrada de literatura e crítica. Jaime Cortesão foi o orientador d’ A Águia nesta primeira fase. O seu diretor e proprietária era Álvaro Pinto. A missão d’A Águia era reunir intelectuais dispersos, publicar inéditos e contribuir para uma política de renascimento cultural da identidade portuguesa.

Em 1912 foi adquirida pela Renascença Portuguesa, tornando-se o seu órgão oficial. O seu diretor foi Tércio de Miranda. A chamada Renascença Portuguesa foi um movimento cultural com um ideal nacionalista, ligado ao neogarretismo e a uma corrente do sebastianismo. O neogarrettismo foi um movimento que recuperou os ideias defendidos por Almeida Garret (1799-1854), sobretudo a salvaguarda e promoção do património cultural português.

Após a implantação da república, os intelectuais tentaram contribuir positivamente para a construção de uma nova sociedade. A Primeira República deparou-se com problemas em vários setores da vida portuguesa

Entre 1912 e 1932 foram diretores da revista Teixeira de Pascoaes, António Carneiro, Leonardo Coimbra, Teixeira Rego, Hernâni Cidade, Adolfo Casais Monteiro, Sant’Anna Dionísio, Aarão de Lacerda e Delfim Santos.

A maioria dos números teve a orientação de Teixeira de Pascoes, teorizador do saudosismo metafísico, tendo optado pela publicação de material inédito em Portugal. Numa segunda fase, Leonardo Coimbra foi o grande mentor.

A influência da revista na sociedade portuguesa foi enorme, agrupando autores com diversas tendências literárias como Raul Proença e António Sérgio. Juntamente com Jaime Cortesão, Raul Brandão e Augusto Casimiro, irão estar presentes nas publicações e fundação da Seara Nova.

A característica mais marcante da revista foi o uso frequente de aliterações, onomatopeias e as maiúsculas. Aqui se incluem nomes como Augusto de Santa-Rita, Ronald de Carvalho, Bento de Oliveira Cardoso e Castro, Mário Beirão, António Correia de Oliveira, Afonso Lopes Vieira, Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro.

Os dois princípios fundamentais d’ A Águia eram: a vida é um movimento em constante transformação, com dinamismo e ausência de preconceitos; os intelectuais teriam a missão de criticar o preconceito e transformar o pensamento.

Apesar do sucesso obtido pela revista e pelo movimento, houve desde o início algumas dissidências internas, que resultaram noutros movimentos e publicações. Em 1932 A Águia cessou as suas publicações, já estando com uma atividade editorial muito reduzida desde 1920.

A Biblioteca da Secretaria-Geral da Educação e Ciência dispõe de um exemplar desta revista, ao qual poderá aceder através do SIBME.


MJS e EE

2020/11/02

Alguns dos melhores museus ... em Viseu


“A atribuição do epíteto de Cidade-Jardim a Viseu não é de agora. Entre os anos 20 e 30 do século XX, diversos executivos municipais promoveram melhoramentos a nível dos espaços públicos da cidade. As autênticas manchas florestais constituídas pelo Parque do Fontelo e pela Cava de Viriato conjugavam-se com os diversos jardins (alguns de criação recente) e com o crescente número de árvores rodeando as novas artérias urbanas. Os guias turísticos dos anos 40 do século XX e os relatos dos viajantes que demandavam a cidade por essa altura já faziam eco dessa fama de cidade-jardim.
A consagração institucional desse epíteto está documentada desde 1935, através da promoção turística desenvolvida pela Comissão de Iniciativa e Turismo de Viseu, uma das dezenas de entidades similares criados pelo regime republicano, em 1921, para o desenvolvimento do turismo a nível local”.

O museu apresenta a história de Viseu, valorizando o seu património e as suas gentes. O núcleo expositivo foi inaugurado em 2018 e em 2019 surgiu a Imagioteca: centro de recursos dedicado à preservação, digitalização e divulgação arquivística. Possui igualmente património fílmico e imagético da cidade. Se desejar, pode fazer uma visita virtual.

Criado em 1916, este museu localiza-se numa das dependências da Sé catedral de Viseu. No seu espólio destacam-se as pinturas de retábulo, provenientes da catedral e de outras igrejas da região da autoria de Grão Vasco (1475 – 1542) e de contemporâneos. Possui ainda objetos ligados à prática da liturgia, do período românico até ao barroco, bem como pintura portuguesa dos séculos XIX e XX, faianças, porcelanas, mobiliário e têxteis.

Francisco de Almeida Moreira (1873 – 1939) foi um dos maiores precursores da arte e cultura de Viseu. Com bastante gosto pelo desenho, conheceu algumas das figurais centrais do panorama cultural português como António Ramalho e Columbano Bordalo Pinheiro. Fundou o Museu Grão Vasco e aquando da sua morte, deixa à cidade a sua casa e a sua coleção. A casa abriu ao público em 1965 e aqui se encontram pinturas de Silva Porto, Marques de Oliveira, José Malhoa, Columbano e António Ramalho. A coleção de faianças portuguesas merece destaque.

Idealizado por Galopim de carvalho, geólogo, é um museu único, situado no Monte de Santa Luzia, local de extração de quartzo pela “Companhia Portuguesa de Fornos Elétricos). É um centro interativo que pretende a preservação do património natural, bem como a investigação e estudo na área da mineralogia.

Este museu, um dos mais antigos de Portugal, constituído em 1942, possui um acervo com peças únicas da vivência da catedral. Aqui há mais de 900 anos de história, sendo o objeto mais antigo datado do século XI. Divide-se em quatro núcleos: sala do coro, sala capitular, sala dos paramentos e sala do tesouro. Destacam-se, por exemplo, cofres medievais de Limoges ou a custódia de ouro de D. Miguel da Silva.

Situa-se na aldeia de Várzea de Calde, onde é recriado o quotidiano agrícola desta região, incluindo áreas como os currais, o lagar, a adega e a cozinha. O tear está presente, uma vez que as raparigas aprendiam desde cedo a fiar. Assim, o objetivo deste museu é preservar a tradição do linho e da lavoura tradicional, património desta região. Está patente todo o processo de produção do linho, desde a plantação até à confeção de artigos.



MJS