(Imagem de Cristina Torres retirada da internet)
Cristina
Torres dos Santos nasceu a 21 de março de 1891 na Figueira da Foz, filha de
Ricardo Torres dos Santos, alfaiate e de Delfina da Cruz Marques. Frequentou
desde cedo os meios operários e tornou-se militante do Partido Republicano.
Começou
a trabalhar muito jovem, como costureira, ao mesmo tempo que frequentava o
curso noturno na Escola Industrial da Figueira da Foz. Em 1911 fundou a
Fraternidade Feminina que financiou uma escola noturna para raparigas. Em 1912
partiu para Coimbra onde trabalhou como costureira e concluiu o Liceu.
Posteriormente ingressou na Universidade, tendo concluído o curso de
Histórico-Geográficas em 1920.
Entre
1915 e 1922 lecionou nas escolas móveis em Coimbra e Montemor-o-Velho. Entre
1922 e 1924 foi professora provisória da Escola Comercial da Figueira da Foz
tendo lecionado Português, Inglês, Francês e Geografia. Em 1924 tornou-se
professora efetiva na Escola Industrial Bernardino Machado.
Em
1927 participou no Congresso Pedagógico Regional das Escolas Técnicas
Elementares, no Porto, com a tese “O Ensino de Português e Francês nas Escolas
Técnicas Elementares”.
Em
1929 colaborou na fundação de uma Delegacia da Universidade de Coimbra na
Figueira da Foz. Em 1931 participou no Congrès International de la Protection
de l’Enfance, em Lisboa, com “Les difficultés de l’enseignement chez les
enfants pauvres”. Destacou o grave problema de analfabetismo e de abandono
escolar que ser vivia no país. As escolas técnicas eram frequentadas
maioritariamente por alunos pobres que necessitavam de trabalhar devido ao
elevado custo dos livros. A educadora criticou o uso da violência e a extensão
dos programas escolares que favoreciam a memorização e não a compreensão.
Para
tornar a escola acessível a todos eram necessárias várias medidas: criação de
escolas para a primeira infância; corpos docentes preparados para o ensino;
combate à violência; livros gratuitos em todos os graus de ensino; proibição do
trabalho infantil; pagamento de salários iguais ou superiores aos das fábricas
às crianças que frequentassem o ensino industrial.
Em
1932 foi nomeada voluntária de vigilância para Tutoria da Infância da Câmara da
Figueira da Foz. Sempre lutou pelos direitos dos mais desfavorecidos, dos
operários e das mulheres, tornando-se responsável pelo funcionamento da Escola
de Instrução Primária da Universidade Livre. O Estado Novo opôs-se e foi
transferida para a Escola Industrial e Comercial de Bartolomeu dos Mártires em
Braga. Durante os anos seguintes foi presa e perseguida até ao seu afastamento
definitivo do ensino em 1949.
De
regresso à Figueira, já aposentada compulsivamente da docência, integrou a
Comissão Nacional do 3.º Congresso da Oposição Democrática, realizado em Aveiro
em 1973. Acolheu com agrado a Revolução dos Cravos, tendo falecido a 1 de abril
de 1975.
Fonte
principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto :
ASA, 2003.
MJS