2024/07/18

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: Padre Américo (1887 – 1956)


(Imagem do autor retirada da internet)


Américo Monteiro de Aguiar nasceu a 23 de outubro de 1887 em Penafiel, filho de Ramiro Monteiro de Aguiar e de Teresa Ferreira Rodrigues, uma família de agricultores com alguma fortuna.

Fez o ensino primário na Escola Primária de Pereiras e posteriormente prosseguiu estudos no Colégio do Carmo, em Penafiel, em 1898. No ano seguinte passou para o Colégio de Santa Quitéria em Felgueiras. Demonstrou alguma vontade em seguir a vida eclesiástica, mas não foi apoiado pelo seu pai. Desta forma, em 1902 começou a trabalhar numa loja de ferragens no Porto, enquanto terminava os estudos.

Em 1905 inscreveu-se no Instituto Comercial e Industrial do Porto, mas abandonou o país no ano seguinte, partindo para Moçambique. Trabalhou como despachante de alfândega para várias companhias.

Em 1923 regressou a Penafiel e entrou em contato com o pároco da região comunicando-lhe que queria seguir a vida monástica. A justificação que apresentou foi a de tinha tido “uma martelada!”. Entrou para o Convento de Santo António de Vilariño, em Tui, Espanha, onde permaneceu durante nove meses como postulante e um ano como noviço. A difícil adaptação à vida no convento levou a que os religiosos solicitassem a sua saída em 1925.

Não desistiu e tentou ingressar no Seminário Diocesano do Porto, mas viu a sua entrada recusada pelo Bispo D. António Barbosa Leão. Depois do contato com o Bispo de Coimbra. D. Manuel Luís Coelho da Silva conseguiu ser aceite em outubro de 1925 no Seminário de Coimbra. Foi ordenado padre em julho de 1929.

Em 1930 foi nomeado professor e prefeito do Seminário de Coimbra, desempenhando algumas atividades de caráter social com os mais necessitados e com os presos.

Em 1932, D. Manuel Luís Coelho da Silva encarregou-o de um projeto denominado de Sopa dos Pobres, que revelou a sua verdadeira vocação. Rapidamente passou de uma simples distribuição de alimentos para doação de roupa, medicamentos, auxílio espiritual, etc. Ao contatar diretamente com os estratos mais carenciados da população, o Padre Américo denunciou situações de antagonismo social e de pobreza. No ambiente de ditadura que se vivia em Portugal foi acusado de revolucionário e de comunista.

A partir de 1935, a par da Sopa dos Pobres, o Padre Américo começou a organizar colónias de férias para os filhos dos mais necessitados em São Pedro de Alva: a Casa da Colónia. Em Coimbra iniciou as Colónias de Campo do Garoto da Baixa. Esta foi a base para a criação da Casa do Gaiato, uma vez que o educador percebeu a necessidade de assistência permanente destas crianças.

O Padre Américo foi o fundador da Obra de Rua que era constituída por quatro instituições: Lares, Património dos Pobres, Calvários e as Casas do Gaiato que de destinavam a acolher crianças sem família ou vítimas de exclusão. As Casas do Gaiato estavam sediadas em Miranda do Corvo (1940), Paço de Sousa (1943), Beire – Paredes (1955), Santo Antão do Tojal (1948) e Setúbal (1955). Os Lares eram as instituições responsáveis por integrar os jovens na sociedade após a saída da Casa do Gaiato.

A obra de rua do Padre Américo tinha subjacente sete princípios fundamentais:

- Deus – As comunidades possuíam uma capela e as crianças deviam ser educadas dentro dos princípios católicos de amor aos pobres;

- Liberdade – O Padre Américo sempre defendeu a não repressão, dando liberdade aos jovens para tomarem as suas decisões;

- Autogoverno – Os chefes de cada uma das áreas da Casa eram escolhidos entre os próprios alunos da instituição;

- Responsabilidade – Cada indivíduo tinha o livre arbítrio para tomar as suas decisões, em liberdade, para que pudesse desenvolver a sua própria moral;

- Trabalho – A educação pelo trabalho foi uma das teorias fundamentais para este educador pois o trabalho eleva e dignifica o homem;

- Família – Um dos objetivos das Casas era proporcionar afeto às crianças;

- Natureza – O contato com a natureza foi uma das estratégias para a “recuperação” dos jovens.

O Padre Américo faleceu prematuramente em 1956 num acidente de viação. O processo de canonização teve início em 1986.

 

 

Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003. 


MJS


2024/07/15

Peça do mês de julho/2024

 



Oídio-da-videira

 

Modelo de anatomia de um fungo parasita - o oídio-da-videira (Oidium tuckeri, Berk.) Modelo feito a partir de uma pasta endurecida de cartão pintado (branco). Observam-se as células do fungo, constituindo filamentos tubulares ramificados - as hifas - que no seu conjunto constituem o micélio sobre a epiderme foliar da planta que o fungo parasita (hifas vegetativas). É possível ver os haustórios, hifas especializadas que penetram nas células paralelepipédicas (ocas) da planta hospedeira, permitindo ao fungo captar o alimento. As hifas vegetativas emitem prolongamentos perpendiculares - os conidióforos ou célula-mãe dos esporos - que originam, no topo, os conídios (esporos exógenos, por se desenvolverem aproveitando a membrana da célula-mãe).

O modelo (18x18x16 cm) está sustentado por um pedúnculo giratório de madeira trabalhada (pintada de preto), que se insere numa base circular (diâmetro = 14 cm) também de madeira pintada (preto). Modelo aumentado cerca de 1500 vezes.

Está inventariado com o número ME/404652/717 e pertence ao espólio museológico da Escola Secundária de Pedro Nunes.

 

MJS