2025/04/10

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: Emílio Costa (1877 - 1952)

 

(Imagem do autor retirada da internet)

 

Emílio Martins Costa nasceu a 21 de fevereiro de 1877 em Portalegre, filho de Boaventura Costa e Angélica Martins Costa, uma família burguesa liberal. Após a formação inicial, frequentou o Liceu Mouzinho da Silveira, em 1887, e concluiu o ciclo secundário em 1894.

Em 1896 mudou-se para Lisboa com o objetivo de frequentar o Instituto Industrial, mas acabou por se matricular no Curso Superior de Letras em 1899. Durante este período, viveu intensamente a vida académica e enveredou pelo republicanismo: assinou o Manifesto Académico Republicano em 1897, fundou o Centro Académico Republicano e entrou para a Maçonaria Académica e posteriormente para a Carbonária. Este apoio ao republicanismo acabará por terminar, optando pela via do anarquismo. Neste sentido, fundou o jornal Amigo do Povo, entre 1901 e 1903, com o objetivo de divulgar as suas convicções políticas.

Acabou por não concluir nenhum dos cursos e decidiu-se por uma viagem de reflexão à Europa entre 1903 e 1909, tendo permanecido em França, na Bélgica e na Suíça. Aqui aproveitou para aprofundar os seus contatos com os movimentos anarquistas europeus. Frequentou o curso de Sociologia na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Nova de Bruxelas, onde conheceu Faria de Vasconcelos.

Em 1908 tomou contato com a comunidade pedagógica internacional: foi secretário de Ferrer e colaborou na fundação da Liga Internacional para a Educação Racional da Infância.

No regresso a Portugal em 1909, aproximou-se dos grupos anarquistas, da classe operária e da estrutura sindical. Entre 1911 e 1913 lecionou no Liceu Mouzinho de Albuquerque em Portalegre, voltando a Lisboa em 1915 para lecionar no Liceu Passos Manuel, até 1919. De 1919 a 1921 esteve no Colégio Estoril, a par da Escola Comercial Ferreira Borges (1916, 1918, 1922-23, 1925-26).

Em 1921 proferiu conferências sobre o tema “Educação do Povo” na Universidade Popular Portuguesa, bem como “Geografia económica” em 1922. Entre 1924-25 organizou o curso “Educação para Vida”.

Em 1927 integrou o quadro do Instituto de Orientação Profissional, onde esteve até 1947. Entre 1934 e 1937 foi diretor dos Serviços Escolares d’ “A Voz do Operário”. Neste período publicou diversos artigos em publicações periódicas.

Em 1947 publicou Filosofia Caseira, uma compilação de escritos de carácter pedagógico e político. A questão educativa tonou-se o foco do pensamento de Emílio Costa em duas vertentes: a necessidade de educar o povo e a forma de o politizar. O educador apoiou a existência de cursos para adultos, a constituição de bibliotecas e a promoção da leitura, entre outros.

 

 

Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.


MJS


2025/04/07

Muitos Anos de Escolas – Volume I – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário até 1941 – Capítulo V – Uma Época de Instrução Popular

 

(Imagem da fachada principal do edifício-sede de A Voz do Operário, localizado em S. Vicente, Lisboa. Projeto do Arquiteto Norte Júnior de inícios do século XX)


 

V – Uma Época de Instrução Popular

 

O quinto capítulo é dedicado aos finais da década de 70 do século XIX e aos movimentos de justiça social para as classes trabalhadoras que criaram estruturas para fazer face às necessidades sentidas, entre as quais, o ensino.

Em várias localidades surgiram cursos de alfabetização e cursos profissionais promovidos pelas Associações de Instrução Popular, as Mútuas, os Centros Republicanos, entre outros. Neste contexto inserem-se a Voz do Operário em Lisboa e a Sociedade de Instrução no Porto. Várias entidades empregadoras passaram a possuir creches, infantários e mesmo escolas primárias.

A partir de 1882, começaram a surgir os primeiros Jardins-Escola que terão o seu ponto alto em 1911 quando a Associação dos Jardins-Escola João de Deus fundou a primeira escola infantil. A base pedagógica seria a de João de Deus e a conceção arquitetónica de Raul Lino.

No que respeita ao ensino primário, o grande acontecimento foi a adoção da Cartilha Maternal de João de Deus em 1876. Os edifícios escolares não acompanharam esta evolução e o projeto de criação de uma Escola Nacional pelo Método de João de Deus foi reconvertido nas Escolas Móveis pelo Método João de Deus.

 

 

Fonte: BEJA, Filomena, et al. Muitos Anos de Escolas – Volume I – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário até 1941. Lisboa, Ministério da Educação – Direção-Geral da Administração Escolar, 1990.


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