A máquina de escrever ou máquina
datilográfica é um instrumento mecânico, com teclas que, quando premidas,
causam a impressão de caracteres num documento, em geral, o papel. O método
através do qual uma máquina de escrever deixa a impressão no papel é variável,
de acordo com o tipo de máquina. Habitualmente é causado pelo impacto de um
elemento metálico, com um alto-relevo do caracter a imprimir, numa fita com
tinta que, em contacto com o papel, é depositada na sua superfície. No Museu
Virtual da Educação existem cerca de 170 registos de máquinas de escrever, o
que demonstra a sua importância na vida escolar.
A história deste instrumento não é clara,
embora se possa referir um sistema de escrita criado por Henry Mill, em 1714 ou
por Pellegrine Turri, em 1808. O registo das patentes e o aperfeiçoamento da
máquina de escrever foram realizados a partir de 1810: a máquina Typograph de
William Austin Burth, a de Progrin e a de Giuseppe Ravisa com teclado fixo e
fita com tinta. O padre brasileiro Francisco João Azevedo, criou uma máquina
designada Mecanógrafo, apresentada numa exposição industrial no Rio de Janeiro,
e vencedora de uma medalha de ouro.
Em 1864 Peter Mitterhofer foi o inventor de um
instrumento verdadeiramente funcional, construído em metal e madeira. Em 1867,
na Dinamarca foi criada uma máquina, designada Maillin-Hansen Writing Ball.
A comercialização da máquina de escrever de
teclado em 1866 deve-se à criação do tipógrafo Christopher Latham Sholes
(1819-1890), editor em Wisconsin, nos E.U.A., em parceria com Carlos Glidden.
Esta patente foi vendida à companhia de Philo Remington, a Remington Small Arms
Company, tendo sido inicialmente posta no mercado em 1874 com o nome de máquina
Sholes-Gliden, posteriormente alterada para “Remington”. Tinha grandes
dimensões e um teclado apenas com maiúsculas. As inovações ao longo dos anos
aperfeiçoaram o modelo, nomeadamente com a introdução de minúsculas ou letras
do alfabeto alemão. No entanto, estas máquinas não permitiam a leitura do texto
à medida que o operador ia escrevendo, o que só aconteceu mais tarde.
Entre 1884 e 1897
surgiram no mercado outros fabricantes como é o caso de Hammond e da Underwood
respetivamente. As máquinas apresentam um teclado com letras e sinais,
fazendo-se a impressão através de uma fita com tinta. A disposição das letras
no teclado foi alvo de uma normalização, consoante a sua frequência na
respetiva língua. Assim surgiram os teclados AZERT, HCEZAR, utilizado em
Portugal, e o QWERTY.
Durante o século XIX
foram criadas várias máquinas adequadas às necessidades: portáteis, comerciais,
de grande comprimento, entre outras. Durante este período distinguiram-se as
marcas Olivetti e Smith-Corona.
Em 1902 outra inovação
foi posta em prática pela empresa Blickensderfer: a máquina de escrever
elétrica que permitiu uma maior velocidade na escrita com menor esforço por
parte do operador.
Em 1961 a IBM introduziu
na máquina um sistema de esfera rotativa, que a tornou muito mais versátil. Em
Portugal existiu uma fábrica máquinas de escrever, MESSA, de prestígio
internacional, embora não tenha tido continuidade.
Na década de sessenta do
séc. XX, o aspeto exterior do instrumento começou a ganhar importância,
introduzindo-se outro tipo de materiais como o plástico. Apesar disso, a área
da informática avançava a passos largos, o que se traduziu no abandono da
máquina de escrever.
Da análise dos
fabricantes de máquinas de escrever existentes no Museu Virtual podemos
concluir que a marca mais usada no contexto escolar era a portuguesa MESSA (cerca
de 25 registos identificados de um total de 170), seguida da Royal
Typewriter Company (24 registos) e da Remington (23
registos). A Imperial Typewriter também consta das mais
utilizadas (16 registos), bem como a Optima (12 registos),
a Underwood e a Everest (10 registos). Os
modelos são variados e permitem acompanhar a evolução tecnológica do aparelho:
as máquinas mais antigas em metal e as mais recentes em plástico, portáteis e
elétricas
Com máquinas de escrever
mais desenvolvidas, sofisticadas e ao alcance de todos, este instrumento
tornou-se imprescindível nos negócios, abrindo oportunidades às mulheres no
mercado de trabalho. O panorama sociocultural alterou-se com a criação de novas
profissões e de novos cursos, como é o caso da datilografia.
Ao nível do
ensino, podemos referir a existência de materiais de apoio utilizados em
contexto das práticas pedagógicas, como é o caso de imagens parietais relativas
a posturas a adotar ou de teclados, bem como os manuais escolares de
Datilografia, disponíveis no Museu Virtual da Educação.
A expansão da área comercial e dos
serviços foi acompanhada pela máquina de escrever que permitia uma maior
rapidez e uniformidade da escrita.
Tomando
como exemplo empresas em que ordens ou instruções eram divulgadas de forma
manuscrita, o que por vezes poderia gerar erros de leitura e interpretação, a
máquina de escrever teve um enorme impacto, revolucionando todo o tecido
empresarial.
Mas não foi
só a vertente económico empresarial afetada por este instrumento. A vertente
literária refletiu, por sua vez, uma nova maneira de escrever, tornando-se este
instrumento um verdadeiro objeto simbólico para o escritor. A máquina de
escrever vem uniformizar todos os tipos de letra manuscrita.
Atualmente a máquina de escrever
tornou-se uma verdadeira peça de museu. Em abril de 2011 encerrou a Godrej & Boyce (Bombaim),
a última empresa fabricante de máquinas de escrever, por falta de procura.
Bibliografia online
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a 3 de Agosto de 2012]
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MJS