2012/09/12

Mecanização da escrita: a máquina de escrever no Museu Virtual da Educação



A máquina de escrever ou máquina datilográfica é um instrumento mecânico, com teclas que, quando premidas, causam a impressão de caracteres num documento, em geral, o papel. O método através do qual uma máquina de escrever deixa a impressão no papel é variável, de acordo com o tipo de máquina. Habitualmente é causado pelo impacto de um elemento metálico, com um alto-relevo do caracter a imprimir, numa fita com tinta que, em contacto com o papel, é depositada na sua superfície. No Museu Virtual da Educação existem cerca de 170 registos de máquinas de escrever, o que demonstra a sua importância na vida escolar.

A história deste instrumento não é clara, embora se possa referir um sistema de escrita criado por Henry Mill, em 1714 ou por Pellegrine Turri, em 1808. O registo das patentes e o aperfeiçoamento da máquina de escrever foram realizados a partir de 1810: a máquina Typograph de William Austin Burth, a de Progrin e a de Giuseppe Ravisa com teclado fixo e fita com tinta. O padre brasileiro Francisco João Azevedo, criou uma máquina designada Mecanógrafo, apresentada numa exposição industrial no Rio de Janeiro, e vencedora de uma medalha de ouro.


Em 1864 Peter Mitterhofer foi o inventor de um instrumento verdadeiramente funcional, construído em metal e madeira. Em 1867, na Dinamarca foi criada uma máquina, designada Maillin-Hansen Writing Ball.


A comercialização da máquina de escrever de teclado em 1866 deve-se à criação do tipógrafo Christopher Latham Sholes (1819-1890), editor em Wisconsin, nos E.U.A., em parceria com Carlos Glidden. Esta patente foi vendida à companhia de Philo Remington, a Remington Small Arms Company, tendo sido inicialmente posta no mercado em 1874 com o nome de máquina Sholes-Gliden, posteriormente alterada para “Remington”. Tinha grandes dimensões e um teclado apenas com maiúsculas. As inovações ao longo dos anos aperfeiçoaram o modelo, nomeadamente com a introdução de minúsculas ou letras do alfabeto alemão. No entanto, estas máquinas não permitiam a leitura do texto à medida que o operador ia escrevendo, o que só aconteceu mais tarde.


Entre 1884 e 1897 surgiram no mercado outros fabricantes como é o caso de Hammond e da Underwood respetivamente. As máquinas apresentam um teclado com letras e sinais, fazendo-se a impressão através de uma fita com tinta. A disposição das letras no teclado foi alvo de uma normalização, consoante a sua frequência na respetiva língua. Assim surgiram os teclados AZERT, HCEZAR, utilizado em Portugal, e o QWERTY.

Durante o século XIX foram criadas várias máquinas adequadas às necessidades: portáteis, comerciais, de grande comprimento, entre outras. Durante este período distinguiram-se as marcas Olivetti e Smith-Corona.



Em 1902 outra inovação foi posta em prática pela empresa Blickensderfer: a máquina de escrever elétrica que permitiu uma maior velocidade na escrita com menor esforço por parte do operador.

Em 1961 a IBM introduziu na máquina um sistema de esfera rotativa, que a tornou muito mais versátil. Em Portugal existiu uma fábrica máquinas de escrever, MESSA, de prestígio internacional, embora não tenha tido continuidade.

Na década de sessenta do séc. XX, o aspeto exterior do instrumento começou a ganhar importância, introduzindo-se outro tipo de materiais como o plástico. Apesar disso, a área da informática avançava a passos largos, o que se traduziu no abandono da máquina de escrever.

Da análise dos fabricantes de máquinas de escrever existentes no Museu Virtual podemos concluir que a marca mais usada no contexto escolar era a portuguesa MESSA (cerca de 25 registos identificados de um total de 170), seguida da Royal Typewriter Company (24 registos) e da Remington (23 registos). A Imperial Typewriter também consta das mais utilizadas (16 registos), bem como a Optima (12 registos), a Underwood e a Everest (10 registos). Os modelos são variados e permitem acompanhar a evolução tecnológica do aparelho: as máquinas mais antigas em metal e as mais recentes em plástico, portáteis e elétricas

Com máquinas de escrever mais desenvolvidas, sofisticadas e ao alcance de todos, este instrumento tornou-se imprescindível nos negócios, abrindo oportunidades às mulheres no mercado de trabalho. O panorama sociocultural alterou-se com a criação de novas profissões e de novos cursos, como é o caso da datilografia.

 


Ao nível do ensino, podemos referir a existência de materiais de apoio utilizados em contexto das práticas pedagógicas, como é o caso de imagens parietais relativas a posturas a adotar ou de teclados, bem como os manuais escolares de Datilografia, disponíveis no Museu Virtual da Educação.

A expansão da área comercial e dos serviços foi acompanhada pela máquina de escrever que permitia uma maior rapidez e uniformidade da escrita.

 



Tomando como exemplo empresas em que ordens ou instruções eram divulgadas de forma manuscrita, o que por vezes poderia gerar erros de leitura e interpretação, a máquina de escrever teve um enorme impacto, revolucionando todo o tecido empresarial.



Mas não foi só a vertente económico empresarial afetada por este instrumento. A vertente literária refletiu, por sua vez, uma nova maneira de escrever, tornando-se este instrumento um verdadeiro objeto simbólico para o escritor. A máquina de escrever vem uniformizar todos os tipos de letra manuscrita.

Atualmente a máquina de escrever tornou-se uma verdadeira peça de museu. Em abril de 2011 encerrou a Godrej & Boyce (Bombaim), a última empresa fabricante de máquinas de escrever, por falta de procura.

 

Bibliografia online

http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1quina_de_escrever [Consulta a 3 de Agosto de 2012]

http://netopedia.tripod.com/diversos/hismaq.htm [Consulta a 3 de Agosto de 2012]

http://www.calendario.cnt.br/MAQUINAESCREVER.htm [Consulta a 3 de Agosto de 2012]

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-da-maquina-de-escrever/historia-da-maquina-de-escrever1.php [Consulta a 3 de Agosto de 2012]

http://www.maquinasantigasdeescrever.com.br/historia.html [Consulta a 3 de Agosto de 2012]

http://www.scielo.gpeari.mctes.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-83122010000100012&lng=en&nrm=iso&tlng=pt [Consulta a 3 de Agosto de 2012]

http://www.isel.pt/pInst/Servicos/ServDocPublicacoes/docs/Museologia/repositorio_acervo_museologico_isel_2.pdf [Consulta a 3 de Agosto de 2012]

 

MJS


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