O Convento de Cristo em Tomar é um dos mais importantes conjuntos monumentais em Portugal, considerado Monumento Nacional em 1910 e Património Mundial classificado pela UNESCO desde 1983.
Construído ente o século XII e
o século XVIII, trata-se de um conjunto de edificações que incluem o Castelo de
Tomar, o Convento, a Charola Templária, os Claustros quatrocentistas, o
aqueduto e a Igreja Manuelina. A sua relevância resulta do facto de ser uma
obra prima do renascimento europeu demonstrando o génio criativo da humanidade,
estando associado a tradições e crenças de significado universal. Trata-se de
um conjunto concebido inicialmente como símbolo da reconquista e posteriormente
da abertura de Portugal ao mundo através dos Descobrimentos.
Situado na freguesia de S.
João Batista, a sua construção iniciou-se em 1160, ligada ao nascimento da
nacionalidade portuguesa e à Ordem dos Templários, posteriormente denominada
Ordem de Cristo.
Foram vários os arquitetos que
trabalharam nesta construção, Diogo de Arruda, João de Castilho, Diogo de
Torralva, o que se refletiu em várias tipologias arquitetónicas e funções, com
elementos românicos, góticos, manuelinos, renascentistas ou maneiristas. Devido
a todas as transformações no espaço ao longo do tempo, são visíveis vários
estilos que coexistem no monumento, desde o românico inicial.
Várias são as figuras da
história portuguesa ligadas ao Convento: Gualdim Pais, o fundador da cidade de
Tomar, Infante D. Henrique, D. Manuel I, D. João II, Filipe II e D. João III.
O Castelo foi fundado por
Gualdim Pais em 1160, com a vila murada, a casa militar a Alcáçova e a Charola
(oratório dos cavaleiros). A Charola recria a Basílica do Santo Sepulcro em
Jerusalém, num misto de românico e gótico.
Em 1937 passou para a Ordem de
Cristo e com a nomeação do Infante D. Henrique para governador da Ordem, a
família real passa a controlar a administração do mesmo. A casa militar foi
transformada num convento, a Alcáçova torna-se a residência do Infante e
constroem-se dois claustros.
D. Manuel I assume o cargo de
governador da Ordem que beneficia de um enorme poderio espalhado pelo mundo. O
convento foi ampliado e o estilo manuelino foi adotado nas remodelações,
celebrando as descobertas marítimas. A Igreja Manuelina e o Portal Sul
apresentam grande profusão decorativa, ao estilo manuelino, integrando
elementos marinhos, naturais, cristãos e a heráldica régia.
D. João III tenta tornar a
cidade de Tomar numa capital espiritual, tendo construído a Igreja de Nossa
Senhora da Conceição. Este monarca faz uma enorme reforma na Ordem a partir de
1529, tornando-se uma ordem de clausura, a cargo de Frei António de Lisboa.
Constrói um novo espaço, um convento de grande escala atribuído a João de
Castilho e Diogo de Torralva. O Claustro de D. João III, inicialmente em estilo
gótico foi substituído por Torralva por um estilo maneirista.
Após a aclamação de Filipe I
no Convento de Cristo em 1581, este torna-se mestre da Ordem de Cristo. O
monarca irá continuar a edificação do convento e do Claustro de D. João III, a
Sacristia Nova bem como o Aqueduto. Foi elaborada a Portaria Nova e o
Dormitório no Claustro da Hospedaria, bem como a Grande Enfermaria e a Botica
Nova. O Aqueduto é uma enorme obra de engenharia hidráulica de grande escala,
com seis quilómetros de extensão.
Durante os séculos XIX e XX o
Convento passa por momentos conturbados: a ocupação francesa em 1811 que levou
à destruição do cadeiral do trono e em 1834 a extinção das ordens religiosas. O
recheio do convento é roubado, tendo-se perdido inúmeras peças de arte e
livros.
O recinto da vila, o castelo e
algumas edificações do Convento foram vendidas ao futuro Conde de Tomar que transforma
a ala do Claustro dos Corvos na sua residência pessoal. Só em 1939 a
propriedade passará novamente para as mãos do Estado.
Por ordem de D. Maria II a
Ordem sobrevive como Ordem Honorífica. Em 1845, a rainha instala-se no convento
durante sete anos. D. Fernando faz demolir parte do Claustro de Santa Bárbara e
da Hospedaria para ter uma vista desafogada da igreja quinhentista.
No final do século XIX várias
zonas são entregues a militares, sendo que em 1917 todo o conjunto passa a ser
ocupado pelo Ministério da Guerra, à exceção da igreja.
Nas últimas décadas do século
XX o Estado volta a ter a posse do convento, transformando-o num espaço
histórico e cultural.