2021/01/21

Património Material de Portugal: Convento de Cristo, Tomar

 

(Imagem dos claustros do Convento de Cristo em Tomar. Retirada da internet)

O Convento de Cristo em Tomar é um dos mais importantes conjuntos monumentais em Portugal, considerado Monumento Nacional em 1910 e Património Mundial classificado pela UNESCO desde 1983.

Construído ente o século XII e o século XVIII, trata-se de um conjunto de edificações que incluem o Castelo de Tomar, o Convento, a Charola Templária, os Claustros quatrocentistas, o aqueduto e a Igreja Manuelina. A sua relevância resulta do facto de ser uma obra prima do renascimento europeu demonstrando o génio criativo da humanidade, estando associado a tradições e crenças de significado universal. Trata-se de um conjunto concebido inicialmente como símbolo da reconquista e posteriormente da abertura de Portugal ao mundo através dos Descobrimentos.

Situado na freguesia de S. João Batista, a sua construção iniciou-se em 1160, ligada ao nascimento da nacionalidade portuguesa e à Ordem dos Templários, posteriormente denominada Ordem de Cristo.

Foram vários os arquitetos que trabalharam nesta construção, Diogo de Arruda, João de Castilho, Diogo de Torralva, o que se refletiu em várias tipologias arquitetónicas e funções, com elementos românicos, góticos, manuelinos, renascentistas ou maneiristas. Devido a todas as transformações no espaço ao longo do tempo, são visíveis vários estilos que coexistem no monumento, desde o românico inicial.

Várias são as figuras da história portuguesa ligadas ao Convento: Gualdim Pais, o fundador da cidade de Tomar, Infante D. Henrique, D. Manuel I, D. João II, Filipe II e D. João III.

O Castelo foi fundado por Gualdim Pais em 1160, com a vila murada, a casa militar a Alcáçova e a Charola (oratório dos cavaleiros). A Charola recria a Basílica do Santo Sepulcro em Jerusalém, num misto de românico e gótico.

(Imagem da fachada do Convento de Cristo em Tomar. Retirada da internet)

Em 1937 passou para a Ordem de Cristo e com a nomeação do Infante D. Henrique para governador da Ordem, a família real passa a controlar a administração do mesmo. A casa militar foi transformada num convento, a Alcáçova torna-se a residência do Infante e constroem-se dois claustros.

D. Manuel I assume o cargo de governador da Ordem que beneficia de um enorme poderio espalhado pelo mundo. O convento foi ampliado e o estilo manuelino foi adotado nas remodelações, celebrando as descobertas marítimas. A Igreja Manuelina e o Portal Sul apresentam grande profusão decorativa, ao estilo manuelino, integrando elementos marinhos, naturais, cristãos e a heráldica régia.

D. João III tenta tornar a cidade de Tomar numa capital espiritual, tendo construído a Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Este monarca faz uma enorme reforma na Ordem a partir de 1529, tornando-se uma ordem de clausura, a cargo de Frei António de Lisboa. Constrói um novo espaço, um convento de grande escala atribuído a João de Castilho e Diogo de Torralva. O Claustro de D. João III, inicialmente em estilo gótico foi substituído por Torralva por um estilo maneirista.

Após a aclamação de Filipe I no Convento de Cristo em 1581, este torna-se mestre da Ordem de Cristo. O monarca irá continuar a edificação do convento e do Claustro de D. João III, a Sacristia Nova bem como o Aqueduto. Foi elaborada a Portaria Nova e o Dormitório no Claustro da Hospedaria, bem como a Grande Enfermaria e a Botica Nova. O Aqueduto é uma enorme obra de engenharia hidráulica de grande escala, com seis quilómetros de extensão.

(Imagem de uma janela manuelina do Convento de Cristo em Tomar. Retirada da internet)

Durante os séculos XIX e XX o Convento passa por momentos conturbados: a ocupação francesa em 1811 que levou à destruição do cadeiral do trono e em 1834 a extinção das ordens religiosas. O recheio do convento é roubado, tendo-se perdido inúmeras peças de arte e livros.

O recinto da vila, o castelo e algumas edificações do Convento foram vendidas ao futuro Conde de Tomar que transforma a ala do Claustro dos Corvos na sua residência pessoal. Só em 1939 a propriedade passará novamente para as mãos do Estado.

Por ordem de D. Maria II a Ordem sobrevive como Ordem Honorífica. Em 1845, a rainha instala-se no convento durante sete anos. D. Fernando faz demolir parte do Claustro de Santa Bárbara e da Hospedaria para ter uma vista desafogada da igreja quinhentista.

No final do século XIX várias zonas são entregues a militares, sendo que em 1917 todo o conjunto passa a ser ocupado pelo Ministério da Guerra, à exceção da igreja.

Nas últimas décadas do século XX o Estado volta a ter a posse do convento, transformando-o num espaço histórico e cultural.

 

MJS

Sem comentários: