2021/01/25

Património Mundial de Portugal: Mosteiro da Batalha

 

(Imagem dos claustros do Mosteiro da Batalha. Retirada da internet)

O Mosteiro da Batalha ou Mosteiro de Santa Maria Maior foi elevado a património mundial da humanidade pela UNESCO em 1983. Os critérios que presidiram a esta decisão foram o reconhecimento de génio criativo, a tecnologia e a técnica artística e de engenharia.

A iniciativa da construção deste mosteiro deve-se a D. João I, sendo o núcleo inicial a Quinta do Pinhal, cerca de 1385. Este monarca decidiu fundar aqui o seu panteão, bem como D. Duarte, tendo sido a Igreja doada à Ordem Dominicana em 1388. Os vários reis portugueses continuaram a engrandecer esta obra até D. João III.

O Mosteiro deve-se à promessa feita pelo, então Mestre de Avis, durante a Batalha de Aljubarrota, caso saísse vencedor. Esta construção é um símbolo da consagração da D. João I e da nova dinastia, legitimando-se através da vontade divina.

O primeiro arquiteto foi Afonso Domingues que concebeu o complexo, com a igreja, sacristia, claustro, casa do capítulo, dormitório, cozinha e refeitório. Sucedeu-lhe Huguet, em 1482, de origem catalã, estando à frente do projeto durante 36 anos. Planificou duas capelas: a Capela do Fundador, panteão de D. João I e a as Capelas Imperfeitas, para D. Duarte. Ao longo do século XV vários terrenos foram acrescentados ao núcleo inicial.

O pórtico de entrada do Mosteiro, da autoria de Huguet é uma obra única na arte portuguesa, com uma complexa iconografia: estão representados os apóstolos, virgens e mártires, papas e bispos célebres pelas suas virtudes. O tímpano apresenta a figura de Deus, ladeado por S. João, S. Marcos, S. Lucas e S. Mateus.

Também da criatividade de Huguet, nasceu a Capela do Fundador que não estava prevista no plano inicial. É a primeira vez que surge em Portugal em espaço destinado propositadamente a um panteão familiar. A arca tumular apresenta esculpidos D. João e D. Filipa de Lencastre, de mão dada. Na zona sul estão os túmulos dos filhos do rei, D Henrique, Infante D. João e a esposa D. Isabel e ainda o Infante Santo, D. Fernando.

(Imagem dos túmulos de D. João I e de D. Filipa de Lencastre no Mosteiro da Batalha. Retirada da internet)

D. Carlos mandou construir arcas funerárias para D. Afonso V, D. João II e o seu filho D. Afonso, que morreu precocemente

Fernão de Évora dirigiu as obras do claustro de D. Afonso V, um dos primeiros edifícios de dois andares em Portugal.

A igreja de Santa Maria da Vitória caracteriza-se pela sua majestade e grandeza, organizada em três naves que conduzem ao altar-mor. Encontram-se ainda cinco capelas poligonais. A capela-mor, uma inovação na arquitetura portuguesa deve-se a Fernão de Évora que dirigiu as obras do claustro de D. Afonso V, um dos primeiros edifícios de dois andares em Portugal.

Mateus Fernandes interveio na construção das Capelas Imperfeitas, entre 1490 e 1555, sendo responsável pelo portal de entrada, caracterizado pela imponência e pelo estilo manuelino.

Deste conjunto fez parte um claustro construído por D. João III que foi demolido no século XIX.

Quanto aos vitrais, pensa-se que terão sido iniciados em meados do século XV. Um dos executantes desta obra foi Luís Alemão que incutiu características dos vitrais do sul da Alemanha, certamente de onde o autor era originário. Incluem imagens de profetas, patriarcas anjos e santos, ou cenas da vida de Cristo.

No século XVI, mestre João foi encarregue dos vitrais mostrando preocupações realistas de influência flamenga. Nos finais do século, D. Manuel encomendou vários conjuntos de vitrais concebidos por vários artistas, destacando-se Francisco Henriques. Apesar de algum cuidado, a sua degradação foi notória ao longo dos anos até ao restauro iniciado em 1840 por Mouzinho de Albuquerque.

(Imagem da fachada do Mosteiro da Batalha. Retirada da internet)


O mosteiro influenciou a formação da própria vila da Batalha. Extinto em 1834, alguns edifícios passaram para a posse do Estado, mas a quinta foi vendida a José Maria Crespo, tendo sido desarticulada do espaço conventual.

Em 1840, D. Fernando deu inicio às obras de restauro do edifício, que perdeu a sua função clerical. Com o rei D. Carlos I a função da Batalha passou a ser memorial. Em 1921 o monumento passou a acolher o espaço do túmulo do Soldado Desconhecido, em honra dos combatentes da I Guerra Mundial.

O Estado Novo recupera o Mosteiro da Batalha como um símbolo nacional.

 

MJS

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