O Mosteiro da Batalha ou Mosteiro de Santa Maria Maior foi elevado a património mundial da humanidade pela UNESCO em 1983. Os critérios que presidiram a esta decisão foram o reconhecimento de génio criativo, a tecnologia e a técnica artística e de engenharia.
A iniciativa da construção
deste mosteiro deve-se a D. João I, sendo o núcleo inicial a Quinta do Pinhal,
cerca de 1385. Este monarca decidiu fundar aqui o seu panteão, bem como D.
Duarte, tendo sido a Igreja doada à Ordem Dominicana em 1388. Os vários reis
portugueses continuaram a engrandecer esta obra até D. João III.
O Mosteiro deve-se à promessa
feita pelo, então Mestre de Avis, durante a Batalha de Aljubarrota, caso saísse
vencedor. Esta construção é um símbolo da consagração da D. João I e da nova
dinastia, legitimando-se através da vontade divina.
O primeiro arquiteto foi
Afonso Domingues que concebeu o complexo, com a igreja, sacristia, claustro,
casa do capítulo, dormitório, cozinha e refeitório. Sucedeu-lhe Huguet, em
1482, de origem catalã, estando à frente do projeto durante 36 anos. Planificou
duas capelas: a Capela do Fundador, panteão de D. João I e a as Capelas
Imperfeitas, para D. Duarte. Ao longo do século XV vários terrenos foram
acrescentados ao núcleo inicial.
O pórtico de entrada do
Mosteiro, da autoria de Huguet é uma obra única na arte portuguesa, com uma
complexa iconografia: estão representados os apóstolos, virgens e mártires,
papas e bispos célebres pelas suas virtudes. O tímpano apresenta a figura de
Deus, ladeado por S. João, S. Marcos, S. Lucas e S. Mateus.
Também da criatividade de
Huguet, nasceu a Capela do Fundador que não estava prevista no plano inicial. É
a primeira vez que surge em Portugal em espaço destinado propositadamente a um
panteão familiar. A arca tumular apresenta esculpidos D. João e D. Filipa de
Lencastre, de mão dada. Na zona sul estão os túmulos dos filhos do rei, D
Henrique, Infante D. João e a esposa D. Isabel e ainda o Infante Santo, D. Fernando.
D. Carlos mandou construir
arcas funerárias para D. Afonso V, D. João II e o seu filho D. Afonso, que
morreu precocemente
Fernão de Évora dirigiu as
obras do claustro de D. Afonso V, um dos primeiros edifícios de dois andares em
Portugal.
A igreja de Santa Maria da
Vitória caracteriza-se pela sua majestade e grandeza, organizada em três naves
que conduzem ao altar-mor. Encontram-se ainda cinco capelas poligonais. A
capela-mor, uma inovação na arquitetura portuguesa deve-se a Fernão de Évora
que dirigiu as obras do claustro de D. Afonso V, um dos primeiros edifícios de
dois andares em Portugal.
Mateus Fernandes interveio na
construção das Capelas Imperfeitas, entre 1490 e 1555, sendo responsável pelo
portal de entrada, caracterizado pela imponência e pelo estilo manuelino.
Deste conjunto fez parte um
claustro construído por D. João III que foi demolido no século XIX.
Quanto aos vitrais, pensa-se
que terão sido iniciados em meados do século XV. Um dos executantes desta obra
foi Luís Alemão que incutiu características dos vitrais do sul da Alemanha,
certamente de onde o autor era originário. Incluem imagens de profetas,
patriarcas anjos e santos, ou cenas da vida de Cristo.
No século XVI, mestre João foi
encarregue dos vitrais mostrando preocupações realistas de influência flamenga.
Nos finais do século, D. Manuel encomendou vários conjuntos de vitrais
concebidos por vários artistas, destacando-se Francisco Henriques. Apesar de
algum cuidado, a sua degradação foi notória ao longo dos anos até ao restauro iniciado
em 1840 por Mouzinho de Albuquerque.
O mosteiro influenciou a
formação da própria vila da Batalha. Extinto em 1834, alguns edifícios passaram
para a posse do Estado, mas a quinta foi vendida a José Maria Crespo, tendo
sido desarticulada do espaço conventual.
Em 1840, D. Fernando deu
inicio às obras de restauro do edifício, que perdeu a sua função clerical. Com
o rei D. Carlos I a função da Batalha passou a ser memorial. Em 1921 o
monumento passou a acolher o espaço do túmulo do Soldado Desconhecido, em honra
dos combatentes da I Guerra Mundial.
O Estado Novo recupera o
Mosteiro da Batalha como um símbolo nacional.
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