O Mosteiro dos Jerónimos, cuja
designação correta é Mosteiro de Santa Maria de Belém é um monumento erigido em
Belém, Lisboa, no século XVI, pertencente, à época, à Ordem de S. Francisco.
A sua construção foi iniciada
por D. Manuel I e tornou-se um dos epítetos da arte manuelina por excelência. A
zona onde foi implantado desenvolveu-se devido ao comércio marítimo e à
produção naval. Todo o processo dos Descobrimentos veio a tornar esta área um
porto privilegiado, sobretudo a partir da construção da Ermida de Santa Maria
de Belém, a mando do Infante D. Henrique em 1452. Instalaram-se serviços da
canalização de água, casas e desbravamento de terrenos para a agricultura.
Posteriormente, cerca de 1501,
D. Manuel I transformou esta pequena ermida num convento, contribuindo para tal
o aumento de verbas proporcionado pelo comércio com o Oriente. O monumento
seria um importante elemento de propaganda régia e glorificação de um reinado
de exceção.
Utilizando o calcário da zona
envolvente, a construção do Convento levou centenas de anos e esteve a cargo de
vários mestres. Foi dada a sua utilização à Ordem de São Jerónimo que aqui
permaneceu até à época da extinção das ordens religiosas.
Durante o reinado de D. Manuel
houve duas fases de construção. Diogo de Boitaca foi responsável pela primeira,
sendo da sua autoria o traçado do mosteiro e da igreja. A partir de 1517 e até
1530, João de Castilho coordenou a empreitada, sendo ele o autor da porta
axial, porta sul, sala do Capítulo, sacristia, claustro, refeitório e capelas
do coro. A sua presença alterou grandemente o estilo decorativo, passando-se do
gótico para o classicismo renascentista.
O claustro é a primeira
construção do género em Portugal, com dois andares e planta quadrada,
considerado uma obra prima da arquitetura mundial. Nele se pode ver a
influência de Diogo de Boitaca, que o projetou, de João de Castilho que o
alterou e Diogo de Torralva que marcou a sua conclusão. Aqui se misturam uma
profusão de estilos e géneros, com símbolos religiosos, régios e elementos
naturalistas.
Mais tarde, Diogo de Torralva
assume este cargo até 1551. Jerónimo de Ruão irá concluir o edifício, tendo
trabalhado no projeto de 1563 a 1601 marcando uma viragem para o estilo
manuelino.
A planta original incluía a
igreja, o claustro e várias dependências anexas, havendo inúmeros acrescentos e
alterações posteriores.
No século XX foram feitas
várias obras de restauro e de conclusão de algumas áreas, nomeadamente a
inclusão de vitrais da autoria de Abel Manta.
No âmbito da Exposição do
Mundo Português, em 1940, o Estado Novo efetuou várias alterações e restauros.
A Torre de Belém, cuja
designação correta é Torre de S. Vicente é uma fortificação que se situa nas
imediações do Mosteiro dos Jerónimos. Inicialmente cercada por água, a Torre
foi envolvida progressivamente pela praia. É igualmente uma das grandes
construções de D. Manuel I, iniciada em 1514, conjugando a tradicional torre de
menagem com o baluarte, ou seja, fazendo a transição entre a arquitetura
medieval e o renascimento. Esta Torre pertence a um plano defensivo iniciado
por D. João II, que inclui um conjunto de várias torres na linha da costa do
Tejo, como a Torre de São Sebastião da Caparica (1481) e a Torre de Santo
António de Cascais (1488).
O arquiteto Francisco de
arruda foi o responsável pelo inicio da obra em 1514 e pelo traçado do
monumento, que se caracteriza pela profusão de elementos manuelinos, com
aplicações ornamentais icónicas e influências islâmicas. Na decoração exterior
observamos brasões de armas de Portugal e cruzes da Ordem de Cristo, a par das
cordas e elementos marítimos. Ao nível da estrutura, é composta por dois
elementos, a torre e o baluarte, com guaritas cilíndricas que terminam em forma
de cúpulas. A torre está dividida em cinco andares: Sala do Governador, Sala
dos Reis, Sala de Audiências, Capela e Terraço da torre.
Diogo Boitaca, também
encarregue da construção dos Mosteiro dos Jerónimos, continuou esta empreitada
que se concluiu em 1520. O primeiro alcaide da Torre foi Gaspar de Paiva.
A sua função defensiva foi
perdendo importância, sobretudo a partir do domínio filipino, quando se tornou
uma masmorra para prisioneiros políticos.
Após o terramoto de 1755, a
Torre foi utilizada para controlar os navios que chegavam ao Tejo, numa
tentativa de evitar o saque da cidade.
Durante o reinado de D. Maria
I a Torre assumiu um papel defensivo de grande importância, sobretudo aquando
das Invasões Francesas.
Com D. Miguel I, este espaço
voltou a ser utilizado como masmorra para oponentes políticos, a par do uso
como controlo alfandegário.
D. Maria II procedeu a várias
reformas na Torre de Belém que também passou a apoiar as comunicações através
da instalação de um telégrafo (1810) e de um farol (1965).
A Torre de Belém é, assim, um
dos mais emblemáticos monumentos de Portugal, refletindo a identidade
portuguesa, o espirito das descobertas e a paixão pelo mar.
MJS
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