2021/02/01

Património Material de Portugal: Centro Histórico de Évora



O Centro Histórico de Évora faz parte do património mundial classificado pela UNESCO desde 1986.

Évora é a capital de distrito que tem o seu nome, na região do Alentejo. O seu vastíssimo património histórico e a presença da Universidade fizeram da cidade um importante centro de cultura e de investigação.

Apesar de toda a atividade cultural, a cidade integra-se numa estrutura económica eminentemente rural e artesanal. O artesanato também faz parte da riqueza da Évora, destacando-se as peças em vime ou salgueiro, a pintura dos tradicionais móveis alentejanos, o trabalho da cortiça e do barro, a par da madeira e dos metais.

Ao nível patrimonial, tendo em conta a classificação da UNESCO, trata-se de um perímetro urbano delimitado pelas muralhas quinhentistas da cidade. Évora é habitada desde épocas remotas, tendo inúmeros vestígios pré-históricos: antas, menires e cromeleques e a Gruta do Escoural.

O desenvolvimento urbano desta área iniciou-se no período romano, com os limites da chamada “cerca velha”, onde se encontravam o templo romano e a Sé. A importância económica que adquiriu está patente na sua nomeação feita por Júlio César em 59 a. C.: Liberalitas Júlia. O Tempo de Diana é uma das mais emblemáticas construções da época, provavelmente construído no século III d. C., em estilo coríntio. Durante a Idade Média serviu de açougue público e foi restaurado no século XIX.

Após a queda do Império Romano, a cidade foi dominada pelos Visigodos (séculos V a VII) que ergueram vários templos cristãos. De 711 a 1165 Évora é dominada pelos Árabes, sendo conquistada por Geraldo Sem Pavor em 1165. A “cerca velha” foi o limite da urbanização desde a época romana até ao final da ocupação árabe.

Évora tornou-se a sede da Ordem Militar de S. Bento de Calatrava (Avis) e foi a única a resistir à investida almorávida que reconquistou todas as praças da zona do Alentejo.

Durante o período medieval foi construída uma segunda muralha devido à expansão e desenvolvimento urbano, aproveitando as estradas romanas de acesso à cidade. A estrutura seguia o tradicional modelo de pequenas ruas irregulares e tinha dez portas: Alconchel, Raimundo, Rossio, Mesquita, Mendo Estevens Machede, Traição Moinho de Vento, Avis (a única que permanece completa), Lagoa e um postigo em Penedos.


A construção da Sé de Évora iniciou-se em 1186 e constitui um dos mais relevantes exemplos da arquitetura românico-gótica em Portugal. O edifício tem três naves, ladeadas por um claustro, datado do século XIII. A sua capela-mor foi reformulada no século XVIII por Ludovice, ao estilo barroco.

Esta cidade adquiriu enorme importância durante a primeira dinastia, tenso sido sede da Corte. Durante o reinado de D. Afonso IV recebeu a relíquia do Santo Lenho, em memória de quem foi construída a Igreja de São Vicente.

O apoio da cidade à dinastia de Avis, fez com que se tornasse uma importante região, chegando mesmo a ser capital política e cultural, onde se realizaram Cortes 23 vezes. Aqui se tomaram importantes decisões relativamente às conquistas e navegações. A consolidação do poder régio de D. João II está igualmente ligada à cidade.

O apogeu de Évora ocorre no século XVI, com os reinados de D. Manuel I, D. João III e Cardeal D. Henrique. Nesta época construíram-se diversas igrejas, o Paço de D. Manuel I, o Aqueduto da Prata, o Convento da Graça, a Misericórdia de Santo Antão, a Capela de Valverde e a Universidade. Várias figuras de destaque do panorama cultural trabalharam aqui: André de Resende, Garcia de Resende ou Manuel Severim de Faria.

A universidade foi criada em 1551, estando a cargo dos jesuítas. O seu edifício contou com a participação de importantes figuras como Afonso Álvares, Manuel Pires e Diogo de Torralva.

Na Praça do Giraldo encontra-se a Igreja de Santo Antão, um exemplar da arquitetura maneirista da autoria de Manuel Pires. Também o Convento e Igreja da Graça constitui um importante monumento ao estilo do renascimento e maneirismo.

A arquitetura civil também teve um enorme desenvolvimento, podendo apontar-se como exemplo o Solar dos Condes de Basto ou a Casa Cordovil.


O Aqueduto da Prata, da responsabilidade de Francisco de Arruda foi iniciado no reinado de D. João III e constituiu um elemento marcante no urbanismo citadino.

No período das Guerras da Restauração foram acrescentados baluartes às muralhas e a forma da cidade adquire uma seção romboidal. Aqui se destaca a Praça do Giraldo. No entanto, a dinastia de Bragança não fez investimentos de vulto na cidade que perdeu o seu destaque ao nível político e cultural.

D. Miguel, viria a instalar em Évora a sua capital, durante os conflitos liberais e absolutistas, mas só no final do século XIX é que se volta a “reabilitar” Évora como cidade-museu.


MJS

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