O Centro Histórico de Évora faz parte do património mundial classificado pela UNESCO desde 1986.
Évora é a capital de distrito
que tem o seu nome, na região do Alentejo. O seu vastíssimo património
histórico e a presença da Universidade fizeram da cidade um importante centro
de cultura e de investigação.
Apesar de toda a atividade
cultural, a cidade integra-se numa estrutura económica eminentemente rural e
artesanal. O artesanato também faz parte da riqueza da Évora, destacando-se as
peças em vime ou salgueiro, a pintura dos tradicionais móveis alentejanos, o
trabalho da cortiça e do barro, a par da madeira e dos metais.
Ao nível patrimonial, tendo em
conta a classificação da UNESCO, trata-se de um perímetro urbano delimitado
pelas muralhas quinhentistas da cidade. Évora é habitada desde épocas remotas,
tendo inúmeros vestígios pré-históricos: antas, menires e cromeleques e a Gruta
do Escoural.
O desenvolvimento urbano desta
área iniciou-se no período romano, com os limites da chamada “cerca velha”,
onde se encontravam o templo romano e a Sé. A importância económica que
adquiriu está patente na sua nomeação feita por Júlio César em 59 a. C.: Liberalitas Júlia. O Tempo de Diana é
uma das mais emblemáticas construções da época, provavelmente construído no
século III d. C., em estilo coríntio. Durante a Idade Média serviu de açougue
público e foi restaurado no século XIX.
Após a queda do Império
Romano, a cidade foi dominada pelos Visigodos (séculos V a VII) que ergueram
vários templos cristãos. De 711 a 1165 Évora é dominada pelos Árabes, sendo
conquistada por Geraldo Sem Pavor em 1165. A “cerca velha” foi o limite da
urbanização desde a época romana até ao final da ocupação árabe.
Évora tornou-se a sede da
Ordem Militar de S. Bento de Calatrava (Avis) e foi a única a resistir à
investida almorávida que reconquistou todas as praças da zona do Alentejo.
Durante o período medieval foi
construída uma segunda muralha devido à expansão e desenvolvimento urbano,
aproveitando as estradas romanas de acesso à cidade. A estrutura seguia o
tradicional modelo de pequenas ruas irregulares e tinha dez portas: Alconchel,
Raimundo, Rossio, Mesquita, Mendo Estevens Machede, Traição Moinho de Vento,
Avis (a única que permanece completa), Lagoa e um postigo em Penedos.
A construção da Sé de Évora
iniciou-se em 1186 e constitui um dos mais relevantes exemplos da arquitetura
românico-gótica em Portugal. O edifício tem três naves, ladeadas por um
claustro, datado do século XIII. A sua capela-mor foi reformulada no século
XVIII por Ludovice, ao estilo barroco.
Esta cidade adquiriu enorme
importância durante a primeira dinastia, tenso sido sede da Corte. Durante o
reinado de D. Afonso IV recebeu a relíquia do Santo Lenho, em memória de quem
foi construída a Igreja de São Vicente.
O apoio da cidade à dinastia
de Avis, fez com que se tornasse uma importante região, chegando mesmo a ser
capital política e cultural, onde se realizaram Cortes 23 vezes. Aqui se
tomaram importantes decisões relativamente às conquistas e navegações. A
consolidação do poder régio de D. João II está igualmente ligada à cidade.
O apogeu de Évora ocorre no
século XVI, com os reinados de D. Manuel I, D. João III e Cardeal D. Henrique.
Nesta época construíram-se diversas igrejas, o Paço de D. Manuel I, o Aqueduto
da Prata, o Convento da Graça, a Misericórdia de Santo Antão, a Capela de
Valverde e a Universidade. Várias figuras de destaque do panorama cultural
trabalharam aqui: André de Resende, Garcia de Resende ou Manuel Severim de
Faria.
A universidade foi criada em
1551, estando a cargo dos jesuítas. O seu edifício contou com a participação de
importantes figuras como Afonso Álvares, Manuel Pires e Diogo de Torralva.
Na Praça do Giraldo
encontra-se a Igreja de Santo Antão, um exemplar da arquitetura maneirista da
autoria de Manuel Pires. Também o Convento e Igreja da Graça constitui um
importante monumento ao estilo do renascimento e maneirismo.
A arquitetura civil também
teve um enorme desenvolvimento, podendo apontar-se como exemplo o Solar dos
Condes de Basto ou a Casa Cordovil.
O Aqueduto da Prata, da
responsabilidade de Francisco de Arruda foi iniciado no reinado de D. João III
e constituiu um elemento marcante no urbanismo citadino.
No período das Guerras da
Restauração foram acrescentados baluartes às muralhas e a forma da cidade adquire
uma seção romboidal. Aqui se destaca a Praça do Giraldo. No entanto, a dinastia
de Bragança não fez investimentos de vulto na cidade que perdeu o seu destaque
ao nível político e cultural.
D. Miguel, viria a instalar em
Évora a sua capital, durante os conflitos liberais e absolutistas, mas só no
final do século XIX é que se volta a “reabilitar” Évora como cidade-museu.
MJS
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