2025/03/06

Exposição virtual : "O Espólio Museológico da Escola Secundária Rodrigues de Freitas"

 

A Escola Secundária Rodrigues de Freitas, localizada no Porto, foi fundada por Passos Manuel, como Liceu Nacional do Porto, em 1836, tendo iniciado o seu funcionamento em 1840 no Convento das Carmelitas. Durante os primeiros tempos, as instalações não eram as mais adequadas, embora o número de alunos e oferta curricular fossem bastante reduzidos.

A partir de 1880, a escola mudou de instalações e passou a designar-se Liceu Nacional Central do Porto. Com a reforma de Jaime Moniz em 1894-95, o Liceu passou a ter uma organização pedagógica coerente visando a coordenação entre todas as disciplinas de cada ano e passou a incluir alunas em regime ordinário.

Em 1908, passou a designar-se Liceu Nacional Central de D. Manuel II e em 1910, mudou o seu nome para Liceu de Rodrigues de Freitas. Em 1912, Eduardo Ferreira dos Santos Silva assumiu as funções de Reitor nesta escola. Foi o responsável pela implementação da Seção Feminina dos Liceus do Porto, concretizada pelo novo Reitor, António Augusto Pires de Lima, em 1915.

A grande mudança ao nível da estrutura educativa efetuou-se com as diretrizes de Carneiro Pacheco em 1936, acentuando o papel ideológico da educação, cultivando uma faceta nacionalista, moralista e patriota. Os reitores foram substituídos por pessoas de confiança política por todo o país, foi suspenso o regime de classes pelo regime de disciplinas em 1936, adotou-se o livro único e incrementaram-se as inspeções escolares.

Assistiu-se à implementação da Mocidade Portuguesa que visava os liceus como aparelhos de mobilização e doutrinação ideológica. Em 1942, as associações escolares e as suas atividades foram extintas. Com a reforma de Fernando Pires de Lima em 1947, foi retomada a designação de Liceu de D. Manuel II e em 1957 de Liceu Normal de D. Manuel II.

A partir de 1975, os liceus foram transformados em escolas secundárias e a Escola passou a ter a sua designação atual: Escola Secundária Rodrigues de Freitas. Nesta exposição deixamos alguns elementos do vastíssimo espólio museológico desta instituição que pode ser consultado online no Museu Virtual da Educação.


Dedaleira

ME/402709/44

Escola Secundária Rodrigues de Freitas

Modelo para estudo da Botânica utilizado como material didático para aprendizagem da morfologia da flor de Digitalis purpurea, pertencente a uma coleção de 203 exemplares, denominada coleção "Brendel".  A peça já não tem suporte. Destaca-se a conceção engenhosa permitindo visualizar o aspeto da flor ampliada. Cores: Haste de suporte, preta; pedúnculo e cálice verdes e corola rosa.

 

 

Coral

ME/402709/127

Escola Secundária Rodrigues de Freitas

Material didático que servia para estudo e observação da anatomia dos corais nas aulas de Ciências Naturais. Está exposto, permanentemente, na parede do laboratório 0.14. Sob um fundo preto, retangular, é apresentado um corte longitudinal de uma haste de Coral (Corallium rubrum) com dois pólipos. Este modelo, altamente ampliado está fixado e legendado em francês. Tradução para Português da Legenda "1- Pólipo; 2- Corte longitudinal de Pólipo; 3- Pólipo retraído coberto pelo cálice; 4- Tentáculos; 5- Abertura bucal; 6- Cavidade Gastral; 7- Diafragma; 8- Filamentos mesentéricos; 9- Gónadas; 10- Hidrantes; 11- Sarcosome (não traduzido); 12- Calice sarcosomique (não traduzido); 13- Vasos irregulares; 14- Orifícios dos vasos irregulares das cavidades dos pólipos; 15- Vasos longitudinais; 16- Pólipos." Classificação científica: Reino: Animalia; Filo: Cnidaria; Classe: Anthozoa; Ordem: Alcyonacea; Família: Coralliidae; Género: Corallium; Espécie: Corallium rubrum.



Estrela do mar

ME/402709/171

Escola Secundária Rodrigues de Freitas

Material didático que servia para estudo e observação de uma estrela do mar almofadada nas aulas de Ciências Naturais. Este exemplar encontra-se em bom estado de conservação em formol num frasco cilíndrico de vidro. Pequena estrela-do-mar, de base larga e braços curtos, que mede cerca de 5 a 6 cm de diâmetro. O seu corpo espesso encontra-se coberto por numerosos espinhos curtos. A sua forma corporal é muito característica: a superfície ventral é achatada e, na superfície dorsal, apresenta uma pequena elevação perto do centro, que lhe confere o seu nome comum de “estrela-do-mar-almofadada”. Classificação científica - Reino: Animalia; Filo: Echinodermata; Classe: Asteroidea; Ordem: Valvatida; Família: Asterinidae; Género: Asterina; Espécie: Asterina gibbosa.

 


Imagem parietal de espécie animal/Crustáceo

ME/402709/221

Escola Secundária Rodrigues de Freitas

Quadro parietal de crustáceos marinhos no seu habitat. Na tela podem ser visualizados os caranguejos eremitas e os camarões. Os crustáceos constituem um grupo de artrópodes que possui como característica mais marcante a presença de dois pares de antenas na região da cabeça. A tela não tem informações nem dos autores nem dos editores. Encontra-se um pouco deteriorado talvez pelo uso excessivo em sala de aula.

 


Amonoide

ME/402709/243

Escola Secundária Rodrigues de Freitas

Os amonoides constituem um grupo extinto de moluscos cefalópodes que desapareceu na extinção K-Pg, no final do Cretácico, que também vitimou os dinossauros. Com base nas suturas consideram-se três grupos principais de amonoides: Goniatites (sutura simples com algumas ondulações), que viveram do Devónico ao Pérmico; Ceratites (sutura na qual começam a definir-se lobos) encontradas do Pérmico ao Triásico; Amonites (apresentam suturas mais complexas) encontradas do Jurássico ao Cretácico. As amonites diversificaram-se numa grande variedade de formas e eram abundantes em todos os mares da era Mesozoica. Este exemplar é de grandes dimensões. Classificação científica - Reino: Animalia; Filo: Mollusca; Classe: Cephalopoda; Subclasse: Ammonoidea.

 


Esfera armilar

ME/402709/305

Escola Secundária Rodrigues de Freitas

Esfera armilar utilizada com fins pedagógicos nas aulas de Geografia. A esfera armilar é um instrumento de Astronomia, utilizado sobretudo na navegação, que representa a esfera celeste segundo a conceção ptolemaica. O modelo apresenta o equador (no qual se inscrevem os vários meses do ano e os 12 signos do zodíaco), um meridiano e a elíptica. No centro encontra-se um espaço destinado a um modelo de globo terrestre.

 

MJS


2025/03/03

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: Custódio Dias Guerreiro (1858 – 19 ?)

 

(Imagem de Custódio Dias Guerreiro retirada de internet)
 


Custódio Dias Guerreiro nasceu em Lisboa a 1 de março de 1858. Para além do curso de professor primário, fez estudos preparatórios no Liceu de Lisboa, algumas disciplinas no Instituto Industrial e Comercial, bem como várias cadeiras de música no Real Conservatório.

Foi professor na Escola Primária de Várzea de Góis em 1882, onde viveu durante alguns anos, intervindo na vida pública. O seu papel no associativismo docente foi marcado por participações ativas em conferências e na imprensa pedagógica.

Em 1886, na Conferência Pedagógica do Círculo de Arganil aprovou as propostas de constituição da Federação do Professorado Primário Português, sendo que a luta associativa pelo professorado, marcou sua vida.

Em 1898 publicou Aspirações e protestos do professorado primário com as conferências apresentadas aos congressos pedagógicos de Lisboa e Porto em 1897. Os temas em debate foram, em Lisboa, os edifícios e o material escolar e no Porto, o combate ao analfabetismo e a melhoria das condições salariais dos professores.

Dias Guerreiro insistiu na necessidade de um plano uniforme para as escolas primárias, tornando-as atraentes e motivadoras para os alunos, de forma a garantir a frequência escolar. A maneira de conter o crescente analfabetismo da população portuguesa era a edificação de escolas confortáveis e apelativas.

Em 1898, o governo concedeu à Associação dos Engenheiros Civis Portugueses as linhas para um concurso público de edifícios de escolas primárias. A ideia do governo era afastar as escolas dos centros urbanos, mas a associação de professores preferiu uma solução de compromisso, tendo em conta que as crianças teriam de percorrer grandes distâncias. Para além disso, de acordo com a associação, a casa do professor deveria situar-se no edifício da escola.

O aspeto dos edifícios teria de ser simples, mas não despojado, sem exageros de decoração, mas não severo. O espaço exterior, no entanto, não tinha sido sequer objeto de discussão.

De acordo com as teorias deste educador, deveriam existir dois tipos de construção: um para escolas até 70 alunos e outro para escolas com mais de 65 alunos. Este plano deveria ser coordenado por uma comissão de engenheiros.

Em 1899 publicou A Associação e a Escola onde fez um estudo crítico da luta do movimento associativo dos professores. Devem referir-se os seus esforços para a constituição de caixas económicas escolares, na Várzea de Góis, em Coimbra e em várias localidades do norte e centro de Portugal. Estas caixas económicas eram um auxílio às necessidades dos alunos e das escolas, assegurando a igualdade de oportunidades.

 

 

Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.


MJS