2024/08/15

Instalações para o ensino (1968 a 1972) - Ministério das Obras Públicas - Escolas do Ciclo Primário: Escola Preparatória de João de Barros, Figueira da Foz

 

- Escola Preparatória de João de Barros -

O Ministério das Obras Públicas concluiu 42 edifícios, no período decorrente de 1968 a 1972, destinados a estabelecimentos dos cursos preparatório, secundário e médio. A título de divulgação, neste post, daremos a conhecer - a Escola Preparatória de João de Barros, Figueira da Foz.


(Pode observar-se uma imagem de um pátio interior de acesso aos pavilhões)

(No topo, pode ver-se um laboratório de biologia/física com vários objetos pedagógicos. Em baixo, à direita, a ficha técnica com a identificação da escola, a dimensão da área coberta, a dimensão da superfície de pavimentos, o custo total das instalações, a data de conclusão da obra, a população escolar e a discriminação das dependências)


Ministério das Obras Públicas (1973). Novas Instalações para o ensino construídas entre

 1968 e 1972. Lisboa: Direcção-Geral das Construções Escolares.



P. M. 

2024/08/12

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: Álvaro Viana de Lemos (1881 – 1972)

 

(Imagem do autor retirada da internet)


Álvaro Viana de Lemos nasceu a 28 de março de 1881 na Lousã, filho de Luís Gonçalves Viana de Lemos e de Maria Joana Vieira de Lemos. Era uma família abastada, uma vez que o seu pai era industrial e proprietário de terras, proporcionando-lhe uma dinâmica cultural estimulante.

Concluiu os seus estudos primários na Escola Conde Ferreira na Lousã, em 1890. Em 1891 fez o Exame de Admissão aos Liceus e em 1892 mudou-se para Lisboa, ingressando no Colégio Jesuíta de Campolide.

Em 1896 regressou à terra de origem e foi aluno em simultâneo do Liceu de Coimbra e da Faculdade de Matemática da Universidade de Coimbra. Fez igualmente os Estudos Preparatórios para a Escola Naval e para a Escola do Exército.

Em 1900 voltou a Lisboa e tirou o Curso de Bibliotecário-Arquivista na Torre do Tombo. Em 1901 frequentou o curso de Economia Política da Escola Politécnica. Entre 1902 e 1904 concluiu o Curso da Escola do Exército e em 1906 foi colocado em Viana do Castelo onde permaneceu até 1908.

Este período em Viana do Castelo mudou o rumo da sua vida, ao tomar contato com dois professores primários, Augusto Gonçalves Viana e José Alves de Sousa, defensores da importância dos Trabalhos Manuais.

Em 1907 foi um dos fundadores da Liga de Instrução de Viana do Castelo. Lecionou ginástica em várias escolas primárias e ensinou as primeiras letras aos recrutas da sua unidade. Durante este ano fez uma viagem de estudo à Europa: Inglaterra, França, Bélgica e Holanda.

Em 1908 pediu uma licença para frequentar alguns cursos em Bruxelas: Escultura na Academia Real de Belas Artes de Benny (Escultura); Pintura Decorativa na Escola de Artes Decorativas de Ixelles com o Prof. Jean Mayné; e Eletricidade na Escola Industrial de Bruxelas.

Esta formação permitiu-lhe lecionar, no regresso a Portugal em 1909, no Colégio-Liceu Figueirense na Figueira da Foz. Com o encerramento da escola em 1910, Álvaro Lemos voltou ao exército como oficial ao serviço da Comissão Jurisdicional dos Bens das Congregações Religiosas. Este serviço foi efetuado no Colégio de Campolide.

Entre 1911 e 1914, lecionou Trabalhos Manuais no Instituto dos Pupilos do Exército. Participou no 1.º Congresso Internacional de Pedologia em Bruxelas e nos Congressos Internacionais de Língua Francesa de Gand, na Bélgica, e de Educação Física, em Paris.

Em 1914 frequentou o Curso da Escola Colonial. Em 1915 lecionou Trabalhos Manuais Educativos na Escola Normal Primária de Lisboa. Em 1916 foi admitido na Escola Nacional de Agricultura de Coimbra, encarregue das disciplinas de Trabalhos Manuais Educativos e Ginástica. Fez igualmente parte da Comissão Instaladora da Escola Normal Primária de Coimbra. A 21 de novembro casou com D. Laura Tavares de Lemos.

A partir de 1916, Álvaro Viana de Lemos abandonou o exército e exilou-se em Espanha onde viveu até 1919. De regresso a Portugal, assumiu o cargo que detinha na Escola Normal Primária de Coimbra, lecionando Desenho e Trabalhos Manuais. Em 1920 foi oficialmente exonerado do exército e exerceu em pleno a profissão de docente, participando em várias conferências internacionais.

Em 1927 foi criada a Associação Internacional para os Filmes da Educação Nova e Álvaro Lemos tornou-se o seu representante em Portugal. O Cinema Educativo foi por si divulgado como a mais recente técnica escolar. Entre 1929 e 1935 foi nomeado professor da Tutoria de Coimbra.

Em 1934 foi preso, acusado de estar envolvido numa conjura revolucionária e demitido das suas funções.

Entre 1936 e 1941 participou na Enciclopédia Pedagógica Progredior em colaboração com Adolfo Lima. Em 1940 viu a sua pensão ser suspensa por 60 dias em virtude de “crimes” cometidos nas aulas.

A partir da década de 40, Álvaro Lemos passou a cultivar a quinta da família em Cernache, dedicou-se às atividades artísticas e à promoção turística da região da Lousã.

Para este educador, os trabalhos manuais eram uma forma de articular as aprendizagens, ou seja, eram auxiliares de todas as disciplinas. A escola devia aproximar o aluno da realidade e os trabalhos manuais permitiam precisamente a aplicação prática dos conhecimentos, desenvolvendo as aptidões de cada um. Nesse sentido, este educador publicou inúmeros instrumentos pedagógicos e de explicação de técnicas que poderiam ser usadas em contexto de sala de aula, como Trabalhos Manuais Educativos (1915 e 1920), Uma semana de Trabalhos Manuais (1923), Linóleo-gravura (lino-cut) e A modelação escolar (1928), Trabalho Manual Escolar – Trabalhos em papel (1929). No campo prático dirigiu cursos de formação para professores desta área. Grande apoiante do movimento associativo de professores, Álvaro Viana de Lemos fez parte de inúmeras associações nacionais e internacionais.

 

 

Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.

 

MJS