2020/09/24

Alguns dos melhores museus... em Portalegre


 “A urbe, com cerca de 16 mil habitantes, desenvolveu-se principalmente a partir do século XVI, época em que foi elevada a sede de Bispado e à categoria de Cidade, o que, conjuntamente com o progresso económico decorrente da agricultura, do comércio e também da indústria, levou à existência de famílias nobres e burguesas que mandaram construir residências com uma certa grandiosidade. Por esse facto, Portalegre possui um dos melhores conjuntos de casas solarengas do país.
A cidade tem uma forte tradição industrial. O fabrico de panos de lã data da Idade Média, mas conheceu um notável desenvolvimento a partir do séc. XVIII e, no seguinte, com a fundação da Real Fábrica de Lanifícios, por iniciativa do Marquês de Pombal. No século XIX surgiu a Fábrica Robinson, dedicada à preparação e transformação de cortiça, que é parte integrante da memória de Portalegre e que possui um valioso espólio de arqueologia industrial. Em 1947 surge a Manufactura de Tapeçarias, que pela originalidade e valor artístico dos seus trabalhos, depressa se tornou no “ex- líbris“ da cidade.”

Embora Portugal tenha uma tradição têxtil, as grandes tapeçarias existentes eram originárias de França e da Flandres. Após o terramoto de 1755, o Marquês de Pombal tentou dinamizar este setor, embora de forma muito embrionária. Em Portalegre, só em 1946, se tentou reviver a arte da tapeçaria, impulsionada por Guy Fino e Manuel Celestino Peixeiro. Com um ponto inventado por Manuel do Carmo Peixeiro, pai de Manuel Celestino, foi criada a primeira tapeçaria em 1948. Júlio Pomar, Maria Keil, Guilherme Camarinha, Renato Torres e Lima de Freitas colaboraram com esta Manufatura. A aceitação não foi fácil, mas o reconhecimento surgiu em 1952 pelas mãos dos técnicos franceses, nomeadamente, Jean Lurcat. A tapeçaria de Portalegre foi então distinguida como uma das melhores do mundo.

José Régio (1901 – 1969), pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira foi escritor, porta, dramaturgo, romancista, cronista e historiador de literatura, natural de Vila do Conde. A Casa-Museu sempre esteve na posse da família do escritor, passando para o seu pai por herança em 1928. Nos inícios dos anos 60, José Régio herdou a casa e fez algumas intervenções. Com a sua morte em 1969, a Câmara Municipal adquiriu a casa e abriu-a ao público em 1975, com o objetivo de dar a conhecer a vida do poeta. Em 2005 criou-se o Centro de Estudos Regianos.

Este museu, criado em 1918, situa-se atualmente numa casa nobre do século XVI, junto à Sé. Contém um valioso espólio de arte sacra, constituído pelas coleções de dois conventos, o de Santa Clara e o de São Bernardo. Inclui ainda mobiliário, pintura, ourivesaria, faiança, entre outros.

Este museu apresenta um espólio ligado às atividades agrícolas e pastoris do Alentejo, com especial incidência no montado do sobreiro e da azinheira. Instalado no Convento de São Bento de Avis, recria uma casa tipicamente alentejana, dando a conhecer a história e os costumes desta região.

O Museu foi inaugurado em 2013, no concelho de Gavião, nas instalações de uma antiga escola primária. Permite conhecer a história e a arte do fabrico do sabão em Portugal, sendo um dos quatro museus do mundo que se dedicam a esta temática. Devido à abundância de matérias primas, instalou-se a Real Fábrica de Sabão na zona de Belver, em regime do monopólio régio. Alguns trabalhadores iniciaram os seus próprios negócios quando terminou este monopólio em 1958.

No início do século XVI instalaram-se várias oficinas de ferreiro na Rua Nova, sendo os artífices de origem judaica, expulsos de Espanha. Em funcionamento até ao século XX, foi com a chegada de Mestre Carolino Tapadeio que o trabalho do ferro adquiriu outra dimensão. Desde as técnicas tradicionais, produzindo instrumentos agrícolas, às mais modernas, criando obras de arte, Mestre Carolino formou vários aprendizes, distinguindo-se nesta área. A Casa foi fundada para perpetuar a memória do Mestre e de todos aqueles que se dedicaram à arte do trabalho de ferreiro. Aqui se podem observar ferramentas e assistir a demonstrações.

MJS


2020/09/21

Alguns dos melhores museus ... em Ponta Delgada


“Ponta Delgada foi elevada a cidade, no reinado de D. João III, conforme reza a carta régia de 2 de abril de 1546, depois da primeira capital da ilha - Vila Franca do Campo - ter sido devastada pelo terrível terramoto de 1522.
A historiografia celebra o século XIX como a época áurea da cidade de Ponta Delgada e da ilha de S. Miguel, pela prosperidade económica, graças à exportação de citrinos para o Reino Unido, e pelo cosmopolitismo, graças à fixação de numerosos comerciantes estrangeiros, nomeadamente de inúmeras famílias judaicas, a partir de 1818. (…)
No início do século XX, Ponta Delgada ainda se encontrava em oitava posição no seio do universo urbano português. No decurso das últimas décadas, porém, o crescimento urbano em Portugal (…) veio contribuir para que não só crescesse o número de cidades, como aumentasse a população urbanizada a nível nacional (…). Ponta Delgada, contudo, nunca deixou de ser a primeira do arquipélago pela riqueza gerada, pelo número dos seus habitantes, pelo seu inestimável património, pela sua importância cultural e pelo seu cosmopolitismo.” Câmara Municipal de Ponta Delgada

Criado em 1993, este museu tem como objetivo recolher, estudar e preservar testemunhos históricos militares, contribuindo, assim, para a divulgação da história militar dos Açores. Para além da coleção ligada a esta área, tem ainda um acervo arquivístico de finais do século XIX e XX, ainda em tratamento.

Inicialmente designado por Museu Açoriano, foi criado por Carlos Machado em 1876 no Liceu Nacional de Ponta Delgada, com coleções de zoologia, botânica, geologia e mineralogia, ou seja, era basicamente um museu escolar. Depois de 1914 passou a ter o nome do seu fundador e foi enriquecendo o seu espólio com coleções africanas e etnográficas, pinturas, arte sacra, brinquedos. Para além do núcleo principal no Convento de Santo André, possui igualmente um núcleo em Santa Bárbara.

Este centro articula programas do Plano de Ordenamento da Bacia Hidrográfica da Lagoa das Furnas com a divulgação desta zona, em constante mutação. Através de exposições com mecanismos interativos proporciona a descoberta da zona da Lagoa e dos seus ecossistemas.

O museu, fundado em 1997 e reaberto em 2005, tem como missão a divulgação da cultura local da ilha de São Miguel. Inclui uma coleção de instrumentos agrícolas, uma casa regional, artigos ligados à pesca, uma taberna dos anos 50 e uma oficina de artesanato.

O tabaco foi introduzido nos Açores em 1815 e um dos grandes impulsionadores foi José Bensaúde que em 1866 fundou a Sociedade Fábrica de Tabaco Micaelense. Nacionalizada em 1974, foi adquirida em 1995 por um grupo de empresários que alteraram a designação para Fábrica de Tabaco Micaelense S. A. Pode ser visitada e observar o fabrico de cigarros, cigarrilhas e charutos com técnicas tradicionais.

A ideia da criação deste museu partiu de um grupo de emigrantes açorianos, como forma de homenagem. Instalado no antigo mercado do peixe, pretende transmitir os motivos de emigração em busca de melhores condições de vida. Aqui se podem observar testemunhos, pesquisas e estatísticas sobre esse tema.

MJS