A
vacina é uma preparação biológica utilizada como terapêutica preventiva para
uma determinada doença. Uma vacina contém um agente patogénico semelhante à
doença e ao ser introduzida no organismo estimula a resposta imunitária contra
esse agente. O corpo humano retém uma memória imunológica para que possa
reconhecer e destruir os microrganismos que provocam a doença. A vacinação é o
método mais eficaz para prevenir a disseminação infeciosas e produzir imunidade
generalizada.
Pensa-se
que terá sido na China e na Índia que se fizeram as primeiras tentativas de
imunização contra a varíola. Esta doença proliferou na Europa matando cerca de
30% dos infetados. Manifestava-se através de febre e vómitos, seguido de
pústulas que se estendiam a todo o corpo. Os doentes que sobreviviam ficavam
desfigurados e muitos cegavam.
O
método utilizado para prevenir esta doença era a variolação: obtinha-se uma
amostra de varíola que era injetada no indivíduo através de uma agulha ou
apenas esfregada na pele. Não se sabia porque é que isto sucedia, mas era
notório o resultado.
Durante
o século XVIII, o médico Thomas Dimsdale dedicou-se ao estudo desta doença e ao
método de variolação. Verificou que as pessoas inoculadas se tornavam, na sua
maior parte, imunes à doença. Este médico foi chamado pela Imperatriz Catarina
da Rússia para proceder à sua inoculação e do príncipe herdeiro, que foi um
sucesso.
Edward
Jenner, médico inglês, após anos de estudo e observação chegou à seguinte
conclusão: quando ocorriam surtos de varíola, os indivíduos que ordenhavam as
vacas não contraiam a doença. No entanto, eram portadores da doença chamada cowpox, ou varíola das vacas. Para
testar a sua teoria, realizou uma experiência em 1769, inoculando o filho do
seu jardineiro com o vírus da varíola das vacas, tendo tido sucesso. Apesar de
não ter conhecimentos de imunologia, o médico propôs a disseminação da vacina.
Em
1799 foi criado um instituto de vacinação em Londres e em 1800, a Marinha
Britânica adotou a vacinação. A partir do século XIX foram enormes os esforços
para levar a vacina a toda a população. Em 1959, a Organização Mundial de saúde
levou a cabo uma campanha de erradicação da doença que terminou em 1980.
A
outra vacina que também merece destaque é a vacina da raiva, criada por Louis
Pasteur através de um método científico. Pasteur conseguiu descrever o papel
dos micro-organismos na transmissão de infeções. A raiva era causada pelo Lyssavirus, instalando-se no sistema
nervoso e nas glândulas salivares, de forma que os humanos que fossem mordidos
por cães com a doença acabavam por a contrair.
Em
1885, o investigador conseguiu isolar extratos da medula de um animal infetado
que inoculou numa criança de oito anos mordida por um cão, Joseph Meister, que
se tornou o primeiro sobrevivente da doença.
Em
1879, descobriu o Bacillusanthracis e
em 1881, juntamente com Charles Chamberland, criaram uma vacina contra o
carbúnculo.
Em
1887, Pasteur fundou o seu próprio Instituto, com o objetivo de proceder à
investigação científica da patologia e transmissão de doenças e produção de
vacinas. O trabalho aqui desenvolvido permitiu controlar doenças como a
difteria, o tétano, a tuberculose, a poliomielite, a gripe ou a febre amarela.
Em 1983 foi aqui isolado pela primeira vez o vírus do HIV.
Ao
longo de todo o século XIX e XX foram feitos enormes progressos na área da
vacinação, bem como na identificação de bacilos que mudaram a saúde da
população mundial para sempre.
Em
Portugal, Manuel Joaquim Henriques de Paiva publicou em 1801 uma obra sobre a
vacina da varíola. Só em 1880 obra de Edward Jenner seria traduzida para
português.
Em
1812 foi criada a Instituição vacínica na Academia Real das Ciências de Lisboa,
com o incentivo de Bernardino António Gomes. A vacinação foi amplamente
divulgada e a população estava consciente das suas vantagens. A esperança média
de vida aumenta e a mortalidade diminui.
As
descobertas de Pasteur tiveram eco em Portugal levando à criação de um gabinete
de Microbiologia na Faculdade de Medicina de Coimbra em 1882. Em 1899 com
instalações próprias, desenvolveu-se o Real Instituto Bacteriológico de Câmara
Pestana. A sua função era a preparação de soros para tratamento de doenças e de
vacinas.
Em
1965 Portugal iniciou um Programa Nacional de Vacinação, apesar de algumas
vacinas já serem obrigatórias. Também neste ano surgiu o Boletim Individual de
saúde, onde se registavam as vacinas e as datas.
MJS
Sem comentários:
Enviar um comentário