2023/01/02

Invenções que mudaram o mundo: a vacina

 

(Imagem retirada da internet)

A vacina é uma preparação biológica utilizada como terapêutica preventiva para uma determinada doença. Uma vacina contém um agente patogénico semelhante à doença e ao ser introduzida no organismo estimula a resposta imunitária contra esse agente. O corpo humano retém uma memória imunológica para que possa reconhecer e destruir os microrganismos que provocam a doença. A vacinação é o método mais eficaz para prevenir a disseminação infeciosas e produzir imunidade generalizada.

Pensa-se que terá sido na China e na Índia que se fizeram as primeiras tentativas de imunização contra a varíola. Esta doença proliferou na Europa matando cerca de 30% dos infetados. Manifestava-se através de febre e vómitos, seguido de pústulas que se estendiam a todo o corpo. Os doentes que sobreviviam ficavam desfigurados e muitos cegavam.

O método utilizado para prevenir esta doença era a variolação: obtinha-se uma amostra de varíola que era injetada no indivíduo através de uma agulha ou apenas esfregada na pele. Não se sabia porque é que isto sucedia, mas era notório o resultado.

Durante o século XVIII, o médico Thomas Dimsdale dedicou-se ao estudo desta doença e ao método de variolação. Verificou que as pessoas inoculadas se tornavam, na sua maior parte, imunes à doença. Este médico foi chamado pela Imperatriz Catarina da Rússia para proceder à sua inoculação e do príncipe herdeiro, que foi um sucesso.

Edward Jenner, médico inglês, após anos de estudo e observação chegou à seguinte conclusão: quando ocorriam surtos de varíola, os indivíduos que ordenhavam as vacas não contraiam a doença. No entanto, eram portadores da doença chamada cowpox, ou varíola das vacas. Para testar a sua teoria, realizou uma experiência em 1769, inoculando o filho do seu jardineiro com o vírus da varíola das vacas, tendo tido sucesso. Apesar de não ter conhecimentos de imunologia, o médico propôs a disseminação da vacina.

Em 1799 foi criado um instituto de vacinação em Londres e em 1800, a Marinha Britânica adotou a vacinação. A partir do século XIX foram enormes os esforços para levar a vacina a toda a população. Em 1959, a Organização Mundial de saúde levou a cabo uma campanha de erradicação da doença que terminou em 1980.

A outra vacina que também merece destaque é a vacina da raiva, criada por Louis Pasteur através de um método científico. Pasteur conseguiu descrever o papel dos micro-organismos na transmissão de infeções. A raiva era causada pelo Lyssavirus, instalando-se no sistema nervoso e nas glândulas salivares, de forma que os humanos que fossem mordidos por cães com a doença acabavam por a contrair.


(Imagem retirada da internet)

Em 1885, o investigador conseguiu isolar extratos da medula de um animal infetado que inoculou numa criança de oito anos mordida por um cão, Joseph Meister, que se tornou o primeiro sobrevivente da doença.

Em 1879, descobriu o Bacillusanthracis e em 1881, juntamente com Charles Chamberland, criaram uma vacina contra o carbúnculo.

Em 1887, Pasteur fundou o seu próprio Instituto, com o objetivo de proceder à investigação científica da patologia e transmissão de doenças e produção de vacinas. O trabalho aqui desenvolvido permitiu controlar doenças como a difteria, o tétano, a tuberculose, a poliomielite, a gripe ou a febre amarela. Em 1983 foi aqui isolado pela primeira vez o vírus do HIV.

Ao longo de todo o século XIX e XX foram feitos enormes progressos na área da vacinação, bem como na identificação de bacilos que mudaram a saúde da população mundial para sempre.

Em Portugal, Manuel Joaquim Henriques de Paiva publicou em 1801 uma obra sobre a vacina da varíola. Só em 1880 obra de Edward Jenner seria traduzida para português.

Em 1812 foi criada a Instituição vacínica na Academia Real das Ciências de Lisboa, com o incentivo de Bernardino António Gomes. A vacinação foi amplamente divulgada e a população estava consciente das suas vantagens. A esperança média de vida aumenta e a mortalidade diminui. 

As descobertas de Pasteur tiveram eco em Portugal levando à criação de um gabinete de Microbiologia na Faculdade de Medicina de Coimbra em 1882. Em 1899 com instalações próprias, desenvolveu-se o Real Instituto Bacteriológico de Câmara Pestana. A sua função era a preparação de soros para tratamento de doenças e de vacinas.

Em 1965 Portugal iniciou um Programa Nacional de Vacinação, apesar de algumas vacinas já serem obrigatórias. Também neste ano surgiu o Boletim Individual de saúde, onde se registavam as vacinas e as datas.


MJS

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