2022/04/28

Mulheres na ciência: Karen Horney (1885 - 1952)

 


Karen Danielsen, posteriormente Karen Horney, nasceu na Alemanha em 1885, filha de Berndt Wackels Danielsen, capitão de um barco e extremamente religioso e de Clotilde van Ronzelen. Foi uma importante psicanalista que questionou a visão tradicional freudiana e fundou a psicanálise feminista.

A sua mãe, Clotilde, tinha um espírito bastante mais aberto do que o seu pai. Karen encarava-o como uma figura disciplinadora, sem afeto e com uma clara preferência pelo seu irmão. Desta forma, ficou sempre muito ligada à mãe, que acabou por deixar o pai, levando consigo os filhos. Ainda bastante jovem, Karen teve os primeiros episódios depressivos que a iriam acompanha toda a vida.

Em 1906 entrou no curso de medicina contra a vontade dos seus pais na Universidade de Freiburg. Em 1908 foi transferida para a Universidade de Göttingen e posteriormente para Berlim. Concluiu a licenciatura em 1913. Foi durante a época de estudante que conheceu o seu futuro marido, Oskar Horney, com quem casou em 1909. Em 1920, Karen começou a lecionar no Instituto de Psicanálise de Berlim.

Em 1923, a empresa do seu marido entrou em insolvência. Oskar contraiu meningite, o que lhe alterou profundamente o temperamento. Para além disso, neste ano morreu o irmão de Karen. Tudo isto contribuiu para um agravamento do seu estado mental.

Em 1926, saiu de casa com as suas três filhas e quatro anos mais tarde mudou-se para Brooklyn nos Estados Unidos. Aqui existia uma forte comunidade intelectual judaica, onde Karen conheceu vários académicos de renome.

O primeiro cargo que assumiu foi como Diretora do Instituto de Psicanálise de Chicago. Durante esta época desenvolveu as suas teorias acerca da neurose e da personalidade, publicadas em 1937 na obra The Neurotic Personality of Our Time.

Em 1941 passou a trabalhar no American Institute of Psychoanalysis. No entanto, o seu desvio da psicologia Freudiana fez com que abandonasse o cargo, começando a lecionar na Universidade de Nova Iorque, onde ficaria até à sua morte.

Horney decidiu fundar a sua própria organização, uma vez que considerava a comunidade de psicanálise bastante austera e conservadora: The Association for the Advancement of Psychoanalysis. Foi igualmente responsável pela publicação do The American Journal of Psychoanalysis.


A perspetiva de Horney sobre a neurose era diferente da de outros psicanalistas da época que acreditavam que a neurose era uma disfunção mental em resposta a estímulos externos ou experiências negativas durante a infância e adolescência.

Para ela, a neurose era um processo continuo que ocorria ao longo de vida de um indivíduo. Acreditava que a ênfase devia ser colocada na relação parental e na perspetiva infantil dos eventos. Horney estabeleceu as dez necessidades neuróticas: 1. A necessidade de afeto e aprovação; 2. A necessidade de um parceiro; 3. A necessidade de poder; 4. A necessidade de manipulação; 5. A necessidade de reconhecimento social; 6. A necessidade de valorização; 7. A necessidade de realizações pessoais; 8. A necessidade de autossuficiência e independência; 9. A necessidade de perfeição; 10. A necessidade de ter uma vida discreta.

A teoria do narcisismo também foi objeto de reflexão por parte de Horney. Para ela é um tipo de autoestima que não se baseia em realizações genuínas.

Em conjunto com Alfred Adler, Karen fundou a escola Neo-Freudiana. Apesar de reconhecerem o trabalho de Freud, defendiam que as maiores influências na personalidade do indivíduo são as ocorrências sociais na infância e não os desejos sexuais reprimidos. Ao contrário de Freud, Horney pensava que as mulheres tinham apenas “inveja” do poder masculino no mundo. Os homens, por sua vez, “invejavam” a maternidade, o poder de gerar um ser vivo. O complexo de Édipo também foi reformulado por ele. No final da sua vida, Horney sintetizou as suas ideias na obra Neurosis and the Human Growth. The Struggle Toward Self-Realization (1950).

Horney foi igualmente pioneira na área da psiquiatria feminista, uma vez que o comportamento feminino tinha sido negligenciado ao longo do tempo. Na obra The Problem of Feminine Masochism, afirma que a mulher era socialmente incentivada a depender do homem para obter amor, prestígio, riqueza ou proteção. A mulher não buscava a sua autorrealização, mas sim o desejo de agradar, sendo valorizada pelo seu papel na família.

Karen Horney faleceu a 4 de dezembro de 1952 em nova Iorque.

 

MJS

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