2025/10/16

Peça do mês de outubro/2025

 



Trombone de Koenig

 

Trombone de Koenig, instrumento utilizado em contexto das práticas pedagógicas de física para o estudo do fenómeno de interferência, comum a todos os movimentos ondulatórios. Para estudo da transmissão do som no ar utiliza-se este aparelho, constituído por um tubo, em latão, que dá uma volta em forma de elipse muito excêntrica, que se bifurca em lados opostos.

A peça está inventariada com o número ME/401018/104 e pertence ao espólio museológico da Escola Secundária de Bocage.


MJS

 

2025/10/13

Notas avulsas sobre o fundo dos Postos Escolares à guarda da SGEC

 


 

A documentação referente aos Postos Escolares, constitui uma série documental do fundo da Direção Geral do Ensino Primário, integrada no grupo de fundos dos Arquivos da Administração Central, encontrando-se à guarda da Direção de Serviços de Documentação e de Arquivo da ex-Secretaria Geral da Educação e Ciência (SGEC). Esta Direção Geral é constituída por 624 unidades de instalação, onde foram identificadas 49 séries documentais, tendo esta série documental um âmbito cronológico de 1927 – 1961 (1). Constitui um dos fundos documentais que integram o Arquivo Histórico do Ministério da Educação, com a sua criação em 1989.

 

As origens da Direção Geral do Ensino Primário remontam a 1932, com a criação da Repartição de Educação Física (Decreto nº 21 034, de 18 de março de 1932), embora só em 1933, com a publicação do Decreto nº 22 369, de 30 de março, é que esta designação se consolida no tempo. O diploma legar consagrava que “a superintendência dos serviços do ensino primário da República e das ilhas adjacentes compete à Direcção-Geral do Ensino Primário do Ministério da Instrução Pública.” Com a publicação do diploma, procedia-se à reorganização do Ministério da Instrução Pública, em particular nos serviços de direção e administração, orientação pedagógica e aperfeiçoamento do ensino, e na componente inspetiva e disciplinar, visando a prática de um ensino primário alinhado com as exigências do regime autoritário do Estado Novo e a desmantelação do modelo educativo da I República. Os processos iniciam-se sempre com um Boletim de admissão a Concurso, onde as candidatas concorrem para um lugar de professora ou regente escolar, para um determinado posto escolar. Este boletim contém a Efectividade e qualidade do serviço do Candidato, que se traduz na contagem do tempo de serviço nos anos letivos anteriores, da qualificação obtida (Bom ou Suficiente), das escolas de colocação, dos respetivos concelhos, bem como das faltas assinaladas na prestação de cada ano letivo. No verso da candidatura, consta a Declaração de preferência, com o máximo de 4 núcleos escolares. Por imperativos processuais, no processo de candidatura teria que constar uma declaração, com assinatura reconhecida em notário, nos termos do Decreto-Lei 27 003, de 14 de setembro de 1936 (2), onde o candidato declara sobre compromisso de honra “estar integrado na ordem social estabelecida pela Constituição Política de 1933, com activo repúdio do comunismo e de todas as idéas subversivas.” (sic). A mesma disposição legal consagra ainda no seu artigo 3º que “A falta do referido documento importa sempre inviabilidade legal da pretensão e responsabilidade disciplinar para os funcionários que lhe derem andamento.” O mesmo articulado adianta ainda no seu artigo 8º que “O juramento de bandeira prestado pelos militares de terra e mar compreende, para todos os efeitos, a declaração de honra prescrita neste decreto-lei.” Embora só estejam tratados uma parte muito residual de todo o universo desta série documental, parece-nos muito claro que o modelo político do Estado Novo assentava numa ideologia única que abominava a diversidade de opiniões e um modelo democrático e plural na construção social. Na prática, o funcionalismo público e toda a estrutura estatal estavam subordinada à ideia do discurso oficial, plasmado na máxima “Tudo pela Nação/ Nada contra a Nação”, conforme o discurso oficial do regime, datado de 30 de julho de 1930, sob pena, tal como consagrado no artigo 4º “Os diretores e chefes de serviços serão demitidos, reformados ou aposentados sempre que algum dos respectivos funcionários ou empregados professe doutrinas subversivas, e se verifique que não usaram da sua autoridade ou não informaram superiormente.”

 

 

(1)     Para informação complementar, consultar o Guia de fundos do Arquivo Histórico da Secretaria Geral do Ministério da Educação e Ciência, disponível em www.sec-geral.mec.pt/sites/default/files/janeiro_2017.pdf

 

(2)     Decreto-Lei 27 003, publicado no Diário do Governo, nº 216/1936, I Série, de 14 de setembro - Torna obrigatória a declaração de estar integrado na ordem social estabelecida pela Constituição Política de 1933, com activo repúdio do comunismo e de todas as idéas subversivas, para admissão a concurso, nomeação, assalariamento e noutras circunstâncias, com relação aos lugares do Estado e serviços autónomos, bem como dos corpos e corporações administrativas, e ainda para os candidatos à frequência das escolas que preparem exclusivamente para o funcionalismo e para outros.


2025/10/09

Muitos Anos de Escolas – Volume II – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário – Anos 40 – Anos 70 – Capítulo VI – As Casas dos Professores


 

Foi sempre comum o professor residir junto da escola onde lecionava, chegando mesmo a não existir qualquer distinção entre o espaço de habitação e o espaço da aula. A partir de 1866, na sequência do testamento do Conde de Ferreira, definiram-se algumas regras para este tipo de habitação: localizada geralmente nas traseiras do edifício, com cozinha, sala, gabinete de trabalho e dois quartos, distribuídos entre o rés-do-chão e o primeiro andar.


(Imagem da planta e alçado de uma habitação de um professor)


Após 1902, Adães Bermudes apresentou projetos que valorizavam a casa e o papel do professor primário. No entanto, muitas escolas funcionaram em edifícios adaptados e o professor residia em instalações fornecidas pela Junta de Freguesia ou Câmara Municipal.

Na década de 30, o Arquiteto Guilherme Rebello de Andrade elaborou o Projeto-Tipo N.º 91, um bloco de habitações para professores que podia ser construído em qualquer terreno disponível. Não chegou a seu posto em prática divido às dificuldades financeiras do governo. A situação foi-se agravando progressivamente através do aumento de escolas localizadas em locais mais remotos e de difícil acesso.


(Imagem do Alçado principal e posterior do Projeto Tipo N.º 91 para habitação de professores)


A partir de 1969, o governo decidiu suportar os encargos com a construção e mobiliário das casas dos professores. Para tal, foi feito um trabalho de recolha de dados com as necessidades por concelho e em 1970 deu-se inicio ao Concurso para a criação de Projetos-Tipo. A situação arrastou-se até 1973, optando-se pelo projeto do Arquiteto José dos Santos.

 

 

Fonte: BEJA, Filomena, et al. Muitos Anos de Escolas – Volume II – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário – Anos 40 – Anos 70. Lisboa, Ministério da Educação – Departamento de Gestão de Recursos Educativos, 1996.


MJS


2025/10/06

Exposição virtual: "Faróis de Portugal"

 

Um farol é uma estrutura elevada, geralmente uma torre, que dispõe de uma potente fonte de luz e espelhos refletores. Esta luz, visível a longa distância, tem o objetivo de orientar as embarcações durante os períodos noturnos, localizando-se junto ao mar ou em ilhas próximas. Pensa-se que a palavra deriva do grego Faros, a designação da ilha próxima de Alexandria, onde em 280 a. C. se ergueu o famoso Farol.

Em Portugal os faróis tiveram um papel de destaque ao longo da história, sobretudo na época dos Descobrimentos. A manutenção desta rede foi feita, desde 1892, pela Marinha Portuguesa. Em 1924 foi criada a Direção de Faróis, parte integrante da Direção-Geral da Autoridade Marítima, que é responsável pela elaboração de estudos, instalação e manutenção deste sistema de navegação.

Nesta exposição são apresentados diversos faróis da costa portuguesa, como é o caso do farol do Forte de Santa Catarina, na Figueira da Foz; o farol da praia com o mesmo nome, em Aveiro; o Farolim do Portinho do Revés, em Peniche; o Farol de S. Vicente, em Sagres; o Farol do Cabo Carvoeiro; e o Farol das Ilhas Berlengas.

 

Postal

ME/ESDJC/507

Escola Secundária D. João de Castro

Postal a preto e branco do Forte de Santa Catarina na Figueira da Foz vendo-se diversos automóveis e autocarros na praça. O Forte de Santa Catarina localiza-se na cidade e freguesia de São Julião da Figueira da Foz. Trata-se de uma construção militar que cooperava com a Fortaleza de Buarcos e o Fortim de Palheiros na defesa do porto e da baía da Figueira da Foz e de Buarcos. Pensa-se que os alicerces desta fortificação remontam ao reinado de D. João I (1385-1433), mas foi em outubro de 1585 que alguns homens-bons da Câmara Municipal de Coimbra requereram a Filipe I de Portugal (1580-1598) a construção de um forte, a erguer à entrada da barra do rio Mondego, nos rochedos conhecidos como Monte de Santa Catarina. O forte foi reforçado e modernizado em 1643, quando foi aumentada uma das cortinas da fortificação, ampliando-lhe a artilharia para 15 peças de diferentes calibres, no contexto da Restauração da Independência. No alvorecer do século XIX, quando da Guerra Peninsular, em 1808 o forte foi ocupado pelas tropas napoleónicas sob o comando de Jean-Andoche Junot. Em 1911 uma parte do espaço do forte foi cedida ao Instituto de Socorros a Náufragos. O restante foi arrendado ao Ténis Club Figueirense, alguns anos mais tarde. Terá sido também no alvorecer do século XX que foi edificado o farol de ferro no centro da praça-forte, importante auxílio à navegação na entrada da barra, desativado em 1991. O Forte de Santa Catarina apresenta planta no formato triangular, orgânica, adaptada ao terreno irregular sobre o qual se ergue. Foi criticada por apresentar um ângulo muito agudo nas faces de um dos baluartes, o que poderia comprometer a defesa. Os restantes apresentam-se com faces em forma de cauda de andorinha. Na praça de armas foram edificadas as casernas e a Capela de Santa Catarina, um oratório de planta quadrangular e tipologia maneirista, edificada por volta de 1598, com uma imagem da padroeira datando do século XVIII. No verso, carimbos da "Escola Secundária D. João de Castro" e do fotógrafo, "Fotografia Lys. 41, à Praça Velha, 42. Figueira da Foz" bem como a identificação do local (dactilografado). O postal integra um conjunto de materiais audiovisuais da antiga Escola D. João de Castro, utilizados no contexto das atividades pedagógicas, nomeadamente nas disciplinas de História/Geografia.

 

Postal

ME/ESDJC/261

Escola Secundária D. João de Castro

Fotografia a preto e branco da Praia do Farol, em Aveiro, vista aérea onde se observa a praia, o farol e a povoação. No canto superior esquerdo é identificado o local, a letras brancas, e no verso encontra-se a identificação do editor, "Edição Bruno da Rocha & C.ª - Aveiro", bem como o carimbo da "Escola Secundária D. João de Castro". O postal integra um conjunto de materiais audiovisuais da antiga Escola D. João de Castro, utilizados no contexto das atividades pedagógicas, nomeadamente nas disciplinas de História/Geografia.

 

Postal

ME/ESDJC/747

Escola Secundária D. João de Castro

Postal a preto e branco do Farolim do Portinho do Revés, em Peniche. No verso, carimbos da "Escola Secundária D. João de Castro", identificação do editor - "Livraria Trindade. Peniche" - e do local (tira de papel colada ao postal). Apresenta ainda a seguinte inscrição "Oferece Câmara Municipal de Peniche" (carimbo). O postal integra um conjunto de materiais audiovisuais da antiga Escola D. João de Castro, utilizados no contexto das atividades pedagógicas, nomeadamente nas disciplinas de História/Geografia.

 

Postal

ME/ESDJC/751

Escola Secundária D. João de Castro

Postal a preto e branco do Farol do Cabo Carvoeiro (Peniche). Em baixo, identificação do local. No verso, carimbos da "Escola Secundária D. João de Castro" e identificação do editor - "Casa Montez. Peniche". Apresenta ainda a seguinte inscrição "Oferece Câmara Municipal de Peniche" (carimbo). O postal integra um conjunto de materiais audiovisuais da antiga Escola D. João de Castro, utilizados no contexto das atividades pedagógicas, nomeadamente nas disciplinas de História/Geografia.

 

Postal

ME/ESDJC/803

Escola Secundária D. João de Castro

Postal a preto e branco do Farol de S. Vicente, em Sagres. Em baixo, identificação do local. No verso, carimbo da "Escola Secundária D. João de Castro", identificação do editor "Américo Correia Arez - Vila do Bispo" e da coleção: "Colecção de Postaes da Revista Latina - N.º 28". O postal integra um conjunto de materiais audiovisuais da antiga Escola D. João de Castro, utilizados no contexto das atividades pedagógicas, nomeadamente nas disciplinas de História/Geografia.

 

Postal

ME/ESDJC/735

Escola Secundária D. João de Castro

Postal a preto e branco da Berlenga Grande, ilha pertencente ao arquipélago das Berlengas, Peniche, vendo-se o farol da ilha. Em baixo, identificação do local. No verso, carimbos da "Escola Secundária D. João de Castro" e identificação do editor - "Casa Montez. Peniche". Apresenta ainda a seguinte inscrição "Oferece Câmara Municipal de Peniche (carimbo)".


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2025/10/02

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: João de Deus Ramos (1878 – 1953)

 

 

(Imagem do autor retirada da internet)

João de Deus Ramos nasceu em Lisboa a 26 de abril de 1878, quarto filho de João de Deus e de Guilhermina Battaglia. Esteve desde cedo em contato com figuras do panorama intelectual português e cresceu num ambiente familiar com valores humanistas.

Fez os seus primeiros estudos no Colégio de Campolide e em 1897 matriculou-se no curso de Direito da Universidade de Coimbra que terminou em 1902. Aqui conheceu João de Barros que se tornou seu grande amigo na defesa dos valores da educação popular.

A sua vida pautou-se por três áreas de intervenção em prol da instrução: a ação política, a ação cívica e a ação pedagógica. No que respeita âmbito da política, João de Deus Ramos foi deputado (1911 e 1913), Governador Civil da Guarda (1912) e de Coimbra (1913), Ministro da Instrução Pública (1920) e Ministro do Trabalho (1924-25). O seu objetivo foi sempre o acesso popular à instrução e à cultura.

A sua ação cívica traduziu-se na publicação de artigos no Diário de Lisboa e noutros periódicos, relacionados com a educação, bem como na participação numa tertúlia cultural com a elite intelectual da época.

No campo da pedagogia, este pensador, que iniciou a carreira docente em 1902 no Liceu Camões, associou-se ao projeto das Escola Móveis de Casimiro Freire. Juntamente com João de Barros criou várias escolas deste tipo, mas apercebeu-se das suas limitações: não conseguiram reduzir o analfabetismo e não educavam a população.

Em 1907, após realizar várias viagens pela Europa para conhecer o funcionamento de Jardins de Infância que tinham outros métodos de ensino (Montessori, Froëbel Decrolly), alterou a missão da Associação das Escolas Móveis, incluindo a criação de Escolas Maternais. Em 1908 o projeto passou a designar-se por “Associação de Escolas Móveis pelo Método de João de Deus – Bibliotecas Ambulantes e Jardins-Escolas”.

João de Deus Ramos preocupou-se com a adoção do método da Cartilha Maternal, não só por uma questão familiar, mas também por acreditar numa educação ligada à Escola Nova. Na sua opinião, a educação da criança deveria ter na sua base um método pedagógico adequado, mas também um ambiente educativo favorável, ligado à preservação dos valores nacionais.

A partir de 1910 concentrou os seus esforços na criação de uma rede de Jardins-Escola João de Deus. O primeiro foi inaugurado em Coimbra em 1911, ao qual se seguiram mais 10. Os valores que lhe presidiram foram a liberdade, o civismo e a solidariedade. Embora inspirado nos modelos internacionais, manteve a identidade nacional na arquitetura, ao estilo da “casa portuguesa” do arquiteto Raul Lino. Quanto à componente pedagógica, ficou marcado pela disciplina escolar inovadora que remetia para a empatia e para a obediência ativa.

Em 1917 inaugurou o Museu João de Deus onde se realizariam conferências e debates sobre temas da cultura nacional.

Em 1928 criou o Bairro Escolar do Estoril, a Escola Nova portuguesa, em sociedade com João Soares e Américo Limpo de Negrão Buisel.

Entre as obras publicadas por este autor, podem destacar-se A Reforma da Instrução Primária (2011); A Reforma do Ensino Normal (1912); O Estado Mestre Escola e a Necessidade das Escola Primárias Superiores (1924); A Criança em Portugal antes da Educação Infantil (1940).

  

Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.


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2025/09/29

Muitos Anos de Escolas – Volume II – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário – Anos 40 – Anos 70 – Capítulo V – As Cantinas

 

 

A ideia da “cantina social” como instituição cívica tinha vindo a ser abandonado desde 1926. No entanto, o Estado Novo considerou ser uma boa imagem de propaganda política ajudar a “matar a fome” às crianças de famílias carenciadas.

Só através da iniciativa de particulares, através de doações, se conseguiu arranjar capitais para a construção de cantinas. Foi o caso da Escola-Cantina D. América da Rocha Melo em Novelas, Penafiel, cujo projeto dos Arquitetos Baltazar de Castro e Rogério de Azevedo data de 1932; e da Escola-Cantina D. Maria do Carmo da Rocha Melo em Convento, sede de freguesia de Bustelo em Penafiel, com um projeto do Arquiteto Joaquim Areal de 1934.


(Imagem do alçado e planta da Escola-Cantina D. América da Rocha Melo, Novelas)


Muitos outros edifícios foram igualmente construídos por todo o país, até que em 1946 o Estado acumulou a obrigação de edificar as cantinas, uma vez que tinha aceite os fundos de manutenção. O Arquiteto Fernandes de Sá apresentou um projeto intitulado Cantinas Escolares – Edifícios Tipo que incluía sala de jantar, lavabos, quarto da ecónoma, instalações sanitárias, despensa, cozinha e anexos e carvoeira. O projeto foi aprovado reduzindo as divisões para um refeitório, cozinha, despensa e telheiro para lenha.


(Imagem do alçado principal e planta de uma Cantina Escolar para 8 salas - Tipo Urbano)


As obras iniciaram-se em zonas do Norte: Trás-os-Montes, Minho e Douro. No Alentejo e Algarve, o projeto-tipo foi da autoria do Arquiteto Alberto de Sousa, aprovados em 1949. Rapidamente se percebeu que uma cantina com apenas um refeitório não era suficiente para escolas com 8 ou mais salas de aula. Depois do pedido feito pela Obra das Mães e pela Câmara de Reguengos de Monsaraz, o governo autorizou a construção de uma cantina compatível com a população escolar. Em 1955 foi aceite que as cantinas tivessem lavabos.

Nas zonas do Centro e de Lisboa, os trabalhos desenvolvidos tiveram em conta os projetos do Norte e do Sul, repetindo-se as plantas e adaptando-se algumas zonas da fachada.

Em 1966 foi feito um novo estudo para os edifícios das cantinas, introduzindo-se uma estrutura antissísmica.

 

 

Fonte: BEJA, Filomena, et al. Muitos Anos de Escolas – Volume II – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário – Anos 40 – Anos 70. Lisboa, Ministério da Educação – Departamento de Gestão de Recursos Educativos, 1996.


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2025/09/25

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: Manuel Antunes Amor (1881 – 1940)

 

(Imagem do autor retirada da internet)

 

Manuel Antunes Amor nasceu a 21 de agosto de 1881 em Ferreira do Zêzere, filho de Manuel Antunes Amor e de Maria da Conceição Amor. Foi diplomado pela Escola Normal de Leiria e 1902 começou a exercer o magistério primário em Tomar e posteriormente em Abrantes.

Em 1906 iniciou a sua carreira como autor didático através da obra Compêndio de Desenho. Em 1907 obteve uma bolsa de estudo para complementar a sua formação em Leipzig, na Alemanha, onde visitou vários estabelecimentos de ensino. Foi aluno de Wundt, um dos fundadores da psicologia experimental.

Em 1909 regressou a Portugal e pôs em prática os novos métodos pedagógicos que aprendeu. Em 1910 publicou o Manuel de estenografia caligráfica e a Cartilha Moderna. Método legográfico analítico-sintético de ensino inicial educativo, que combinava várias técnicas pedagógicas para aprendizagem da leitura e da escrita.

Entre 1911 e 1912 foi Inspetor Primário nos círculos de Abrantes e Moimenta da Beira. Entre 1912 e 1915 lecionou Alemão e Desenho no Liceu Colonial em Cernache do Bonjardim e em 1914 publicou O Ensino do Desenho na Escola Primária.

Em 1916 partiu para a India, onde exerceu o cargo de Inspetor Primário. Em 1919, seguiu para Macau como Superintendente das Escolas Municipais. A sua ação no oriente foi profícua, onde criou Caixas de Beneficência Escolar, melhorou as salas de aulas e os materiais utilizados, fundou bibliotecas, introduziu disciplinas como o Desenho, os Trabalhos Manuais ou a Ginástica, promoveu excursões e exposições escolares e inaugurou o ensino pelo cinematógrafo.

Regressou à India em 1922, assumindo as suas antigas funções, tendo-se dedicado às associações de professores e à defesa das suas carreiras. Em 1925 publicou a obra A Revolução nas Escolas.

Em 1929 criou a Caixa legográfica, uma máquina utilizada para o ensino da leitura e da escrita, com a qual ganhou a medalha de prata da Exposição Colonial de Paris em 1931.

Em 1930 publicou Cruzada contra o Analfabetismo e em 1935 a Cartilha do Adulto, tendo igualmente reformulado a sua Cartilha Moderna.

Ao longo da sua vida escreveu vários artigos para diferentes periódicos como a Revista Pedagógica, a Revista escolar e a Educação Nova. Numa série de artigos n’ A Escola Moderna refletiu sobre a importância do cinema educativo como forma de dinamizar a aprendizagem em sala de aula.

  

Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.


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2025/09/22

Muitos Anos de Escolas – Volume II – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário – Anos 40 – Anos 70 – Capítulo IV – A Necessidade de Novos Edifícios e de uma Nova Rede Escolar (Parte II)

 

IV – A Necessidade de Novos Edifícios e de uma Nova Rede Escolar

3 - Uma Lei de Construções Escolares

4 - A Evolução dos Novos Edifícios

 

De acordo com a Lei n.º 2107 de 5 de abril de 1961, eram promulgadas as bases de um novo Plano de Construções para o Ensino Primário, executado pela Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Estas medidas abrangeriam escolas, cantinas, mobiliário e apetrechamento. O Novo Plano não tinha datas definidas e foi financeiramente suportado pelo Orçamento do Estado e pelas Câmaras Municipais.


(Imagem do documento Plano de construções para o ensino Primário, datado de 1961)


A DOCEP lançou a construção de edifícios Tipo Urbano de 4, 6 e 8 salas, todos com primeiro andar, partindo da ampliação sucessiva dos edifícios de 1 sala, que deixaram de ser construídos. O Tipo Rural deixou de ser um exclusivo de zonas remotas e pouco evoluídas, passando a ser adotado quando a população escolar necessitava apenas de 1 ou 2 salas de aula. O tipo de material utilizado passou a ser o betão, substituindo a madeira. Em 1966 as construções passaram a designar-se Tipo Urbano 2 e Tipo Rural 2.


(Imagem da ampliação de uma escola do Tipo Rural, apresentando a fachada e a planta)


A escolaridade obrigatória foi alargada para 6 anos em 1964, com a criação do Ciclo Complementar. Em 1969 as competências da DOCEP passam para a Direção das Instalações para o Ensino Primário.

Com as alterações aos planos curriculares e com novos métodos de ensino, foram estabelecidos contatos com peritos estrangeiros, no sentido de aperfeiçoar a relação espaço-criança-ensino. Foi então criada a Escola Piloto de Mem-Martins com espaços abertos, estímulo à criatividade e à liberdade dos alunos.

Em 1971 a Direção-Geral das Construções Escolares estudou esta nova dinâmica e apresentou um estudo de adaptação dos projetos-tipo à nova conceção pedagógica: salas de aula mais amplas, criação de salas de trabalhos manuais; remodelação das instalações sanitárias; novos equipamentos como painéis de parede; construção de um pequeno recreio coberto. Foram assim criados o Tipo Urbano e o Tipo Urbano 3. Verificou-se, no entanto, a necessidade de converter e ampliar muitas das escolas existentes.


(Imagens de plantas de escolas Tipo Urbano 3 e Tipo Rural 3)


 

Fonte: BEJA, Filomena, et al. Muitos Anos de Escolas – Volume II – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário – Anos 40 – Anos 70. Lisboa, Ministério da Educação – Departamento de Gestão de Recursos Educativos, 1996.


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2025/09/18

As Bibliotecas e a História - A Biblioteca Imperial de Constantinopla - Constantinopla, (atual Istambul), Turquia


 



FUNDAÇÃO DA BIBLIOTECA

A Biblioteca Imperial de Constantinopla localizava-se na antiga capital do Império Bizantino e era a última das grandes bibliotecas do mundo antigo, tendo sobrevivido muito após a destruição da Biblioteca de Alexandria e de outras bibliotecas do mundo antigo. A ela se deve a preservação do conhecimento dos antigos gregos e romanos durante quase mil anos. Uma série de incêndios acidentais ao longo dos anos e outros danos causados pela guerra – incluindo os ataques da quarta cruzada, no ano de 1204 –, impactou o próprio edifício e o que ela guardava. A biblioteca subsistiu em relativo bom estado até a cidade de Constantinopla ser conquistada pelos otomanos no ano de 1453. Nesta ocasião, importantes conteúdos foram irremediavelmente danificados, senão mesmo, destruídos.

A biblioteca foi fundada por Constâncio II, entre os anos 337 e 361 d.C., que estabeleceu um scriptorium, de modo que as obras sobreviventes da literatura grega pudessem ser copiadas e, assim, conservadas. O imperador Valentino, no ano 372 d.C., empregou quatro calígrafos gregos e três latinos. A maioria dos clássicos gregos, hoje, são conhecidos por meio de cópias bizantinas originárias da biblioteca imperial de Constantinopla. Recuando um pouco, acresce dizer que, na Grécia antiga, a palavra escrita e a maior parte da literatura eram transcritas em papiro. Constatando-se que o papiro era um material que rapidamente se deteriorava, surgiu um movimento que preconizava a transferência do material de leitura para um material alternativo e mais perene.

 

 

«Segundo Plínio, o Velho, o rei Ptolemeu do Egipto, desejoso de conservar como segredo nacional o modo de fabrico do papiro, para favorecer a sua Biblioteca de Alexandria, proibiu a sua exportação, forçando, assim, o seu rival Eumenes, soberano de Pérgamo, a descobrir um novo suporte para os livros da sua biblioteca. Se acreditarmos em Plínio, o edito do rei Ptolemeu conduziu à invenção do pergaminho em Pérgamo, no século II a.C., embora os mais antigos cadernos de pergaminho que conhecemos datem de um século antes. Estes materiais não eram utilizados para fazer um único e exclusivo tipo de livro: havia rolos feitos de pergaminho e códices em papiro; mas eram raros e pouco práticos. Entre o século IV e o surgimento do papel em Itália, oito séculos mais tarde, o pergaminho permaneceu o material preferido para o fabrico de livros em toda a Europa.»

 

(Alberto Manguel, pág. 173)

 

 

Deste modo, Constantino o Grande, por volta do século IV, decretou que se iniciasse a transladação dos textos do papiro para o pergaminho, embora o movimento dissesse respeito especificamente à Sagrada Escritura. O herdeiro de Constantino ao trono, Constantino II, prosseguiu esta tendência. Foi o seu trabalho que culminou na primeira biblioteca imperial de Constantinopla. Estima-se que a biblioteca continha mais de cem mil volumes de textos antigos. O movimento foi liderado por Temístio um estadista retórico, filósofo e pagão grego. Tendo ensinado durante toda a sua vida em Constantinopla, foi admitido no senado e foi Perfeito de Constantinopla, além de comandar um grupo de calígrafos e de bibliotecários. Anastácio foi o primeiro bibliotecário em Constantinopla, no ano de 680 d.C. Também foi relator, no sexto Conselho Geral, tendo enviado cópias dos dados redigidos, por ele mesmo, aos cinco patriarcados.

 

«Certas bibliotecas – é impossível averiguar quantas – embarcaram na paciente tarefa de transcrever os seus fundos para o suporte vencedor [pergaminho], voltando a copiá-los à mão, traço a traço, frase por frase, livro por livro. No século IV, o filósofo e alto funcionário Temístio, deixou escrito que na Biblioteca de Constantinopla trabalhavam para o imperador Constâncio II artesãos capazes de “transferirem o pensamento de um embrulho desgastado para outro novo recentemente confecionado”.»

                                                                         (Irene Vallejo, pág. 332)

 



ESPÓLIO E PRESERVAÇÃO

Os que trabalharam na transferência dos antigos textos de papiro para o pergaminho, dedicaram longo tempo e atenção na tarefa de preservar o que devia ser preservado. Obras mais antigas de Homero e da literatura helenística tiveram prioridade sobra as obras latinas. Dizia-se que a Biblioteca de Constantinopla tinha um pergaminho das obras de Homero com 120 pés de comprimento, escrito em tinta dourada. Também foi dada prioridade a obras mais antigas como obras do período ático; por exemplo: obras de Sófocles e de outros autores – que se voltaram para a gramática –, e cujos textos foram escolhidos, em detrimento de obras menos utilizadas ou menos contemporâneas à época. Devido a esta forma de preservação seletiva, muitas outras obras foram, irremediavelmente, perdidas. Alguns fragmentos dessas obras perdidas foram encontrados em escavações arqueológicas em Herculano, uma antiga cidade romana na região italiana da Campânia, província de Nápoles. No que respeita os textos em papiro que não eram traduzíveis na época, optou-se por preservá-los da deterioração envolvendo-os em pergaminho.


 

QUEDA DE CONSTANTINOPLA

Ao longo dos séculos, vários incêndios na Biblioteca de Constantinopla destruíram grande parte da coleção. A biblioteca foi incendiada no ano de 473. Os mais de 100 mil volumes perderam-se; no entanto, as tentativas para os preservar não foram, de todo, infrutíferas, pois algumas obras foram salvas, e copiadas, e circularam através de outros textos. Como consequência, o conhecimento moderno da literatura grega antiga é significativamente maior, caso não se tivessem envidado estes esforços. Após a queda de Constantinopla, a biblioteca terá sido destruída pelos francos e venezianos da quarta cruzada, no ano de 1204, durante o saque da cidade. É provável que muitos manuscritos tenham sido queimados durante os três incêndios que assolaram a cidade durante as investidas. Embora haja relatos de muitos textos que sobreviveram à queda otomana (durante a devastação provocada pelas cruzadas algumas peças importantes foram levadas para Veneza), nenhuma parte significativa da biblioteca foi recuperada.

 

 

EPÍLOGO

Em 1800 foi dado acesso ao reverendo Joseph Dacre Carlyle, um orientalista inglês muito viajado e professor na Universidade de Cambridge, ao suposto repositório de textos sobreviventes do período pós-otomano. Contudo, não foi localizado qualquer texto da biblioteca imperial; uma notável exceção é o palimpsesto de Arquimedes que, tendo aparecido em 1840, foi traduzido em 1915 e, inexplicavelmente, reencontrado numa coleção particular e vendido em 1998.

Se terá existido uma Biblioteca de Constantinopla, com características semelhante às grandiosas bibliotecas clássicas de Roma e de Alexandria, não é possível afirmar categoricamente, porém, certo é que o Império Bizantino era uma sociedade altamente letrada e cultivada, para os padrões medievais, e as bibliotecas que permaneceram conservadas, de coleções privadas, são disso verdadeiro testemunho, demonstrando um padrão muito elevado.

JMG

 


REFERÊNCIAS E SUGESTÕES DE LEITURA:

(BIBLIOGRAFIA, WEBGRAFIA e ILUSTRAÇÕES)

 

BARBIER, Frédéric (2018). De Alexandria às bibliotecas virtuais. São Paulo: EDUSP.

CAMPO, Koldo Gondra del (2017). La biblioteca imperial de Constantinopla. [em linha]. [Consult. 25.05.2025]. Disponível: https://academiaplay.net/la-biblioteca-imperial-de-constantinopla/

MANGUEL, Alberto (2020). Uma história da leitura. Lisboa: Tinta-da-China.

PHILOPONUS, Anastasius (2019). The libraries in the eastern roman (‘Byzantine’) empire (330 – 1453 AD). [em linha]. [Consult. 25.05.2025]. Disponível: https://novoscriptorium.com/2018/12/21/the-libraries-in-the-byzantine-empire-330-1453-the-imperial-library/

SOTO, Berta Erill (2023). De Alejandría a Pérgamo: 10 de las bibliotecas más importantes del mundo antíguo. [em linha]. [Consult. 25.05.2025]. Disponível: https://historia.nationalgeographic.com.es/a/bibliotecas-mundo-antiguo_20373

THOMPSON, James Westfall (1940). Ancient libraries. Berkeley: University of California Press.

VALLEJO, Irene (2020). O infinito num junco. Lisboa: Bertrand Editora.

KONSTANTINOS, Staikos (2007). The history of the library in western civilization: from Constantine the great to cardinal Bessarion. New Castle, Delaware: Oak Knoll Press and HES & DE GRAAF Publishers. 

WIKIPEDIA (2019). Biblioteca Imperial de Constantinopla. [em linha]. [Consult. 22.05.2025]. Disponível: https://pt.wikipedia.org/wiki/Biblioteca_Imperial_de_Constantinopla

WIKIPEDIA (2013). Bibliotecas que mudaram o mundo: Biblioteca Imperial de Constantinopla, Turquia. [em linha]. [Consult. 24.05.2025]. Disponível: https://bibliotecaprt21.wordpress.com/2013/07/07/ibliotecas-que-mudaram-o-mundo-biblioteca-imperial-de-constantinopla-turquia/

WIKIPEDIA (2025). Cerco de Constantinopla (1204). [em linha]. [Consult. 22.05.2025]. Disponível: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cerco_de_Constantinopla_%281204%29 



2025/09/15

Peça do mês de setembro/2025

 




Mapa do Japão


Mapa utilizado como material de apoio às aulas de Geografia. Trata-se do mapa geográfico do Japão onde se apresenta, a cores, os elementos naturais do país, nomeadamente o relevo e hidrografia, bem como as principais vias de comunicação. Pertence à coleção George Philips & Son Ltd.

Está inventariado com o número ME/400270/673 e pertence ao espólio museológico da Escola Secundária Jácome Ratton.

 MJS


2025/09/11

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: Abel Pereira de Andrade (1866 – 1958)

 

 

(Imagem do autor, retirada da internet)

Abel Pereira de Andrade nasceu a 5 de outubro de 1866 em Vila do Conde e fez os seus estudos secundários em Braga. Na Universidade de Coimbra licenciou-se em Teologia em 1891 e em Direito em 1896. Na Faculdade de Direito de Coimbra obteve o grau de doutor em 1898, iniciando a sua carreira como professor.

A par da profissão docente, a vertente política fez parte da sua vida desde 1889, sendo eleito por diversas vezes como deputado do Partido Regenerador. Entre 1902 e 1906 exerceu funções como Diretor-Geral de Instrução Pública.

Durante este período dedicou-se ao planeamento e reforma do sistema educativo, destacando-se as seguintes medidas: organização dos serviços de estatística de escolas primárias e liceus; inventário dos imóveis que se encontravam nas instituições de ensino; lançamento do projeto de construção de escolas primárias por todo o país. A ação de Pereira de Andrade ficou igualmente ligada à contestação dos professores primários no que se refere às condições económicas e sociais. Foi afastado do cargo por João Franco, acusado de abuso de confiança.

Com o regime autoritário instalado a partir de 1926, Pereira de Andrade tornou-se catedrático de Direito Penal na Faculdade de Direito de Lisboa (1927) e posteriormente, Presidente da Federação Nacional das Instituições de Proteção à Infância. Em 1928 foi encarregue de preparar a reforma do ensino secundário liceal.

Destacou-se sobretudo pelas suas ideias de defesa da família e pela regulamentação de acesso das crianças às sessões de cinema. Pereira de Andrade defendeu a tese de que as crianças e adolescentes eram extremamente sugestionáveis, sobretudo através de meios visuais e, como tal, um “mau filme” poderia transmitir valores contrários aos da moral cristã. O Estado deveria, desta forma, proteger os menores dos seus encarregados de educação.

 

Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.


MJS


2025/09/08

Muitos Anos de Escolas – Volume II – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário – Anos 40 – Anos 70 – Capítulo IV – A Necessidade de Novos Edifícios e de uma Nova Rede Escolar (Parte I)


IV – A Necessidade de Novos Edifícios e de uma Nova Rede Escolar

1 - O Plano de Educação Popular

2 - Os Novos Edifícios: Tipo Urbano e Tipo Rural

 

Em 1950 o índice de analfabetismo era muito elevado em Portugal. Para fazer face a esse e outros problemas estruturais que atrasavam o país em relação à Europa e ao mundo foi criado o I Plano de Fomento (1953 – 1958) na tentativa de melhorar a produtividade e o nível de vida, diminuindo o desemprego.

No final de 1952 o governo tinha publicado o Plano de Educação Popular que visava abranger todos os cidadãos no sentido de completar o ensino primário. Todas as crianças eram obrigadas a frequentar a escola primária até à aprovação no exame do ensino elementar e, caso os encarregados de educação não cumprissem este dever, eram aplicadas multas e retirava-se o abono de família.


(Imagens de cartazes da Campanha Nacional de Educação de Adultos)


No que respeitava aos jovens e adultos, o estado providenciou cursos noturnos de preparação para os referidos exames. Foi criada a Campanha Nacional da Educação de Adultos para que as medidas pudessem ser implantadas. Esta frequência obrigatória do ensino evidenciou a insuficiência da rede escolar de 1941 e a necessidade de rever o Plano dos Centenários.

Em janeiro de 1956 foi apresentado o primeiro estudo para os novos edifícios escolares com 1 sala de aula e bastante simplificados pelo Arquiteto Fernando Peres. 


(Imagens desenhadas de escolas do Tipo Urbano - 1 Sala - Solução A)

Nesse estudo foram enumerados os seguintes pontos, a ter em consideração:

- escolas do tipo urbano com 2 soluções (localidades com algum grau de desenvolvimento económico) e do tipo rural com duas soluções (localidades menos desenvolvidas e rurais);

- uniformização das dimensões de salas de aula, vestíbulos, alpendres, vãos e blocos sanitários;

- simplificação das coberturas;

- eliminação de fogões de sala;

- redução das cantarias e da espessura das paredes.

O Tipo Urbano manteve os espaços das escolas do Planos dos Centenários com sala de aula de 8 x 6 m, vestíbulo, recreio coberto, bloco sanitário e uma pequena arrecadação. O Tipo Rural tinha a sala de aula igual ao Tipo Urbano, um anexo com 2 compartimentos sanitários e um pequeno abrigo coberto na zona da entrada.


(Imagens do alçado e planta de escolas Tipo Rural com 2 salas/ 1 sexo/ Solução A e 2 salas/ 2 sexos/ Solução A)


Estes projetos tiveram desde logo uma melhoria substancial: a eletrificação dos edifícios. Quer o Tipo Urbano, quer o Tipo Rural rapidamente sofreram alterações, sendo aumentado o número de salas consoante as necessidades sentidas nas localidades.

 

 

Fonte: BEJA, Filomena, et al. Muitos Anos de Escolas – Volume II – Edifícios para o Ensino Infantil e Primário – Anos 40 – Anos 70. Lisboa, Ministério da Educação – Departamento de Gestão de Recursos Educativos, 1996.


MJS