2025/11/03

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: Sebastião da Gama (1924 – 1952)

 

(Fotografia do autor retirada da internet)

 

Sebastião Artur Cardoso da Gama nasceu em Vila Nogueira de Azeitão a 10 de abril de 1924, filho de Sebastião Leal da Gama e de Ana Cardoso da Gama. Realizou a instrução primária na sua terra natal e em 1934 matriculou-se no Liceu Nacional de Setúbal que frequentou até aos 14 anos, quando foi diagnosticado com tuberculose óssea.

A família mudou-se para o Portinho da Arrábida, por indicação médica e passou a estudar sozinho com o apoio de um explicador. Em 1941 concluiu os exames do 6.º ano e, já em Lisboa, terminou o 7.º ano no Liceu Pedro Nunes.

Em 1942 ingressou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde Cursou Filologia Germânica. Concluiu o curso em 1947 com a tese de licenciatura “A Poesia Social no século XIX”. Neste ano foi diagnosticado com tuberculose renal incurável.

Colaborou com a imprensa periódica da época, nomeadamente o Mundo Literário (1946-1948), a Árvore e a Távola Redonda. Em 1945 publicou Serra-Mãe, em 1946, Loas a Nossa Senhora da Arrábida e em 1947, Cabo da Boa Esperança.

Em 1947/48 iniciou a carreira docente na Escola Industrial e Comercial João Vaz, em Setúbal. Entre 1948 e 1950 estagiou na Escola Industrial e Comercial Veiga Beirão em Lisboa. Durante este período escreveu o Diário, publicado postumamente em 1958.

Entre 1950 e 1952 lecionou Português e Francês na Escola Industrial e Comercial de Estremoz, tendo falecido neste ano com a idade de 27 anos.

A grande obra do autor foi o Diário, que reflete os seus anos como professor estagiário, em que conjugou a sua vertente poética com a vertente pedagógica. Alguns dos aspetos a destacar são o respeito pelos saberes dos alunos, com os quais o professor pode e deve aprender; o respeito pela diferença e a lealdade; a noção que a aula é um espaço de relação e de camaradagem.

A questão da disciplina também foi importante: deve ser aceite e não imposta. Os alunos deveriam ter uma autodisciplina, encarando o professor como um companheiro.

Toda a sua obra ficou intimamente ligada à Serra da Arrábida. Em agosto de 1947 enviou cartas a várias personalidades pedindo uma intervenção na defesa deste espaço. Esta situação culminou na criação da Liga para a Proteção da Natureza em 1948.

 

 

Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.

 

MJS


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