“Lisboa Histórica, Cidade Global”, encontra-se na Lista Indicativa de Portugal a Património Mundial, assente no conceito de Paisagem Urbana Histórica. Nesta categoria incluem-se aspetos como a topografia, a hidrologia, os recursos naturais, o ambiente, as infraestruturas, os espaços abertos, valores sociais, culturais e identidade. A área inclui a Baixa Pombalina, entre o antigo Terreiro do Paço, a colina do Chiado e a área junto ao rio.
Lisboa tem vestígios de
ocupação humana anteriores ao Neolítico. Desde cedo teve contatos com Fenícios,
Gregos e Cartagineses devido às condições naturais da região. Mais tarde,
conquistada pelos Romanos, Lisboa foi incluída na Lusitânia e, posteriormente
com as Invasões Bárbaras, fez parte do Reino Suevo e Visigótico.
Com a conquista muçulmana,
Lisboa tornou-se um importante centro administrativo e comercial. Aqui
convivem, lado a lado, muçulmanos, moçárabes e judeus. Apesar disso, no norte
da Península Ibérica, os reinos cristãos organizam-se e levam a cabo um processo
de reconquista. D. Afonso Henriques, com o auxílio dos cruzados, acaba por
conquistar Lisboa em 1147. Em 1179 é concedido um Foral à cidade numa tentativa
de recuperar as suas importantes ligações comerciais.
Será no século XIV que se farão
importantes alterações na urbanização de Lisboa: a drenagem do Terreiro do
Paço, novas ruas, muralhas e a crescente importância do Rossio como centro da
cidade. Com D. Fernando, na eminência de um conflito militar com Castela, são
construídas as Muralhas Fernandinas. Nesta época, surgem corporações de ofícios
e as ruas tomam o nome das suas profissões: Rua da Prata, Rua do Ouro; Rua dos
Sapateiros, etc. É a burguesia que assume o controle da cidade, favorecendo a
expansão do comércio.
Lisboa continua a ser uma confluência de
diferentes culturas e religiões, com especial destaque para judeus e muçulmanos
que viviam, respetivamente em Judiarias e Mourarias.
A crise de 1383-85 vai marcar um novo
período com a formação de uma nova aristocracia que assente o seu poder no comércio.
São construídos grandes palácios em várias zonas e surgem os primeiros
edifícios de habitação com vários andares. As ruas são estreitas e sinuosas,
mas a cidade continua a crescer.
Com o início da expansão portuguesa e o
desenvolvimento de novas rotas comerciais, Lisboa é o grande mercado europeu
com exclusividade de produtos trazidos de África e do Oriente. No século XVI, a
cidade é a mais rica da Europa e o verdadeiro centro do mundo. São construídos
diversos monumentos emblemáticos como a Torre de Belém, o Mosteiro dos
Jerónimos, o Forte de São Lourenço e diversos palácios. A pavimentação das ruas
torna-se uma prioridade, através da utilização de cubos de calcário e basalto,
formando desenhos – a calçada portuguesa. Desenvolve-se o Bairro Alto e em 1552
é inaugurada a Feira da Ladra.
Com a introdução da Inquisição em
Portugal, a prosperidade de Lisboa começa a decair. A expropriação de terras e
a confiscação de bens destrói uma burguesia que desenvolvia e alimentava a
cidade.
O domínio filipino agrava toda esta
situação: Portugal perde algumas das suas colónias e o comércio vai decair
abruptamente. Durante este período constroem-se fortalezas e edifícios
católicos, como é o caso do Convento de São vicente de Fora ou a Torre do Bugio.
Os problemas financeiros conduzem a população à miséria e ao desemprego com um
aumento substancial da criminalidade.
Restaurada a independência, Lisboa
encontra-se dominada pelas ordens religiosas, com a fundação de mais de 40
conventos. O surgimento do ouro do Brasil vem reativar a prosperidade de
Lisboa: constrói-se o Panteão Nacional e o Aqueduto das Águas Livres, entre
outros. Apesar disso, a maior parte da população vive na miséria e Lisboa é
descrita como uma cidade suja e degradada.
MJS
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