(Vista da cidade de Lisboa, com o Castelo de S. Jorge, o Tejo e a Margem Sul. Retirada da internet)
O
Terramoto de 1755 é um marco na história da cidade e vem alterar toda a
situação pois Lisboa fica em ruínas. O responsável pela reconstrução da cidade
vai ser Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal. As suas
reformas são extremamente abrangentes. A nível social, o poder da Igreja é
substancialmente reduzido e os Jesuítas são expulsos do país; a aristocracia
tradicional é executada e afastada; a Inquisição é extinta e os cristãos-novos
acedem a altos cargos governamentais. Ao nível económico fomenta-se o
desenvolvimento da indústria e terminam os impostos e direitos alfandegários
prejudiciais ao comercio.
Lisboa
é reconstruída de acordo com as novas teorias de organização urbana. O projeto
é financiado, em parte, pelo ouro do Brasil. A capital enche-se de estaleiros
de obras. A nobreza refugia-se nas suas quintas e o Rei instala-se em Belém num
palácio provisório.
O
projeto de reconstrução é da autoria de Eugénio dos Santos e Carlos Mardel,
baseando-se no espírito iluminista e pragmático. As ruas tornam-se largas e
retilíneas com uma disposição ortogonal, com iluminação e arejamento. A
segurança é reforçada com maior patrulhamento e facilidade de acesso. As regras
de construção dos edifícios também são alteradas: existe um esqueleto de
madeira, a gaiola pombalina, que tinha uma malha retangular com travamentos das
diagonais. O objetivo era que a flexibilidade da madeira conseguisse suportar
um terramoto. A madeira assentava num embasamento em alvenaria que daria peso
ao conjunto. O rés do chão da maior parte dos prédios destinava-se ao comércio,
oficinas ou armazéns. Os edifícios assentavam em estacas que eram inseridas no
solo para garantir a solidez da construção. Os prédios teriam paredes
corta-fogos a separá-los.
O
processo foi acelerado devido à opção de estandardização de fachadas, janelas,
portas e azulejos na entrada. O centro da cidade seria a Rua Augusta que ligava
o Rossio aos limites norte e sul. Nesta época constrói-se o arco da Rua Augusta
e o Terreiro do Paço destinava-se a armazéns e casas comerciais, mas acabou por
ser ocupado por ministérios e tribunais. Foi também projetado o espaço da Praça
da Figueira, o novo mercado.
A
reconstrução da cidade só terminou cerca de 1806 devido à falta de capacidade
económica. Há novos bairros na Estela, Rato, Alcântara, Ajuda, Sapadores e
Amoreiras, estimulando a classe média a investir. Surgem igualmente os
primeiros cafés como o Martinho da Arcada e o Nicola.
Com o
reinado de D. Maria I, o Marquês de Pombal é afastado e a nobreza e o clero
retomam as suas posições de destaque. É construída a Basílica da Estrela e o
Teatro de São Carlos.
As
invasões francesas alteram novamente as circunstâncias, sobretudo com a saída
da Família Real para o Brasil. A de tropas inglesas prejudicou grandemente a
burguesia lisboeta. De seguida, os vários anos de lutas liberais enfraqueceram
o país.
No
entanto, é implantado o projeto de iluminação pública de Lisboa, entre 1823 e
1848. São construídas novas redes de estradas, surgem os barcos a vapor e
lança-se o caminho de ferro em 1856. Lisboa é uma cidade pobre e suja, inserida
num país com um enorme atraso económico, educativo e mesmo civilizacional.
Fontes
Pereira de Melo leva a cabo várias reformas: a rede de caminhos de ferro com
ligação entre Lisboa e Porto; novas estações de comboios como a Estação do
Rossio e a Estação de Santa Apolónia; a implementação da luz elétricas em 1878.
Torna-se
premente fazer uma reabilitação urbana. Nesse sentido, apoia-se o uso de
azulejos ou a pintura rosa das fachadas dos prédios. São criados sistemas de
esgotos e de tratamento de água, as ruas tornam a ser calcetadas, surgem os
transportes coletivos, elétricos e elevadores. O Chiado é o centro cultural e
comercial da cidade, com novos cafés, grémios e grandes armazéns da moda.
Em
1886, o Passeio Público é substituído pela Avenida da Liberdade da autoria de
Ressano Garcia. A partir daqui surge um novo eixo urbano apoiado pela Praça do
Marquês e pelas Avenidas Novas. Os edifícios públicos são uma constante, como o
Liceu Camões (1907) ou a Maternidade Alfredo da Costa (1909). Com a construção
da Avenida Fontes Pereira de Melo, este eixo estende-se até à Praça Duque de
Saldanha e à Avenida da República. Em 1892 o Campo Pequeno acolhe a Praça de
Touros.
A
cidade transforma-se com o surgimento de novos bairros: Campo de Ourique,
Estefânia, Avenida Almirante Reis. A Baixa perde a sua importância, embora
funcione como centro comercial. Surgem teatros, jardins (Jardim da Estrela) e
posteriormente, bairros operários. Com o desenvolvimento industrial, os
proletários que trabalham nas fábricas vivem em bairros degradados, espalhados
por várias zonas da cidade.
Em
finais do século XIX, a indústria predominante em Lisboa é a do tabaco, a par
dos têxteis, vidros, conservas e borrachas. As zonas industriais localizam-se
em Alcântara, Bom Sucesso e Santo Amaro. As classes mais pobres vivem em
bairros de lata nos arredores da cidade ou instalam-se em terrenos abandonados
construindo núcleos fechados conhecidos como pátios. Os bairros operários
multiplicam-se.
Com o
fim da monarquia, o período da República é bastante turbulento. Segue-se o
período de ditadura liderado por Salazar. Nesta época Lisboa tem um enorme
crescimento demográfico favorecido pela recuperação económica.
O
êxodo rural atinge níveis elevados, sobretudo nos anos 50 e 60. Os arredores de
Lisboa estão cheios de bairros miseráveis, onde se agrupavam estes camponeses
desenraizados.
Após o
25 de abril de 1974 e com a adesão a União Europeia em 1986, surgem novos
planos urbanísticos de realojamento desta população. A renovação de espaços
como a Mouraria e o impulso dado pela Expo 98 contribuíram decisivamente para
um novo traçado de Lisboa.
MJS
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