O cante alentejano é um estilo
musical típico da zona do Alentejo, em Portugal. Não sendo a única forma de
expressão musical desta área, destacou-se pela sonoridade única, tornando
património cultural imaterial da humanidade em 2014.
Trata-se de um canto coral, executado sem instrumentos musicais, com um repertório que remete para a poesia tradicional, focando temas como a vida rural, o amor, a natureza, a maternidade ou a religião. Os grupos de cante podem ser constituídos até 30 elementos, onde cada grupo desempenha um papel: o “ponto”, que inicia a melodia; o “alto”, que replica esta melodia, mas uma terceira ou décima acima; e por último, todo o grupo coral. Estas características determinam a natureza repetitiva do cante e o seu andamento lento.
Para além
do aspeto musical, o cante tem papel de relevo nas reuniões socias e permite
uma interligação entre gerações, criando um sentimento de identidade, de
pertença e de coesão social.
A sua origem é indeterminada, mas poderá encontrar-se nos cantos gregorianos ou na cultura árabe, existindo igualmente alguns elementos pré-cristãos. Inicialmente, era uma manifestação espontânea, cantada por homens e mulheres, associada ao duro trabalho no campo, marcando o movimento e o ritmo da ceifa ou da apanha da azeitona.
Com a industrialização
agrícola crescente e a alteração dos ritmos de trabalho, o cante alentejano
passou a ser cantado em tabernas, frequentadas maioritariamente por homens.
Pensa-se que, por esta razão, os grupos de cante sejam masculinos.
O primeiro grupo surgiu em
1926, com os trabalhadores das Minas de São Domingos em Serpa. Esta iniciativa
foi seguida por outros grupos que deram continuidade à tradição até aos dias de
hoje.
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