O
Agrupamento de Escolas Nuno Gonçalves, situado na zona centro-oriental e antiga
da cidade de Lisboa, foi constituído por decisão ministerial, e integra alunos
oriundos das freguesias da Penha de França, de Arroios e de São Vicente. O
Agrupamento é formado pelos seguintes estabelecimentos de ensino:
1. Escola Básica de 2,3 de Nuno Gonçalves (escola sede);
2. Jardim de Infância da Pena;
3. Escola Básica Nº 1 de Lisboa;
4. Escola
Básica Sampaio Garrido;
5. Escola Básica Natália Correia;
6. Escola Básica Arquiteto Victor Palla;
7. Escola Secundária Dona Luísa de Gusmão.
Com uma oferta educativa que contempla o pré-escolar, o 1º, 2º e 3º ciclos do ensino básico, o ensino secundário e a educação e formação de adultos. Segundo o Agrupamento de Escolas Nuno Gonçalves (s.d.) a sua intervenção pedagógica tem melhorado a qualidade e a eficácia das aprendizagens dos alunos, promovido a igualdade, o respeito pelo outro e a cidadania ativa, incentivando a criatividade, o espírito empreendedor e a aprendizagem ao longo da vida.
1. Escola Básica de 2,3 de Nuno Gonçalves (escola sede)
A Escola de Nuno Gonçalves começou por ser uma escola técnica elementar prevista para servir a população dos bairros do Alto do Pina, Penha de França e Vale Escuro. O Ministério da Educação denominou esta escola Nuno Gonçalves e pô-la a funcionar para deslocar a população escolar que ocupava as antigas instalações do antigo Liceu Gil Vicente, nos paços de S. Vicente, que se obrigou a restituir ao Patriarcado em 1951.
No seu início, a escola tinha 30 turmas (cerca de 1000 alunos), e destinava-se a frequência masculina. Dotada já de um quadro próprio de pessoal, a Escola Elementar Nuno Gonçalves matricula os seus primeiros alunos no ano letivo de 1952/53.
Com a reforma de Veiga Simão, em 1968, passou a Escola do Ciclo Preparatório, onde eram lecionados o 1º e o 2º ano do ciclo preparatório. No ano letivo de 1990/91, abriu as portas ao 3º ciclo, recebendo algumas turmas do 7º ano. A partir de 1993/94 tornou-se uma Escola Básica do 2º e 3º ciclos, lecionando sempre a partir daí turmas dos dois ciclos. Ao longo destes cinquenta anos, muitos milhares de alunos frequentaram esta escola. No ano letivo 2004/2005 passou a ser a Escola sede do Agrupamento
2. Jardim de Infância da Pena
No
domínio do ensino público, a Junta de Freguesia de Arroios tutela diretamente
dois agrupamentos escolares e uma escola secundária não agrupada, o Agrupamento
de Escolas Nuno Gonçalves, o Agrupamento de Escolas Luís de Camões e a Escola
Secundária de Camões. No jardim de Infância da Pena, pertencente ao Agrupamento de Escolas Nuno
Gonçalves, há crianças de todo o mundo, vindas de quatro continentes:
“Neste ano lectivo, há 85 crianças, com idades entre os quatro e
os seis anos, divididas entre as salas Laranja, Azul, Verde e Vermelha. Cerca
de três quartos têm ascendência portuguesa, enquanto as restantes (várias das quais
já nasceram no país), têm pais vindos de quatro continentes: Bulgária, Bélgica,
Roménia, Espanha, Brasil, Estado Unidos da América, Guiné-Bissau, Senegal,
Angola, São Tomé, Nepal, Índia, Bangladesh, China e Paquistão são alguns dos
seus locais de origem.” (Boaventura, 2014)
3. Escola Básica Nº1 de Lisboa
Tal como o Jardim de Infância da Pena, a Escola Básica Nº 1 de Lisboa, situada no Largo da Escola Municipal, apresenta um público multicultural, proveniente de vários países. A confirmar tal fato, basta recordar que recebeu, na semana de 26 de fevereiro a 2 de março de 2018, vários professores dos países envolvidos no projeto Erasmus+ -Young European- A Conscious and Safe Citizen of the World.
Este é um programa de intercâmbio europeu, no qual os professores conhecem
o trabalho desenvolvido nas diferentes escolas, sobre a temática da segurança e
multiculturalismo.
4. Escola Básica Sampaio Garrido
A Escola Básica Sampaio Garrido[1], situada na Praça Novas Nações, em lisboa, funciona com o 1.º ciclo e, também, com alunos de Jardim de Infância.
As salas, da
referida escola básica, estão distribuídas por dois andares e a escola tem
agora cinco espaços ao ar livre que serão usados como recreio: o recreio do
labirinto, o recreio do brinquedo, o Pátio de Cima, o Campo de Jogos e a Horta.
Existe também uma biblioteca escolar e um refeitório (as refeições são confecionadas
na escola) que fica paredes meias com o ginásio (estas paredes meias são
amovíveis, tornando possível transformar o espaço numa grande sala para
realização de atividades/convívio).
Situada em Lisboa, na Rua dos Sapadores, a Escola Básica Natália Correia[2], sofreu algumas obras de remodelação no em 2007 (CM, 23 de novembro de 2007).
O mural que agora
adorna uma das paredes exteriores da Escola Básica Natália Correia, efetuado ao
abrigo do Orçamento Participativo, foi o projeto que reuniu mais votos
residentes da freguesia. Na fachada reconhecem-se os heróis de algumas
histórias infantis como o Capuchinho
vermelho, Cinderela, Branca de neve,
A bela adormecida, Alice no país das maravilhas, A menina do mar ou O principezinho. Este projeto foi proposto pela referida escola e
executado por Isa Silva.
6. Escola Básica Arquitecto Victor Palla
Por volta de 1950, o Vale Escuro foi urbanizado e foi construída
a nossa escola, com projeto dos arquitetos Bento de Almeida e Victor Palla, de
1954.
Quando foi construída, a escola estava dividida em duas,
(masculino e feminino) com salas de aula, recreios e refeitórios separados.
Tinha 16 salas de aula para 40 alunos cada e um painel decorativo à entrada,
desenhado pelo pintor Júlio Pomar.
7. Escola Secundária Dona Luísa de Gusmão
(Imagem da fachada Escola Secundária Dona Luísa de Gusmão, Lisboa. Retirada da internet)
A Escola Secundária D. Luísa de Gusmão é uma escola pública com ensino secundário e 3.º Ciclo localizada na freguesia da Penha de França, cidade de Lisboa. Foi fundada no tempo do Estado Novo para cobrir a crescente população da zona oriental de Lisboa, mas apenas permitia a frequência de raparigas. Depois do 25 de Abril de 1974, a escola passou a permitir a frequência de ambos os sexos.
“A Escola Secundária D. Luísa de Gusmão, situada em Lisboa (freguesia dos Anjos), foi inaugurada em 1958. Inicialmente funcionou como Escola Industrial Feminina, passou a Escola Industrial/Comercial em 1970 e a Secundária em 1975, em consequência das reformas educativas que tiveram lugar nessas datas.” (Direção de Serviços de Documentação e de Arquivo, 2020:65).
Apesar da cidade de Lisboa e esta zona em particular estarem a perder população, esta escola continua a ser uma das mais importantes e conhecidas da Capital e tem sido local de passagem de centenas de alunos. A percentagem de alunos naturais de outros países é cerca de 24%, com predomínio para os oriundos do Brasil, China e países africanos.
A Escola
Secundária D. Luísa de Gusmão ostenta um conjunto de painéis de Querubim Lapa,[4] realizados
em 2005, de grande beleza e harmonia. A gramática decorativa utilizada,
o cromatismo geométrico, onde predomina o branco, amarelo, azul e o verde. Estes
jogos abstracionistas, de linhas coloridas, sobrepõem-se de modo a eludir
movimentos quadriculares.
P. M.
BIBLIOGRAFIA:
AGRUPAMENTO DE ESCOLAS NUNO GONCALVES
(s.d.). Apresentação do agrupamento [em linha]. Lisboa AENG [Consult. 23 de
outubro de 2020]. Disponível: http://aenunogoncalves.net/
AGRUPAMENTO
DE ESCOLAS NUNO GONCALVES (s.d.a). Relatório de consecução dos objetivos do projeto
educativo de agrupamento [em linha].
Lisboa: AENG [Consult. 27 de outubro de 2020]. Disponível: http://aenunogoncalves.com/upload/Relatorio_autoavaliacao_AENG_13.09.2019.pdf
ASSOCIAÇÃO DE PAIS E ENCARREGADOS DE
EDUCAÇÃO DA EB1 SAMPAIO GARRIDO (s.d.). Escola
e agrupamento [em linha]. Lisboa: APEE Sampaio Garrido [Consult.
27 de outubro de 2020]. Disponível: http://apee.sampaiogarrido.com/category/news-escola/
BOAVENTURA,
Inês (2014). Neste jardim de infância em Lisboa há crianças de
todo o mundo, mas a única cor que as distingue é a da sala em que estudam [em linha]: Público, 19 de outubro de 2014.
[Consult. 26 de outubro de 2020]. Disponível: https://www.publico.pt/2014/10/19/local/noticia/neste-jardim-de-infancia-em-lisboa-ha-criancas-de-todo-o-mundo-mas-a-unica-cor-que-as-distingue-e-a-da-sala-em-que-estudam-1673278
CORREIO DA MANHÃ (23 de novembro de 2007). Escola Natália Correia reabre [em linha]. Lisboa:
CM [Consult. 27 de outubro de 2020]. Disponível: https://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/escola-natalia-correia-reabre
E.B.1 ARQUITECTO VICTOR PALLA (s.d.). Victor Palla 1922-2006 [Mensagem de blog]. Lisboa: EB1 Arquiteto
Victor Palla [Conslt. 27 de outubro de 2020. Disponível: http://ebarquitectovictorpalla.blogspot.com/p/historia.html
DIREÇÃO DE SERVIÇOS DE DOCUMENTAÇÃO E
DE ARQUIVO (2020). História das Escolas inseridas no Projeto
Bibliotecas, Arquivos e Museus da Educação (2008 – 2011) [em linha]. Lisboa: Secretaria-Geral da
Educação e Ciência [Consult. 27 de outubro de 2020]. Disponível: https://www.sec-geral.mec.pt/sites/default/files/00._historia_das_escolas_compacto.pdf
PINCHA, João Pedro (2020). Painel de Querubim Lapa em escola de Lisboa pode ruir “mais dia, menos dia” [em Linha]. Lisboa: Público, 14 de abril de 2020 [Consult. 27 de outubro de 2020]. Disponível: https://www.publico.pt/2020/04/14/local/noticia/painel-querubim-lapa-escola-lisboa-ruir-dia-menos-dia-1912129
[1] Carlos de Almeida Fonseca Sampaio Garrido
(1883-1960) foi embaixador de Portugal em Budapeste em 1944, recebeu, a título
póstumo, a medalha de “Justo entre as Nações” pela sua ação de proteção e
salvamento de judeus húngaros. Licenciado em ciências económicas e financeira
iniciou a sua carreira diplomática com adido de legação, em 24 de dezembro de
1901; em Serviço na Direção Geral dos Negócios Comerciais e Consulares. Em 27
de Julho de 1939 é enviado extraordinário e ministro plenipotenciário em
Budapeste.
[2] Natália
Correia nasceu nos Açores em 1923 e aos 11 anos desloca-se para Lisboa. Foi
jornalista no Rádio Clube Português e colaborou no jornal Sol. Ativista
política: apoiou a candidatura de Humberto Delgado; assumiu publicamente
divergências com o Estado Novo e foi condenada a prisão com pena suspensa em
1966, pela «Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica». Deputada após o
25 de Abril, fez programas de televisão destacando-se o “Mátria” que
apresentava o lado matriarcal da sociedade portuguesa. Fundou o bar “Botequim”, onde
cantou durante muitos anos, transformando-o no ponto de reunião da elite
intelectual e política nas décadas de 1970 e 80. Organizou várias
antologias de poesia portuguesa como “Cantares dos Trovadores
Galego-Portugueses” ou “Antologia da Poesia do Período Barroco”. Natália
Correia foi uma versejadora de êxito, uma mulher carismática com uma vida
social intensa, não fez concessões à mediania e notabilizou-se por uma vasta
obra intelectual.
[3] Victor
Palla, arquiteto e fotógrafo, com obras de
referência em ambas as áreas, foi também pintor, ceramista, designer gráfico,
tradutor, editor, galerista e animador de muitos projetos. Faleceu a 28 de
abril com 84 anos, em Lisboa, onde nascera em 1922. Aqui estudou arquitetura,
antes de se transferir para o Porto, para se licenciar em 1948, sendo diretor
da Galeria Portugália e um dos dinamizadores das Exposições Independentes, ao
lado de Fernando Lanhas. De regresso a Lisboa, participou nas Exposições Gerais
de Artes Plásticas, em diversas disciplinas e em quase todas as edições entre
1947 e 1955. No início da década de 50 foi um dos modernizadores da arquitetura
portuguesa, seguindo os princípios funcionalistas do Estilo Internacional com
particular radicalidade plástica, sob influência brasileira. À intervenção teórica
e de divulgação em revistas (algumas sob a sua direção) juntaram-se obras como
a escola do Vale Escuro, de 1953, projetada com Joaquim Bento de Almeida. Com
atelier conjunto durante 25 anos, a dupla de arquitetos teve ação relevante na
renovação dos espaços comerciais de Lisboa, em paralelo com Keil de Amaral e
Conceição Silva. Em especial, ficaram a dever-se-lhes os novos cafés e
snack-bares Terminus, Tique-Taque, Suprema, o antigo Pique-Nique, no Rossio, e
o Galeto, já em 1966. O seu talento multifacetado manifestou-se no dinamismo
espacial e material dos volumes arquitetónicos, conjugado com o design inovador
do mobiliário e da iluminação, adequados aos novos consumos da «vida moderna».
[4]Querubim Lapa de Almeida
(1925-2016) foi um artista plástico e professor, pintor, desenhador e gravador,
autor de trabalhos de tapeçaria, Querubim Lapa é reconhecido sobretudo como um
dos mais importantes ceramistas portugueses, com soluções plástica e
tecnicamente inovadoras, destacando-se os seus inúmeros painéis para espaços
públicos (assinalem-se, por exemplo, os painéis que criou para a Reitoria da
Universidade de Lisboa, 1961, para a Avenida 24 de Julho, Lisboa, 1994, ou para
a Estação Bela Vista, do Metropolitano de Lisboa, 1998). Da António Arroio, seguiu para a ESBAL para estudar
escultura (concluiria também o curso de Pintura, mas só muito mais tarde, em
1978). Lá deu continuidade à sua formação e ao seu ativismo político. Depois de
uma passagem breve pelas Belas Artes do Porto, mais liberais do que as de
Lisboa, sempre sob intenso escrutínio da polícia do Estado Novo, Querubim Lapa
regressou à capital para aceitar um lugar de professor na “sua” escola. Dirigiu
ateliers de cerâmica na António Arroio durante 45 anos, marcando gerações de
alunos com a sua dedicação e o seu fascínio pela arte e pelos materiais.
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