Eugénio dos Santos (1711-1760)
A
Escola Eugénio dos Santos, edificada no Bairro de Alvalade em Lisboa, começou a
ser construída em 11 de
julho de 1949 e concluída, um ano mais tarde, em 15 de novembro de 1950. Desde
início que esta escola lisboeta adotou Eugénio dos Santos como patrono.
Eugénio dos
Santos nasceu em Aljubarrota, freguesia no concelho de Alcobaça, no mês de
março de 1711. Crescendo no seio de uma família de pedreiros, foi com natural
interesse que acompanhou o trabalho dos seus parentes, e se foi interessando
pelas dinâmicas e utilidades de todos os instrumentos envolvidos.
A sua formação
decorreu na Aula de Fortificação e de
Arquitetura Militar, na agora Academia Militar, em Lisboa e,
com 25 anos, estava já a exercer funções importantes na construção das
fortificações de Estremoz, onde foi o principal responsável pelo
desenvolvimento do Paiol de Santa Bárbara. Aqui, nomeado ajudante do Exército no
Alentejo, trabalhou com o engenheiro António Carlos Andreas.
Eugénio dos Santos foi um dos principais responsáveis no período pós-terramoto de
1755, que abalou e destroçou a capital portuguesa. Arquiteto de formação e de
profissão, deu azo para que os planos do Marquês de Pombal
conhecessem forma e matéria, assistindo-se a uma forçada modernização da
disposição da cidade. Para além dos méritos que granjeou em Lisboa, contemplou
todo o país com uma vasta gama de obras públicas e militares, tornando-se um
dos primeiros e mais importantes arquitetos do século XVIII.
“Eugénio dos Santos
projectou também o ex-libris da cidade de Lisboa, considerado o seu expoente
máximo a nível mundial, a praça do Comércio. Pelos padrões de então uma praça
deveria ser fechada, seguindo os padrões das praças francesas e de La Plaza
Mayor das cidades espanholas. O arquitecto lutou para que a praça fosse aberta
para o rio, o Tejo, por onde saíram as naus que abriram o caminho do mar e
uniriam os povos todos do mundo” (Rosa, 2007).
O seu reconhecimento
profissional aumentou de forma considerável após o terramoto de 1755, ao
tornar-se um dos principais obreiros da reedificação da cidade de Lisboa em
estreita colaboração com o diretor das obras, o engenheiro-Mor Manuel da Maia,
e com o engenheiro húngaro, Carlos Mardel.
Entre muitas outras
obras, Eugénio dos Santos e Carvalho traçou o plano de recuperação da capital,
dirigiu, com Carlos Mardel, as obras do Mosteiro de S. Bento da Saúde (atual
Assembleia da República), riscou os novos planos dos edifícios da Alfândega, do
Arsenal, da Fábrica do Tabaco e da Ribeira das Naus e compôs o anteprojeto da
estátua de D. José I a construir no Terreiro do Paço, em Lisboa. No Porto,
projetou a Cadeia e
Tribunal da Relação, porventura uma das mais singulares
obras do período dos "almadas".
“O arquitecto viria a falecer a 25 de agosto de 1760, aos 49 anos, na
cidade de Lisboa, onde seria homenageado com uma escola homónima em Alvalade. A
sua morte seria um tanto ou quanto abrupta, tendo caído em esquecimento poucos
anos depois, e só recebendo novas honras investigativas e de reconhecimento no
século XX” (Brandão, 2017).
Eugénio dos Santos e
Carvalho casou com D. Francisca Teresa de Jesus da Costa Negreiros em 1747,
descendente de uma influente família de arquitetos da corte. Morreu em Lisboa,
na Rua da Rosa das Partilhas, freguesia das Mercês, a 5 de agosto de 1760. Foi
sepultado na Igreja de S. Francisco.
Esta prática urbanista de grande
rigor compositivo e teórico marca de forma decisiva o perfil urbano da cidade
de Lisboa e do urbanismo português da época, tornando-se um elemento de
referência no Mundo.
“A planta de Eugénio dos Santos é constituída por uma malha assaz
complexa de ruas que garante a dinamização do conjunto. Os dois polos da Baixa,
o Terreiro do Paço e o Rossio, são definidos substantivamente e assumem o seu
papel definitivo, ao ser possível alinharem-se os seus lados poente que em
todos os outros projectos se desencontravam, à maneira antiga” (França, p. 26).
Assistiu ainda à obra do Hospital das
Caldas e foi também arquiteto de vários paços reais. Foi ainda arquiteto e
diretor da Alfândega Interina, do Real Arsenal, da Nova Alfândega, da Fábrica
do Tabaco e da Ribeira dos Paus, tendo elaborado o projeto para o Tribunal e
Cadeia da Relação no Porto em 1750, construídos só depois da sua morte, a 5 de
agosto de 1760. Juntamente com Carlos Mardel, dirigiu as obras de edificação e
decoração do Mosteiro de S. Bento da Saúde, atual Assembleia da República. A
ele se deve a estátua de D. José I no Terreiro do Paço.
Depois de ter realizado inúmeras obras públicas de grande impacto e arrojo estético, a sua figura caiu no esquecimento, sendo recordado apenas com breves referências. Só o século XX voltaria a dar a importância devida a este notável arquiteto português de Setecentos.
BIBLIOGRAFIA:
AGRUPAMENTO DE ESCOLAS RAINHA
DONA LEONOR (2018). Regulamento interno
do Agrupamento 2018/2022 [em linha]. Lisboa: A.E.R.D.L. [Consult. 28 de jul.
de 2020]. Disponível:
BRANDAO, Lucas (2017). Eugénio dos Santos reergueu Lisboa quando a
natureza a traiu [em linha]. Lisboa: Comunidade Cultural e Arte. [Consult. 28
de jul. de 2020]. Disponível https://www.comunidadeculturaearte.com/eugenio-dos-santos-reergueu-lisboa-quando-a-natureza-a-traiu/
CARVALHO,
Rómulo de (1996). História do Ensino em Portugal: desde a Fundação da
Nacionalidade até ao fim do Regime de Salazar-Caetano.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2.ª edição.
FRANÇA, José-Augusto (1989). A reconstrução de Lisboa e a arquitectura
pombalina. Lisboa: Biblioteca Breve.
INFOPÉDIA (2019). Eugénio
dos Santos [em linha]. Porto: Porto
Editora. [Consult. 28 de jul. de 2020]. Disponível https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$eugenio-dos-santos
MARQUES, Inês Maria Andrade (2012). Arte
e habitação em Lisboa 1945-1965: cruzamentos entre desenho urbano, arquitectura
e arte pública [em linha].
Barcelona: Tesis doctoral presentada per a la defensa del
grau de doctor. [Consult. 28 de jul. de 2020]. Disponível: http://hdl.handle.net/10803/145901
ROSA, Luís Manuel da Silva (2007). O arquitecto Eugénio dos Santos
[em linha]. Lisboa: Tinta Fresca: Jornal
de Artes, Cultura & Cidadania, N.º 84, (3 out. 2007). [Consult. 28 de jul.
de 2020]. Disponível: http://www.tintafresca.net/News/newsdetail.aspx?news=56acec09-113f-4e25-97bf-593ced306a13&edition=84
Sem comentários:
Enviar um comentário