2025/04/03

Educadores Portugueses dos séculos XIX e XX: Émile Planchard (1905 – 1990)

 

(Imagem de Émile Planchard retirada da internet)


Émile Joseph Félix Planchard nasceu a 2 de abril de 1905 no sul da Bélgica, oriundo de uma família de pequenos proprietários rurais. Fez a instrução primária em Juseret, a sua terra natal e prosseguiu os estudos secundários em Bastogne e Carlsbourg.

Em 1924 obteve o diploma de professor primário e começou a frequentar Pedagogia na Universidade Católica da Lovaina, onde se licenciou em 1927. No Institut Supérieur de Psychologie et de Pédagogie doutorou-se em Ciências Pedagógicas com a tese Étude expérimentale, critique et comparative des échelles de Binet-Simon et Vermeylen.

Iniciou a docência em 1930 na Escola Normal de Carlsbourg, no Institut des Ingénieurs Techniciens de Pierrard-Virton e na École Normale Féminine de Virton.

Em 1937, a pedido do governo português, Planchard passou a lecionar Psicopedagogia na Universidade de Coimbra. Aqui exerceu a regência de cadeiras de Pedagogia, Didática e Psicologia Escolar, influenciando o pensamento português durante décadas.

Em 1942 publicou A Pedagogia Escolar Contemporânea, que continha as bases do seu pensamento científico, ou seja, a pedagogia, apesar de ter influencias de muitas outras áreas, era uma disciplina autónoma. Para Planchard, a pedagogia tinha diversos níveis (descritivo, especulativo, normativo, prático e técnico) e o seu objeto científico era a educação.

No que respeita ao nível prático, tentou acabar com as rotinas escolares tradicionais e repensou o conceito de aluno, que deveria ser dinâmico: um ser em construção e em crescimento que necessita da adaptação dos contextos educativos. Também os docentes eram fundamentais, apostando na formação com componentes humanas, científicas e pedagógicas. Como tal, a edificação de Institutos Superiores de Ciências da Educação deveria ser uma prioridade do governo.

Em 1952 foi distinguido com o doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Coimbra. Planchard foi igualmente cofundador da Sociedade Internacional de Estudos e Investigações Pedagógicas e da Sociedade de Pedagogia Comparada.

Durante os anos 50, difundiu as mais modernas teorias e temas pedagógicos em Portugal, consolidando as suas teses de pedagogia científica. Em 1956 publicou Études de pédagogie universitaire, uma compilação de textos em que refletiu sobre a necessidade da preparação profissional dos docentes universitários.

Em 1960 fundou a Revista Portuguesa de Pedagogia. Em 1966 publicou o estudo Fondements d’une planification pedagogique au Portugal onde manifestou as suas preocupações com a formação de professores e com a abertura do ensino português às ciências sociais e humanas.

Durante a década de 70 dedicou-se à reflexão sobre o estatuto da pedagogia, distinguindo o educador do pedagogo. Lutou pela abertura de uma Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação.

Em 1974 publicou o artigo Alguns postulados e aspetos da democratização do ensino, em que defendeu a democratização do ensino e a abertura da universidade. Em 1975 jubilou-se, mas continuou a publicar estudos e a exercer as funções de cônsul belga em Coimbra

 

 

Fonte principal: Dicionário de educadores portugueses / dir. António Nóvoa. - Porto : ASA, 2003.


MJS


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